segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A LÓGICA DO NEURÓTICO OBSESSIVO


* Jorge Roberto Fragoso Lins

Segundo a psicanálise, o obsessivo é um indivíduo que foi investido pelo desejo materno como objeto privilegiado de seu investimento fálico, tornando-se um eterno nostálgico do “ser”, ou seja, de ser o falo da mãe, ou melhor, dizendo, de ser o suplente que irá preencher um vazio. Vazio provocado por uma lacuna que existe na relação entre a mãe – mulher e o marido.

A nostalgia do obsessivo está na lembrança de um modo de relação que a mãe manteve com ele, uma relação que o colocou em posição de passividade sexual, e é justamente essa posição que produz o gozo no obsessivo, em outras palavras, a criança é induzida a uma incitação à passividade. A mãe busca um complemento de sua satisfação e chama o filho a suprir a falha que existe em seu gozo materno. Não confundamos tal comportamento como um ato perverso.

Para melhor compreensão vamos estabelecer uma diferença entre à lógica da neurose-obsessiva e à lógica da perversão. No primeiro, trata-se de uma suplência à satisfação do desejo da mãe por considerar que a satisfação que a mãe tem com o pai é insuficiente. Na neurose obsessiva do ponto de visto edipiano existe o reconhecimento do pai e da castração. Já, no segundo, não existe o recalque, portanto não existe o reconhecimento da instância da lei, ou seja, do pai, mas uma renegação (Verleugnung), que corresponde a uma dupla posição a um só tempo. Existe o reconhecimento de que a mãe não tem o falo, mas também a negação desse reconhecimento.

Na representação da criança a mãe tem o falo, mas esse falo é deslocado para um fetiche, e assim renega-se a diferença sexual, ou seja, todas as mulheres têm o falo, a saber, o pênis. No que se refere à relação tripartite, pai, mãe e filho, o primeiro é excluído, ou pela ausência de um amor entre o casal, ou por falta de desejo desse homem por essa mulher ou vice-versa, ou porque o pai é extremamente fraco. Enfim, a relação mãe-filho é uma relação extremamente colada – que fique claro que essa relação colada da qual me refiro não é a simbiótica que favorece as psicoses – e o filho torna-se objeto de desejo da mãe. Tomo um exemplo de um caso que tive conhecimento por uma professora da pós em psicanálise da qual cursei, que uma mãe continuava amamentando um filho que já havia completado quinze anos de idade. Tal ato configura-se em uma relação sexual entre mãe e filho, em um incesto. Portanto, em um ato perverso.

Tecidas as devidas diferenças entre as duas lógicas, retomaremos a lógica obsessiva. A mãe do obsessivo apareça aos olhos do filho como parcialmente insatisfeita, como um vazio a ser preenchido por ele. Nessa relação o filho ocupa uma posição de suplência de um gozo que a mãe não possui na relação com o companheiro. É importante lembrar que ocupar o lugar de objeto de suplência do desejo da mãe é ocupar a suplência da satisfação do desejo materno, por achar que a satisfação que a mãe tem com o pai é insuficiente.  

A mãe que age dessa forma deixa a criança presa a uma condição de suplência, e como tal experiência ocorre prematuramente à criança aferrar-se ao desejo insatisfeito da mãe. Será através de sua identificação fálica, ou seja, de sua  passividade sexual em relação à mãe, que a criança obsessiva passará pela passagem do “ser” ao “ter”. Esta passagem terá um complicador em especial para o obsessivo que não tem para os outros neuróticos. O que deveria ser apenas uma  insatisfação ao transitar do lugar do “ser” para o “ter”, ocorre uma retenção, ou seja, o sujeito fica preso na relação de suplência que mantém com a mãe, isso porque a criança não conseguiu mediatizar seu desejo. O obsessivo não deixará de lembrar a que ponto essa experiência precoce de prazer com a mãe constitui para ele um obstáculo na economia do seu desejo. A criança que é colocada como objeto de suplência é extremamente seduzida pela mãe que a induz a uma incitação sexual e, consequentemente, a um gozo. Este gozo prematuro, extremamente provocante e incestuoso será também o pior dos fantasmas, o pior dos pesadelos para o sujeito.

Todos nós sabemos que o desejo só se constitui quando existe a falta. Será por ser marcado pela falta que o indivíduo se torna um sujeito desejante. No neurótico obsessivo, entretanto, a mãe não concede o tempo da falta sufocando a criança com o seu desejo. Na dinâmica do desejo é importante dizer que ele se separa da necessidade para então formar-se em demanda. No obsessivo, no momento em que o desejo é separado da necessidade, ele é imediatamente tomado pela mãe insatisfeita que encontra aí um objeto de suplência possível.

O caráter do desejo do obsessivo é sempre apressado ou, melhor dizendo, apressa-se em ter a posse do que quer, ou seja, não é para onde e nem tampouco para amanhã, mas para já! Por que o obsessivo se comporta dessa maneira? Porque o seu desejo é carrega para insígnia da mãe, ou seja, está e sempre esteve carrega pelo fazer da mãe que não concedia o tempo necessário reservado para o imperativo e exigência da necessidade produzir uma demanda, uma demanda de amor, que pudesse existir o que é mais precioso na constituição subjetiva do sujeito, a saber, a falta.

O acesso ao universo do desejo e da própria lei – figura de autoridade – para o obsessivo constitui algo problemático já que, tal relação reaviva a imago paterna ou, melhor dizendo, reaviva a relação que mantém com o pai. O obsessivo é extremamente vulnerável a perda, a perda de algum objeto lhe reporta à castração e, portanto, a uma falha em sua imagem narcísica.

Os obsessivos como tem dificuldades em formular uma demanda se sentem obrigados a assumir o lugar de objeto do gozo do outro, repetindo assim, o papel que sempre tiveram. Coloca-se numa condição favorável de tudo para o outro, e como já mencionamos, não suporta perder tal posição e busca de toda forma controlar e dominar para que o outro não lhe escape isso porque a perda de alguma coisa lhe reporta à castração e a uma falha em sua imagem narcísica.

Não é que não exista desejo no neurótico obsessivo, mas a forma de como ele vai lidar com o seu desejo é que será problemático já que, tal condição de demandar partia da mãe. No entanto, quando o mesmo acontecer terá sempre o selo do imediatismo. O desejo do obsessivo comporta sempre a marca cruel da necessidade. Necessidade de quê? De permanecer na eterna suplência de favorecer o desejo e o gozo da mãe.  Os obsessivos são os nostálgicos do “ser” que lembram sempre a relação que tiveram com a mãe, estando eles presos a esta relação.

O obsessivo tem uma relação de rivalidade com o pai e ao mesmo tempo de culpa, pois ele busca substituir o pai junto à mãe. Essa relação transpassa para o comportamento desse sujeito na vida social. A preocupação em ter o lugar do pai leva o obsessivo a todas as lutas para obter prestígio, a combates grandiosos e dolorosos e é detentor de grande perseverança. Acrescenta-se a destruição do complexo de Édipo a degradação regressiva da libido; o Supereu torna-se especialmente severo e duro; já o Eu, por ordem do Supereu, desenvolve importantes formações reacionais que tomam a forma de escrúpulo, da piedade, da limpeza.   

O que se observa é que o obsessivo trava um forte conflito com tudo que se refere à transgressão. O sujeito aparenta ser extremamente honesto, possui um grande rigor moral, respeitador das regras e das leis, enfim, um indivíduo que apresenta um escrúpulo intocável. No entanto, toda essa legalidade revela o desejo inconsciente de transgredi-la. O obsessivo diante de seu objeto de amor tende a repetir o mesmo que sua mãe fez com ele, ou seja, vai se empenhar para que nada falte ao outro e não seja, portanto, levado a sair do seu lugar. O universo do outro deverá ser ordenado e será através dessa ordenação que nada tem de democrática, mas extremamente totalitária, que o obsessivo controla e domina a morte desejante do parceiro. Um exemplo clássico é o discurso de alguns homens que dizem: “não lhe falta nada, ela tem tudo em casa, ela não precisa trabalhar, e assim por diante. Outro aspecto da economia do desejo está no caráter da necessidade do dever que margeia a organização obsessiva do prazer.  

Formulando uma etiológica sobre a neurose obsessiva, Freud (1894 a 1905), estipula dois tempos de ordem. No primeiro tempo ele diz: houve na infância uma excitação sexual precoce (de início supostamente provocada pelo adulto, após 1897, supostamente espontânea). Se esse trauma é sofrido passivamente na histeria, por outro lado houve atividade com prazer na neurose obsessiva. No segundo, ele menciona que os afetos que dele decorrem são inconciliáveis com o Eu (Moí). Esses afetos se desprendem de suas primeiras representações para operar uma “falsa ligação” com novas representações por deslocamento.

Essa substituição representa uma defesa do Eu. Não existe recalque sem a volta do recalcado. Ao contrário da histeria que o recalcado vem através da conversão somática, na neurose obsessiva, vem por transposição para outras representações que sejam mais conciliáveis com o Eu. São estas as obsessões propriamente ditas como formações de compromisso, como auto-reprovações, inibições em agir, isolamento de uma representação, anulação de acontecimentos passados, rituais privados. As defesas do Eu se incumbem de realizar uma regressão ao estágio anal. Em seu artigo datado de 1908, “Caráter e erotismo anal”, Freud estabelece o vínculo entre o objeto anal e a neurose obsessiva com sintomas de preocupação de ordem ou de limpeza e com os de teimosia.

* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia. 



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O COMPLEXO DE CASTRAÇÃO E A LÓGICA HISTÉRICA


* Por Jorge Roberto Fragoso Lins

Na psicanálise, o principal critério de observação para se considerar  uma estrutura clínica é mediante ao mecanismo de defesa do indivíduo frente à castração, ou seja, a forma como o sujeito reage ao defrontar-se com a falta, com a ausência do pênis no corpo da mãe e, consequentemente, como  foi realizada a operação subjetiva diante dessa descoberta. Tratando-se do neurótico o mecanismo chave é o recalcamento. O sujeito que se enquadra na estrutura neurótica ao se defrontar com a falta do pênis no corpo da mãe  efetua uma operação substitutiva que terá a seguinte passagem: de um “não-tem” por um “não-sei”. Esta operação que tem como finalidade um “não-querer-saber-nada” a respeito do horror da castração, ou seja, de ver que sua mãe foi castrada pelo pai e se ele persistir em querer ser o centro das atenções e do amor da mãe também poderá vir a ser castrado, ao alcançar a condição do “não-sei”, pode-se dizer que a operação do recalque secundário foi efetuada com êxito. Em outras palavras, a operação que o neurótico realizada é a de negar a representação criada, conservando, no entanto, aquilo que é negado no inconsciente.

Este recalque só é possível graças ao efeito do recalque originário. Segundo Freud, este é o primeiro núcleo do recalque que tem como efeito a formação de algumas representações inconscientes. O que ocorreria entre o dois recalque é explicado através de um efeito de atração, onde os conteúdos do segundo recalque seriam atraídos para o núcleo que se formou com o primeiro recalque, o originário.

No recalque secundário existe uma dinâmica semelhante à de uma quebra-de-braço, ou seja, ocorrendo um investimento do inconsciente em direção a consciência e, em contrapartida, um contrainvestimento por parte dos sistemas pré-consciente e consciente para manter a representação intolerável fora da consciência, existindo um conteúdo inconsciente que exerceria atração sobre a representação indesejável.

Para que possa existir a castração é necessário que a mãe institua o pai em seu devido lugar, a saber, de ter o falo, de ser a razão de seu desejo. Nessa dinâmica, o pai ocupará um lugar privilegiado, o de ser o ao-menos-um que fugiu a castração. Ocupando esse lugar o pai lançará sua metáfora, a saber, a Metáfora Paterna, produzindo uma operação que decidirá a vida futura desse indivíduo. Estão envolvidos nessa relação edipiana os seguintes atores: a mãe, o pai, o filho e o falo. O pai não necessariamente significará um nome. Conforme afirma Jullien, esta metáfora é uma ordem simbólica a quem se chama de pai. Será pela existência desse nome que se funda na humanidade a ordem das gerações e instaura a lei,  fazendo por onde a sociedade humana seja completamente diferente de todo arranjo natural. O nome se encontra na origem do sistema simbólico pelo qual se desenvolve toda a vida humana, a partir de um sistema independente e singular de cada sujeito. O acesso a esse nome somente acontece na via aberta pela mãe em função da castração.

O pai ao ocupar o lugar do “ao-menos-um” que fugiu a castração frente à representação do filho, já que o pai tem o que a mãe deseja, ou seja, só ele tem o falo, por si só isso já seria um grande efeito na subjetividade da criança, pois inscreveria a falta no filho por ele saber que não é o centro de todas as atenções da mãe, ou seja, existe um Outro, um rival que a mãe deseja muito. Mas para que isso aconteça de fato à mulher deve desejar esse homem e ele deve desejar essa mulher. Caso contrário, se esse homem não ocupa o lugar de desejo para ela, corre-se o risco da mulher querer ocupar o vazio que provoca essa ausência investindo o filho como objeto privilegiado do seu desejo, privilegiado em seu investimento fálico, ou seja, o filho preferido da mamãe. Quase sempre na história dos obsessivos escutam-se relatos que teriam sido os preferidinhos da mamãe.

Na medida em que a criança descobre não “ser” e nem tampouco não “ter” o falo, incia-se o declínio do Complexo de Édipo, ou seja, já estamos falando do terceiro tempo do complexo que corresponde à dialética do ter. Acaba a rivalidade fálica com o pai que agora passa a ser buscado como aquele que “tem o falo”, começando, assim, a fase da identificação simbólica, também conhecida como identificação com a insígnia paterna, que corresponde com a aquisição do Ideal do Eu. O que isso significa? Que o significante paterno foi internalizado pela criança como Ideal do Eu. Com isso, abrem-se as possibilidades para as identificações que não a do falo. O menino renuncia a “ser o falo” da mãe e, mediante a dialética do “ter o falo”, poderá se identificar com aquele que tem o falo, ou seja, o pai ou quem ocupe a função paterna. A menina também renuncia em “ser o falo da mãe” e dentro da mesma dialética do “ter”, identifica-se com a mãe sob a condição do “não ter”, fomentando o desejo de ir em busca daquele que o tem, a saber, o substituto paterno. Em ambos os casos o operador das identificações é o falo, que corresponde a uma lógica fálica, a lógica do significante que funda a castração.

A castração possui uma dialética que não se limita apenas a criança, mas também a mãe. Já mencionamos anteriormente a questão da mãe que investe o filho como objeto privilegiado do seu desejo, privilegiado em seu investimento fálico. Isso ocorre devido a uma falta que essa mãe sente e busca preencher com seu filho, ou seja, é a mesma coisa de dizer para a criança que ela é o falo da mãe, que ela é o que falta para a mãe ser feliz, que ela é o único objeto de desejo da mãe, o objeto que complementa, e assim por diante. Tal comportamento será extremamente prejudicial para a subjetividade da criança, podendo gerar inúmeros conflitos e transtornos de personalidade. Como já dissemos anteriormente, os obsessivos-compulsivos são vítimas dessas mães.

Indo mais à frente nesta questão, a mãe que investe o filho como seu objeto privilegiado, o objeto de seu desejo e, por outro lado, não confere ao marido (pai) seu lugar de direito, a saber, o objeto de seu desejo, passando por cima de sua lei, elegendo, por exemplo, o significante para o filho de “meu homenzinho”, deixando o filho dormir entre o casal já estando ele mais velho ou, mesmo, o filho dormindo na mesma cama com ela e o marido em outra ou em outro quarto, dando de mamar ao filho até uma idade que já passou e muito do período de amamentação, como por exemplo, mães que dão de mamar a filhos que já atingiram a idade de cinco, sete e até dez anos. Tive conhecimento por uma professora da pós em psicanálise da qual cursei que uma mãe amamentava um filho que tinha quinze anos de idade. Todas essas práticas mencionadas são práticas perversivas que poderão estruturar a criança numa estrutura perversa. A castração materna não acontece da mesma forma como ocorre com a criança, mas se trata de uma forma de privar o gozo da mãe em relação ao filho, evitando que a mulher mesmo que seja inconscientemente, coloque o filho para preencher a ausência do marido.

Independente que existam ou não tais fatores, a castração só de fato se efetuará quando a instância paterna produzir a ruptura da relação especial dual entre a mãe e a criança, a saber, quando a mãe permitir a entrada do pai nessa relação. Com o livre acesso do pai, o mesmo terá que executar seu papel, a saber, o do significante binário. O significante binário ou S² é o que incide o recalcamento, em outras palavras, podemos dizer que o pai se compromete em fazer uma cisão cirúrgica de separar o filho que está completamente alienado ao desejo da mãe, ou seja, ao desejo do Outro Primordial, primeira significação da qual o sujeito será efeito, instituindo, assim, a falta. Essa operação deixará um resíduo, um resto, um produto com o qual o indivíduo identificará sua “falta-a-ser”. A perda implicada nessa passagem irá determinar uma busca incessante por algo a ser recuperado, melhor dizendo, esse é o desejo inconsciente, uma busca incessante e vista por algo que falta, algo que não existe. É uma perda simbólica. Estamos, portanto, diante da segunda operação da lógica do significante. A primeira se constitui da alienação da criança à sua mãe, e a segunda, o descolamento da criança de sua mãe, ou seja, inscrever a falta na criança para que ela possa se constituir como sujeito desejante.

No campo do desejo e, consequentemente, do simbólico, a criança teve muitos ganhos, como por exemplo, o desejo de um parceiro sexual.  O processo de castração do neurótico está ligado à negação que o sujeito faz da falta, da castração, ou seja, corresponde a um processo pelo qual acontece o deslocamento do sujeito – criança – da posição de saber absoluto para se submeter a algo que lhe antecede: o saber do pai sobre o gozo materno. Como já mencionamos anteriormente, o neurótico ao se defrontar com a falta de pênis da mãe, efetua a substituição do “não-tem” por um “não-sei”. O “não-sei” é o efeito imediato do recalque. O “não-tem” que corresponde à falta de pênis na mãe se inscreve no inconsciente como um “não-sei”.  O “não-querer-saber-nada” a respeito é o motivo pelo qual, como “saber-não” sabido, esse saber surgirá no discurso. O recalque irá sinalizar para o surgimento desse não saber que virá no inconsciente como linguagem própria, pelo fato de haver um universo simbólico que nos informa ser esse sujeito sabedor de que algo se encontra recalcado.  

Na cultura, o indivíduo recorrerá a objetos que possibilitem solucionar esse “não-sei”, através do discurso intelectual, da criação, da sublimação e outros. A busca de saber mostra exatamente que o neurótico tem um saber parcial das coisas visto que, quem de fato tem o pleno saber, sendo este o saber sexual, é o pai que já tinha pleno conhecimento do enigma, o enigma de sua mãe não ter o pênis. Esse saber fica recalcado, ou, melhor dizendo, fica inconsciente, indisponível para o consciente. No entanto não desapareceu, estará sempre lá. É por isso que o indivíduo precisará encontrar soluções de compromisso para sustentar seu desejo, impossível de ser satisfeito, a saber, o desejo do incesto, segundo Freud. Em outras palavras, de ser o falo, de fazer Um com a mãe, de preencher a falta da mãe. Freud ao nomear a expressão “solução de compromisso” quis mencionar o sintoma, melhor dizendo, o fazer sintomas. Diante da estrutura neurótica encontramos três possíveis maneiras de solucionar a falta ou fazer sintoma, a saber, a histérica, a obsessiva e a fóbica.

Na histeria, o sujeito sabe sobre a existência da castração que é sempre do Outro. Idealiza o Outro como sendo um grande mestre ou um grande homem, fazendo-o potente, fazendo de conta que ele tem o falo para então se fazer amar por ele. Fazer-se amar por esse Outro pela via do amor ou da paixão, representa para o sujeito histérico provocar o desejo do Outro. A operação realizada pelo histérico de sentir-se desejado e, com isso, alimentar a ilusão de que o Outro pode lhe oferecer as insígnias fálicas com as quais possa se identificar, já que ao se identificar com a mãe – a mãe que não tem o falo –  fez com que ele também não o tivesse e como não existe um significante para o “não ter o falo” – significante da mulher –, existirá, então, a exaltação daquele que tem e pode lhe dar o que tanto ele almeja, ou seja, o falo. O que o sujeito histérico quer é apropriar-se do atributo fálico de que estima injustamente desprovido. A passionalidade da paixão do sujeito é um mecanismo característico da própria histeria para denegar a castração.

A histeria é uma forma de vivência do desejo como desejo do Outro. O sujeito só consegue desejar e se identificar única e exclusivamente pela via do amor ao Outro, a saber, do desejo do Outro. Esta é a única forma que o sujeito encontrou para driblar sua angústia de castração, sustentando seu desejo como um desejo eternamente insatisfeito. O arranjo fantasmático de uma histérica será sempre uma cena de amor ou de sedução, fazendo nascer no corpo do outro uma fornalha ardente de libido, ou seja, o “Eu Histericizante” da histérica está em pleno funcionamento. A histérica a princípio demonstra um forte erotismo genital, uma exacerbação de sua sexualidade genital, sua fala é carregada de sensualidade que provoca no outro uma imaginação com forte conteúdo erótico e, consequentemente, efeitos erógenos no corpo que faz com que o outro creia que existe de fato o desejo e a intensão de uma relação sexual, mas tudo não passa de um engodo, uma astúcia sedutora e enganosa, uma aparência, um simulacro de sexualidade que está mais próximo da masturbação e das brincadeiras sexuais infantis do que do ato sexual. O que inconscientemente a histérica (o) quer é que o ato sexual fracasse, deixando sempre seu desejo insatisfeito.

Quando nos reportamos à histeria masculina que em termos de índice é menor do que a feminina, sobressaindo esta última em relação à primeira, uma  característica que se repete é a sedução, ou seja, a sedução faz parte tanto da histeria feminina como da masculina. O histérico oferece seu amor sem se poupar, porém fiquemos cientes de que é um amor de faixada, já que o histérico é incapaz de se engajar, realmente, com a sedução. Um traço característico da histeria e de sua insatisfação é o de desejar ser amado por todos, sem perder nenhum objeto de amor, mas sem se fixar, o que irá denotar o traço de insatisfação pertinente a sua estrutura. O histérico tem uma incapacidade de gozar em uma relação sexual, pois tem a parte genital surpreendentemente anestesiada, atingida por fortes inibições sexuais, podendo existir frigidez, impotência, aversão sexual, etc.  

Outro traço da histérica está em seu sacrifício em tentar preencher o que imagina ser o prazer do outro, colocando-se sempre a serviço do outro. No entanto, existe uma intencionalidade nesse sacrifício, o de ser vista por esse outro. Esse caráter sacrificial representa a permanência da identificação com o falo do outro.  

Outros aspectos peculiares da histeria são a dramatização, a sugestionabilidade e a reação emocional inadequada. O histérico dramatiza o tempo todo e essa dramatização fica ainda maior em situações com maior apelo emocional. Quando estão doentes alardeiam de forma teatral seu sofrimento não só pela fala, mas em gestos e no próprio andar; se estão tristes, irrompem em choros convulsivos; já alegres, dão estrondosas gargalhadas.  Nas mulheres existe um acentuado exagero caricatural da feminilidade, roupas exageradas, brincos e colares que chamam atenção pela extravagância ou  tamanho; já nos homens, existe uma certa afetação. Como são extremamente teatrais são poucos fieis à verdade, existindo sempre certo adorno, verniz que falseia seu discurso. As pessoas que se utilizem das mesmas táticas de sedução e galanteios das histéricas serão vistas por elas como rivais.

As histéricas podem se tornar sexualmente promíscuas já que, como mencionamos anteriormente, elas desejam ser amadas por todos, sem perder nenhum objeto de amor, sem se fixar, o que denota o traço de insatisfação peculiar a sua estrutura.

Os histéricos são extremamente sugestionáveis e podem ser influenciados tanto por pessoas quanto por situações. Um exemplo explicativo é o de compartilhar a companhia de um doente e horas depois vir se queixar dos mesmos sintomas só por causa da convivência com a pessoa que de fato estava doente.

O corpo da histérica é marcado pelo significante que através do sintoma de conversão servirá de suporte ao sintoma que é constituído pelo campo do significante do outro. Conforme Freud, a conversão é uma manifestação somática idêntica ao desejo, onde solidariamente participam o psíquico e o somático, reportando-se a outra cena em que está em jogo uma satisfação substitutiva de uma fantasia de conteúdo sexual. Para Lacan, a histeria seria uma tentativa de identificação com um sujeito desejante cujo objeto está em posição terceira, e essa identificação só será possível pela via do sintoma que lhe serve de marca, uma espécie de registro, de inscrição dessa estrutura. Em resumo, a grande questão que ocupa a vida psíquica da histérica é sua recusa ao gozo, o seu medo de gozar, e para afastar essa ameaça de um gozo maldito e temido, a histérica inventa inconscientemente um cenário fantasístico, onde busca provar a si mesma e ao mundo que só existe o gozo insatisfeito, e para manter seu descontentamento, ou seja, a sua insatisfação, ela sempre considera o outro como decepcionante, sempre será o sujeito de sua insatisfação.


* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia. 


sexta-feira, 26 de julho de 2013

COMO A SOCIEDADE VEM REAGINDO AO SEU MAL-ESTAR?


* Por Jorge Roberto Fragoso Lins

Vive-se em um mundo que não se admite a menor angústia, o menor sofrimento, a menor tristeza que logo se busca o fim do mal-estar através da química. A cultura atual dentre outras coisas posiciona-se contra qualquer tipo de mal-estar, o que nos deixa intrigado se isso de fato é possível e nos reporta a dois questionamentos: que tipo de estrutura psíquica é essa que não suporta a mínima angústia, a mínima tristeza, o mínimo mal-estar que logo parte para a medicalização? Que sujeito é esse que não suporta sofrer? Que indivíduo é esse que para se livrar de algum mal-estar recorre as mais variadas dependências que, pelas repetições, tornam-se compulsivas? Afinal de contas, o mal-estar representa fator constitutivo do sujeito, pois significa algo de sua realidade e pelo que se parece, deseja-se a todo custo fugir de qualquer realidade que traga infortúnios.

Segundo Melman (1992), “as coisas começam a ir mal quando há um movimento de idéias, de modificações éticas que começam a dizer que o mal-estar não é um bem”. A isso, leva-nos depreender que o sujeito contemporâneo não busca se conhecer em sua integralidade corpo e mente. Isto, porque é preferível a fuga ao doloroso embate de se reconhecer no sujeito do inconsciente, onde serão reveladas suas verdades, retendo-se, assim, apenas a subserviência de seu discurso consciente que é muito mais prazeroso.

O consumo apresenta-se como um dos grandes imperativos desse novo tempo, ou seja, como um fenômeno que representa a lógica do moderno hedonismo, a saber, a busca incessante do prazer. Debord (2006) faz um neologismo interessante entre o consumo e a dita por ele “sociedade do espetáculo”. O autor menciona um mundo regido pela economia do consumo, tendo a mercadoria como centro absoluto da vida social, gerando a passagem do ser para o ter. Os objetos substituiriam os valores éticos, onde ocorre uma ininterrupta fabricação de “pseudo-necessidades”.

Debord demarca a contemporaneidade centrando o triunfo do individualismo em associação ao consumo e como demanda incessante de prazer, criando modelos de subjetivação que acentuam a “exterioridade” e “autocentramento”. Freud (1856-1939) dizia que, “o que chamamos de felicidade no sentido mais restrito provém da satisfação (de preferência, repentina) de necessidades representadas em alto grau, sendo, por sua natureza, possível apenas com uma manifestação episódica. Quando qual que situação desejada pelo princípio do prazer se prolonga, ela produz tão-somente um sentimento de contentamento muito tênue.”

Quanto mais nos desviarmos do núcleo íntimo de nossos problemas, de nossas ansiedades e angústias que já se tornam insistentemente presentes em nosso psicológico, em nosso dia-a-dia, fugindo de nós mesmos e alienandos-nos em prazeres paliativos,  prolongaremos ainda mais o nosso sofrimento.     
                                                                                                            
* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.




terça-feira, 23 de julho de 2013

O SOFRIMENTO PSÍQUICO PÓS-DESASTRES NATURAIS: UMA LEITURA DAS CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS

Foto/ fonte: http://www.teleios.com.br/tag/desastres-naturais/

* Por Jorge Roberto Fragoso Lins

Desastres ou catástrofes naturais existem no mundo muito antes de o Homem habitar a Terra. Teoria como a da “Deriva Continental” prega a ideia de que os continentes no passado estiveram unidos em um único bloco, e devido à movimentação das placas tectônicas, todo esse grande eixo foi separado, mostrando que as estruturas da Terra não são fixas e é justamente por essa acomodação das placas tanto nas regiões oceânicas, como nos continentes, que se produzem os mais devastadores desastres naturais como tsunamis e terremotos, onde milhares de pessoas perdem suas vidas e cidades inteiras são destruídas.

A destruição de casas e as vidas que sucumbem com morte são leituras visuais e observáveis por todos que tomam conhecimento das catástrofes, mas o que não é identificado pelos olhos da maioria é o que constitui a outra ponta do iceberg, ou seja, as sequelas psicológicas que dentre elas está o sentimento de luto.

O luto nessas ocasiões toma enormes proporções e não apenas no sentido mais usual da palavra, exprimindo o sentimento de perda e de tristeza pela morte de um ente querido ou amigo, mas o estado de luto que poderá ser produzido por uma gama de objetos perdidos e quiçá nunca mais recuperados.

A arranhadura psíquica sofrida por esse povo ou por esses sujeitos possui tamanha profundidade que nem todos conseguirão estancar o sangue de seus sofrimentos e cicatrizar o corte deixado em suas almas, mas diante desse grande desafio a construção de trabalhos que venham acolher da melhor forma esse sujeito só vêm a somar ao tratamento do mesmo que, de antemão, todas as forças convergem para que esse sujeito também sucumba depois do desastre.

Os desastres naturais vêm sendo amplamente estudados pelas subáreas da psicologia ambiental e da psicologia das emergências e desastres. A primeira,  busca enfatizar teoricamente a influência do ambiente nas pessoas, como também a influência das pessoas no ambiente. O estudo se basea na relação homem x ambiente e na sua reciprocidade; já a psicologia das emergências e desastres tem uma esfera maior em sua atuação, estudando os impactos psicológicos nos indivíduos e grupos, como também no trabalho de prevenção e no auxilio às vítimas diretas e indiretas, de modo a refazer suas vidas no pós-desastre.  

Os inesperados e avassaladores fenômenos naturais podem romper abruptamente laços afetivos que demandaram anos de investimento, destruindo sonhos e provocando traumas que poderão perdurar para o resto da vida. O choque vivido por essas pessoas as deixa em um estado de desorientação somado a um vazio existencial em decorrência da perda do objeto amado que, dependendo da estrutura da personalidade desse sujeito poderá desencadear até mesmo em uma psicose, isto porque o intenso grau de tensão psíquica decorrente do evento que provocou o choque fez com que o psiquismo acionasse suas defesas diante do forte sofrimento vivido. Nesses casos poderão ocorrer quadros de dissociação da consciência como também de negação. Poderão ainda advir os transtorno de estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade, transtornos depressivos, transtornos comportamentais e outros.

A perda desses objetos repletos de representações – significantes – afetivas também implica na perda do referencial do outro que sobreviveu ao desastre e com isso, poderá ocorrer o empobrecimento do investimento do Ego em relação à própria vida. É importante lembrar que construímos o mundo ao nosso redor pela via dos investimentos que fazemos em relação ao meio que vivemos. O empobrecimento ou mesmo a perda de vontade de reinvestir em seu meio social poderá acarretar na perda do referencial que se tinha como sujeito coletivo, ou seja, social. Isso significa que o sentimento de apego que dá sentido a vida através dos laços sociais está extremamente comprometido. É de sobremaneira importante a operacionalidade do apego internalizado nesse momento, pois ajuda o sujeito a manter uma visão consistente de si mesmo e dos outros, portanto, da vida. Defusing e Debriefing são métodos de intervenção psicológico e psiquiátrico que poderão ser acionados logo após a um evento traumático, tendo como finalidade proteger, apoiar e minimizar o desenvolvimento de síndromes anormais de resposta ao estresse.

Diante de todo o quadro apresentado e da difícil e sofrível reconstrução desses sujeitos, denota claramente que o evento destruidor não acaba ao cessar do fenômeno, mas persiste no coletivo daquele povo e, sobretudo, nas pessoas que vivenciaram de perto toda a tragédia.  

* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.




domingo, 21 de julho de 2013

DEPRESSÃO, UMA DOENÇA DO HUMOR



Foto/fonte: http://noticias.r7.com/saude/noticias/ate-2020-a-depressao-sera-a-doenca-mais-incapacitante-do-mundo-diz-oms-20100130.html

* Por Jorge Roberto Fragoso Lins

A depressão não é uma doença dos dias de hoje, documentos antigos registram casos de distúrbios do humor desde a antiguidade. No Antigo Testamento, encontramos a história da síndrome depressiva do Rei Saul, a história do suicídio de Ajax, na Ilíada de Homero. Ao redor do ano 30, Aulus Cornelius Celsus descreveu a melancolia em seu trabalho “De re medicina” como uma depressão causada pela bílis negra. Já na idade média, a Medicina permaneceu ativa nos países islâmicos e em "Rhazes", Avicena, o médico judeu Maimonides considerava a melancolia como uma entidade patológica discreta. Grandes artistas do passado também quiseram esboçar o que achavam da melancolia. Em 1686, Bonet descreveu uma doença mental que chamou de "maníaco-melancholicus". Jules Falret, em 1854, descreveu uma condição chamada "folie circulaire", na qual o indivíduo experimentava humores alternados de mania e depressão. Jules Baillarger (psiquiatra) descreveu a condição "folie à double forme", na qual o indivíduo tornava-se deprimido e ficava num estado de estupor do qual eventualmente se recuperava. Em 1882, Karl Kahlbaum (psiquiatra) usou o termo ciclotimia, descreveu a mania e depressão como estágios da mesma doença. Em 1896, Emil Kraepelin, descreveu o conceito de psicose maníaco-depressiva.

Como acabamos de ver, em uma breve retrospectiva, não é de hoje que a depressão se faz presente entre os Homens. Não é raro ouvirmos relatos de parentes, pessoas amigas ou, mais próximas, dizerem que se encontram depressivos e sem motivação para a vida. A depressão, já há algum tempo, inspira preocupação por parte da saúde pública mundial, devido ao grande aumento dos casos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmam que a depressão está entre as principais causas que contribuem para a incapacitação de uma pessoa e que, já atinge um alarmante quadro de 121 milhões de pessoas ao redor do mundo. Infelizmente, pelo que prevê a OMS, as projeções não são nada animadoras, e daqui para o ano de 2020, a depressão será a segunda maior causa de incapacitação e perda da qualidade de vida de um indivíduo, estando abaixo, apenas, das doenças cardiovasculares. Atualmente, ela ocupa a quarta posição.

No Brasil, estima-se que cerca de 17 milhões de pessoas tenham depressão, levantamento feito pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). No ano de 2008, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social, 91.551 trabalhadores foram afastados de suas atividades profissionais por causa da depressão, sendo que, 5.989 estão afastados do trabalho e a causa geradora da depressão, ligada ao próprio ofício, e 85.562 a causa não teria ligação direta com o trabalho exercido. Como já disse no início desse artigo, ouve-se muito dizer que “A” ou “B” está com depressão; algumas, de fato, estão, mas outras, simplesmente encontram-se tristes, e que este estado de humor é momentâneo e sem maiores consequências.

A depressão é um rebaixamento do humor com um estado mental mórbido, apresentando uma série de alterações do comportamento, do tipo: abatimento; afastamento do convívio social; isolamento, passando o maior tempo do dia no quarto fechado e às escuras; perda do interesse nas atividades que antes dava prazer, como as atividades profissionais, acadêmicas e artísticas que praticava; perda de interesse nas relações interpessoais; sentimento de culpa ou autodepreciação, gerando, também, a baixa auto-estima; desesperança; falta de apetite; sono alterado; dificuldade de concentração, fadiga corporal e sensação de fraqueza geral e em alguns casos, desejo de morrer ou de tirar a própria vida. Vale aqui ressaltar que, existem casos das depressões sazonais que ocorrem em particular no período do inverno, mais conhecidos como Desordem Afetiva de Estação (Seasonal Affective Disorder – S.A.D.).

A visão que o deprimido tem do mundo será o espelho de seu estado de humor, portanto, a forma que o indivíduo vê o mundo e a vida será completamente desesperançosa, sem brilho e sem qualquer tipo de motivação sadia e renovadora.


Tipos de depressão: Depressão maior; Depressão crônica (distimia); Depressão atípica; Depressão pós-parto; Distúrbio afetivo sazonal (DAS), Tensão pré-menstrual (TPM) e Pesar.


Depressão Maior: São 5 (cinco) os sintomas que se apresentam nesse tipo de depressão e que perduram, no mínimo, de duas semanas. São eles: desânimo na maioria dos dias e na maior parte do dia (em adolescentes e crianças há um predomínio da irritabilidade); falta de prazer nas atividades diárias; perda do apetite e/ou diminuição do peso; distúrbios do sono — desde insônia até sono excessivo — durante quase todo o dia; sensação de agitação ou languidez intensa; fadiga constante; sentimento de culpa constante; dificuldade de concentração e idéias recorrentes de suicídio ou morte.

Depressão Crônica (distimia): Esse tipo de depressão também possui vários sintomas presentes na depressão maior, porém com menos intensidade, entretanto, tendo um período maior de tempo, pelo menos de 2 (dois) anos. É descrita como uma leve tristeza que se estende silenciosamente na maioria das atividades da pessoa. De uma forma geral, não acarreta distúrbios no apetite ou no desejo sexual, mania, agitação ou comportamento sedentário. A proporção de casos de suicídios neste tipo de depressão é a mesma dos deprimidos graves. Provavelmente devido à duração dos sintomas, os pacientes com depressão crônica não apresentam grandes alterações no humor ou nas atividades diárias, apesar de se sentirem mais desanimados e desesperançosos, e serem também mais pessimistas. Os pacientes crônicos podem sofrer episódios de depressão maior, tipo já descrito anteriormente, criando, assim, um quadro de depressão dupla.

Depressão Atípica: Este tipo faz com que as pessoas comam muito, durmam muito e sintam-se enfadadas, apresentando, ainda, um forte sentimento de rejeição.

Depressão pós-parto: Como o próprio nome já está dizendo, surge após o parto, provavelmente deve-se a perturbações e alterações do foro emocional e/ou hormonal da mulher, uma vez que o corpo sofre demasiadas alterações com o nascimento da criança. É verificado, também, nesses casos, desconfortos e sensações de dores nas costas, que podem agravar o estado emocional e hormonal da mulher. Como nos casos de partos naturais a bacia sofre alterações para o nascimento da criança, como a nível da coluna, atribui-se a esse particular uma das origens da depressão pós-parto, a causa física.

Distúrbio afetivo sazonal (DAS): Este tipo caracteriza-se por episódios anuais de depressão, ocorrendo mais durante o outono ou o inverno, podendo desaparecer na primavera ou no verão, quando então tendem a apresentar uma fase maníaca. Incluem sintomas como fadiga, tendência a comer muito doce e dormir demais no inverno, mas uma minoria come menos do que o costume e sofre de insônia.

Tensão pré-menstrual (TPM): Nesse período em que se encontra a mulher, é verificada uma depressão acentuada, acompanhada de uma grande irritabilidade e tensão antes da menstruação, afetando entre 3% e 8% das mulheres em idade fértil. O diagnóstico baseia-se na presença de, pelo menos, 5 dos sintomas descritos no quadro da depressão maior na maioria dos ciclos menstruais, ocorrendo uma piora dos sintomas uma semana antes da chegada do fluxo menstrual, melhorando logo após a passagem da menstruação.

Pesar: O pesar, também conhecido como reação de luto, não é propriamente dito um tipo de depressão, mas possuem muito em comum. O pesar, em sua significação, é uma resposta emocional saudável e importante, quando se lida com perdas. Normalmente, possui um período agudo que, com o tempo, vai cedendo. Nas pessoas sem outros distúrbios emocionais, o sentimento de aflição dura entre três e seis meses. A pessoa passa por uma sucessão de emoções que incluem choque e negação, solidão, desespero, alienação social e raiva. O período de recuperação consome outros 3 a 6 meses. Após esse tempo, se o sentimento de pesar ainda é muito intenso, ele pode afetar a saúde da pessoa ou predispô-la ao desenvolvimento de uma depressão propriamente dita.

Depressão Secundária a Doenças Orgânicas: acidente vascular cerebral ("Derrame"), tumor cerebral, doenças da tireóide, etc.

Depressão Endógena: por deficiência de neurotransmissores. Exs.: depressão do velho, depressão familiar e psicose maníaco-depressiva.

* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

RODA DE CONVERSA


Fonte: http://forcajovemmaranguape.wordpress.com/author/forajovemmaranguape/page/2/

* Por Jorge Roberto Fragoso Lins

Roda de Conversa foi uma dinâmica realizada com seis mães e uma tia de crianças que são atendidas pelo Centro de Reabilitação e Valorização da Criança (CERVAC). A instituição é especializada no tratamento com crianças com paralisia cerebral, autismo e síndrome de down. Os objetivos que nortearam o nosso trabalho foram o psicológico, o familiar e o social. Neste artigo, traremos algumas vivências dessas mães. Lançamos a primeira pergunta: Qual foi a sua primeira reação ao saber do diagnóstico dado pelo médico em relação aos seus filhos?A resposta foi unânime entre as mães: de um grande abalo psicológico e emocional sofrido pelo casal. A cada relato presenciava-se a dor e a angústia dessas mães. Parecia que estavam revivendo outra vez todo o episódio. Logo após, algumas suscitaram o seguinte questionamento: “Será que meu filho nasceu assim por minha culpa ou por culpa do pai?”

A maioria das mães mencionou situações complicatórias ocorridas durante a gestação e no momento do parto. Uma mãe que vamos dar o nome fictício de Maria nos relata que teve rubéola, logo no início de sua gravidez, e que procurou o médico que fazia seu pré-natal com o intuito de abortar a criança, já que a mesma corria o risco de nascer com alguma sequela. M. declinou um amplo histórico familiar da doença. No entanto, o médico não considerou o que M. disse e nem ao menos se deu o trabalho de fazer algum exame. Disse, apenas, que sua dor de cabeça não passava de uma gripe. M. levou sua gravidez adiante e seu filho ao nascer foi diagnosticado com paralisia cerebral (PC). Depois do parto, M. recebeu a confirmação de outro médico que tinha tido rubéola. Ela retornou ao médico que fez seu pré-natal e o informou, ficando o mesmo apenas surpreso.

Damiana (nome fictício), tia de uma das crianças com PC, menciona que a cunhada nunca quis ser mãe, era usuária de drogas e abandonou todos os filhos, incluindo o que faz tratamento na instituição. Severina (nome fictício) diz que não teve complicações na gestação e nem no parto. Mas as demais acusaram como motivo das limitações de seus filhos complicações na gestação e a demora no nascimento, culpabilizando os médicos.

Onde se encontrava a figura paterna nesse contexto? A resposta de abandono dos companheiros após o nascimento das crianças foi quase unânime. Os que ficaram manifestaram um abandono velado por essas crianças. Os homens que se separaram já constituíram novas famílias. A forte arranhadura narcísica sofrida no ego desses homens contribuiu para a separação já que, eles buscavam em seus filhos sua imagem e semelhança e o que foge ou destoa do que é espelho não é aceito. Feliciana (nome fictício) fala que seu antigo companheiro a deixou e foi morar com outra mulher. F. diz que seu antigo companheiro sempre quis ter um filho e com a atual mulher tenta ter um menino, mas só conseguiu ter meninas. Ela diz que ele já tem um filho já que é isso que deseja, mas observa que o ex não coloca o filho nesse lugar. Outro tema que veio à tona foi o da locomoção de seus filhos. Todas afirmaram que não existe boa vontade dos motoristas e cobradores de ônibus em ajudá-las a embarcar seus filhos nos coletivos, não obstante os poucos que possuem elevadores. Não bastasse a indiferença desses profissionais, ainda existiria a queimada de parada quando elas estão sozinhas nos pontos de ônibus. 

* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia. 


MINI DICIONÁRIO DE PSICOPATOLOGIA GERAL


Fonte: http://sebodomessias.com.br/sebo/detalheproduto.aspx?idItem=398628


* Coleta realizada por Jorge Roberto Fragoso Lins

Uma fonte rápida e prática para consultar alguns termos da Psicopatologia Geral.

CONSCIÊNCIA

É capacidade do indivíduo de dar-se conta da realidade externa e interna num determinado momento. É o processo psíquico integrador de todos os demais processos. Pois é a consciência que dá claridade à vivência e nitidez ao percebido. A consciência é avaliada pela lucidez, que significa a sua clareza; o alcance do campo, que mostra a sua amplitude e pelo grau de integração.

Extrema Vigilância

É o aumento do nível da atenção e que ocorre nos estados de excitação.

Vigilância Atenta

É o estado de vigilância o qual nos encontramos comumente. Existindo o controle voluntário, a atenção é seletiva e flexível.

Consciência Relaxada

Encontra-se nos estados de devaneio.  A atenção apresenta-se flutuante e involuntária.

Sonolência

É o estado entre a vigília e o sono. Os estímulos chegam atenuados à consciência, podendo acontecer estímulos visuais ou auditivos ao adormecer, que são as alucinações hipnagógicas. E as alucinações Hipnopômpica ao acordar.

Sono Superficial

É o estado no qual os estímulos não chegam à consciência, mas há a presença do pensamento onírico, ou seja, dos sonhos, mas o indivíduo pode ser despertado facilmente.

Sono Profundo
É a perda total da percepção dos estímulos externos, não havendo atividade onírica.

Abolição total da Consciência

No sono profundo, no grande ataque epilético ou em ausência semelhantes e no coma.

Alterações da Consciência

As Alterações da Consciência associam-se a Alterações de: Percepção, Atenção, Comportamento, Pensamento e Memória. As Alterações da Consciência acompanham-se de Alterações da Orientação inicialmente Alopsíquicas e posteriormente Autopsíquicas.

Alopsíquica

É quando a pessoa reconhece os dados fora do Eu; no ambiente: Temporal: dia, mês, ano em que está; em que parte do dia se localiza(manhã, tarde, noite)

Autopsíquica

É quando a pessoa reconhece os dados de identificação pessoal e sabe quem é.

Somatopsíquica

São alterações do esquema corporal. Ex: Membros Fantasma, Negação de uma Paralisia, A Incapacidade de Localizar o Próprio Nariz. 

Consciência do seu próprio Eu

Quando a mesma tiver ciente de sua identidade e do grupo social ao qual está inserida.

Alterações da Consciência do Eu Corporal
É quando a pessoa se sente incapaz de tomar consciência do seu próprio corpo.

Anosognosia

É a perda da consciência de um defeito físico ou enfermidade.

Hemiassomatognosia

Ocorre em pacientes que têm um lado do corpo paralisado.  É justamente a perda da tomada de consciência do lado que está paralisado.

Assomatognosia

É quando o paciente tem a convicção do desaparecimento do próprio corpo.

Membro Fantasma

É quando o paciente tem a sensação da existência de um membro amputado.

Falsa Transformação Corporal

Convicção do aumento ou diminuição de segmentos do corpo ou corpo inteiro.

Falseamento das Necessidades Corporais

Negação de fome, sede, cansaço, etc.

Alterações do Eu Psíquico

Referem-se a perda da identidade do Eu Psíquico. Esta identidade permite que haja um processo de formação do Eu, denominado de Personalização. Este processo leva o indivíduo a reconhecer suas próprias experiências como suas.

Perda da consciência da Unidade do Eu

O paciente assume mais de uma identidade, não perdendo necessariamente a sua. Ex: Transtornos psicóticos, Manias, etc. 

Perda da consciência da Identidade do Eu: O paciente continua apresentando uma ou mais identidade.

Perda da consciência da Autonomia do Eu

O paciente é controlado pelos outros, recebe ordens, podendo ser delirium real ou delírio projetado. Ex: Esquizofrenia paranóide.

Perda do limite do Eu Mundo

O paciente não faz distinções. Se confunde com o mundo externo, objetos, animais e pessoas.

Despersonalização

O paciente passa por um processo de estranheza consigo mesmo, com o Self. Não se reconhece a si mesmo.

Consciência do Eu Social

É a capacidade que a pessoa tem de se situar no mundo como parte desta realidade. É a capacidade de vivenciar o processo de socialização e adquirir consciência social. É a perda do egocentrismo da infância para aquisição da consciência do nós.

Desrealização

É um exemplo de uma alteração do Eu Social, a pessoa ao acordar não sabe onde está. 

ATENÇÃO

É o estado de concentração da atividade mental sobre um determinado objeto ou foco.

Tipo de Atenção:

Externa: Quando projetada para fora, seja ela sensorial ou motora.

Interna: Quando for projetada para dentro de si mesmo.

Qualidade: Com Tenacidade, quando existe um estímulo para um determinado foco. E na vigilância, quando o indivíduo dirige sua concentração a outro estímulo.

Alterações da Atenção

Hipoprosexia

É a diminuição global da atenção, ou o enfraquecimento acentuado da atenção em todos os seus aspectos. É observada em estados infecciosos, embriaguez alcoólica, psicoses tóxicas, esquizofrenia e depressão. Pode ocorrer por:

- falta de interesse (deprimidos e esquizofrênicos)
- déficit intelectual (oligofrenia e demência)
- alterações da consciência (delirium)

Os estados depressivos geralmente se acompanham de diminuição da capacidade de concentrar a atenção como um todo. No entanto, têm aumento da concentração ativa para temas depressivos (hipertenacidade).

Hiperprosexia

É o aumento da capacidade total da atenção, porém isto ocorre de forma involuntária. Ocorre em pacientes em estado de excitação.

Aprosexia

Abolição total da capacidade de atenção. Por exemplo, nos casos de pré-coma e coma. 

Distração

É o desvio da atenção de um indivíduo ou grupo a partir do objeto escolhido de atenção para a fonte de distração.  Ela é causada: falta de capacidade de prestar atenção, falta de interesse no objeto de atenção, maior interesse em algo que não seja o objeto de atenção, ou a grande intensidade, ou atratividade da fonte de distração. 

Desatenção Seletiva

É a exclusão de determinados aspectos da realidade para enfocar um outro que se queira colocar a atenção. Podendo ser consciente ou inconsciente.

ORIENTAÇÃO

É a capacidade de situar-se em relação a si e ao mundo no tempo e no espaço. É bastante complexo e exige a inter-relação entre vários dados psíquicos. A orientação requer atividades mentais como tendências instintivas, percepção, memória, atenção e inteligência. Alterações nestas atividades mentais podem levar a graus variados de desorientação.

Orientação autopsíquica

Relativa ao próprio indivíduo, ou seja, à capacidade de fornecer dados de sua identificação, saber quem é, seu nome, idade, nacionalidade, profissão, estado civil, etc.

Orientação alopsíquica

Relacionada ao tempo e espaço, ou seja, à capacidade de estabelecer informações corretas acerca do lugar onde se encontra tempo em que vive, dia da semana, do mês, etc.

As desordens destes dois estados são chamadas de desorientação autopsíquica e alopsíquica, respectivamente. Essas alterações dependem estritamente do tipo de perturbações das funções psíquicas a que se acham subordinadas a orientação no tempo, no espaço e sobre si próprio. Em geral, a desorientação ocorre de modo gradual, inicialmente em relação ao tempo, depois ao espaço e a ultima a ser alterada é a autopsíquica. Os tipos de desorientação distinguem-se ainda em três outras formas:

Desorientação apática

Decorrente de alterações da vida instinto-afetiva. Paciente está lúcido e percebe com clareza e nitidez o que se passa no mundo exterior, porém há falta de interesse, inibição psíquica ou insuficiente energia psíquica para a elaboração das percepções e raciocínio. O enfermo percebe o ambiente porém não forma um juízo sobre a sua própria situação. Ocorre com frequência em esquizofrênicos crônicos e em quadros depressivos.

Desorientação amnésica

Relativa ao bloqueio dos processos mnêmicos. Incapacidade do doente em fixar acontecimentos (memória) e consequentemente, incapacidade de orientar-se no tempo, espaço em relações com outras pessoas. Pode ocorrer em pacientes com quadros demenciais.

Desorientação delirante

Produzida por perturbações do juízo de realidade, devido à presença de falsos conteúdos (ou conteúdos anormais) no campo da consciência. Pode ocorrer em pacientes que estão psicóticos: na esquizofrenia, na mania e depressão psicótica. Os esquizofrênicos com desorientação delirante geralmente apresentam, também, dupla orientação.

Dupla orientação

Permanência simultânea da orientação verdadeira ao lado de uma falsa, ou seja, o mundo real sincrônico ao mundo psicótico, como ocorre em esquizofrênicos. Por exemplo, um paciente orientado em tempo e lugar que acredita estar no inferno ou em uma prisão.

Desorientação com turvação da consciência

Aqui a pessoa encontra-se desorientada pois está com comprometimento do nível de consciência. Ocorre no delirium, seja no causado devido ao álcool (tremens) ou por doenças físicas e/ou medicamentos.

Desorientação oligofrênica: A pessoa está com alteração do nível de orientação pois este não possui inteligência para correlacionar ambientes, pessoas, dias, etc. Pode ocorrer no retardo mental.

MEMÓRIA

É a capacidade psíquica que possibilita a um indivíduo fixar, conservar, reproduzir e evocar, sob a forma de representações, as sensações outrora vivenciadas. Desta forma, o indivíduo revive estados de consciência passados por meio da interação temporal de representações. Estas representações são também denominadas de engramas, que é a unidade mnêmica elementar, é a imagem perceptiva fixada e conservada.

Memória Orgânica

É aquela que é comum a todos os seres vivos. Automática e a serviço da conservação da espécie.

Memória Psíquica

É aquela que é influenciada pelos sentimentos, emoções e fantasias. É voluntária e involuntária.  Ela possui as fases de apreensão e fixação, que corresponde à memória retrógrada, que acontece logo após ao ato perceptivo e, a conservação e evocação, que é a capacidade de evocar lembranças passadas, atualizando memória que foram representadas.   

Hipermnésia

É o fenômeno caracterizado pelo o aumento da capacidade de se recordar fatos do passado recente ou remoto, mas não existe aumento da memória, aflorando detalhes que normalmente não temos acesso, contribuindo assim para um tratamento assertivo da questão trazida pela pessoa, sua eliminação ou o entendimento daquela questão que traziam incômodos.

Ecmnésia

Esquecimento de acontecimentos ou fatos recentes, com conservação da memória de fatos antigos, observa-se com freqüência na senilidade.

Amnésia ou Abolição da Memória

É a perda de memória, parcial ou completa.  É, geralmente, temporária e pode ser devida a:

sintomas de diversas doenças neurodegenerativas (aquelas em que o sistema nervoso se deteriora progressiva e irreversivelmente),
resultado de danos a partes do cérebro vitais para o armazenamento da memória.

Existem causas orgânicas e psicológicas para a amnésia, como por exemplo:
infecções que atingem o tecido cerebral, como encefalites por herpes simples
traumas físicos, tais como ferimentos ou pancadas na cabeça
derrame cerebral, insuficiência vascular
alcoolismo e drogadição.
Esse tipo de perda de memória acontece de repente e apresenta uma desorientação maior para tempo, menor para local e pessoas. A pessoa pode ser capaz de se recordar de eventos do passado distante, mas não do que aconteceu ontem ou hoje.

Ilusão Mnêmica ou Alomnésia (qualitativa)

São reminiscências deformadas da realidade.

Paramnésia ou Alucinação de Memória(qualitativa)

São recordações de fatos que não aconteceram (refere-se mais ao pensamento)

PENSAMENTO

É uma função psíquica superior que nos dá um juízo de realidade, utilizando-se da consciência, memória, etc. O ato de pensar é um modo de consciência que integra e relaciona objetos e fatos. Não existe pensar sem objeto nem pensamento sem relação com objetos.

Tipos de Pensamento


Pensamento Mágico

É um pensamento primitivo encontrado nos selvagens, nas crianças e esquizofrênicos.  As integrações são estabelecidas com base nas relações de similitude aparente. Nesta forma de pensar não existe fronteiras nítidas entre o real e o irreal, entre o objetivo e o subjetivo, entre o eu e o mundo exterior. O pensamento possui o Curso, que é justamente a velocidade do Pensamento percebido pela fala. Possui a Forma, que é como o Pensamento está estruturado, como se desencadeia as idéias. E por último, o Conteúdo, que são os juízos feitos pelos fatos, idéias, etc. O pensamento ainda pode ser Acelerado, que é uma alteração do pensamento excitado. Nesse estado ocorrem fugas de idéias. O pensamento perde a sua meta e segue caminhos colaterais. Frases ficam incompletas, assuntos inacabados. O pensamento ainda pode ser Lentificado, que é o oposto ao anterior. Existindo lentidão ao evocar as representações. Dificuldade de elaboração intelectual. Pode chegar ao mutismo. Muito comum na depressão. Também com dificuldade de articular palavras.

Pensamento Lógico

É o pensamento que orienta a conduta do homem civilizado, é regido pelo juízo e raciocínio. Este formado de pensar segue uma ordem racional regida por três princípios:

Princípio da identidade – Se A é A, B é B.
Princípio da causalidade – não existe causa sem efeito.
Princípio da parte ao todo – Se A é parte de B, B não é parte de A.

Bloqueio do Pensamento

É uma interrupção brusca do fluxo de idéias lançando o indivíduo num vazio ideatório e deixando-o completamente perplexo, parado, como se toda sua atividade mental ficasse paralizada. Após um certo tempo retorna a pensar, dando continuidade a idéia anterior  ou produzindo uma nova idéia.

Desagregação do Pensamento

O pensamento sofre uma ruptura e se continua com outro pensamento que nada tem a ver com o outro anteriormente, inclusive na temática. Quando é mais intenso torna o pensamento do indivíduo incompreensível.

Intercepção do Pensamento

É quando ele é bruscamente interrompido por outro, que penetra na consciência da forma imposta.

Pensamento Prolixo

Comum na epilepsia, o pensamento prolixo é caracterizado pelo detalhismo irrelevante e apego a coisas insignificantes.

Pensamento Perseverante

É a aderência passiva, automática e obstinada a determinados temas, ou frases, ou palavras, muitas das quais o paciente não consegue se desligar. Ocorre em quadros de deficiência mental e demências.

Pensamento Obsessivo

São idéias ou representações que tentam impor-se a consciência de maneira inopinada, interativa e persistente. Não há controle sobre ações e pensamento. O paciente tem consciência do problema mas não se livra dele, nem dá dúvida que lhe vem ao pensamento. 

O que é Delirium? É uma síndrome na qual ocorre alteração de consciência, alteração psicomotora, pensamento desagregado, alucinações e delírios. Comum nas psicoses agudas ligadas a questões orgânicas(infecções, intoxicações e traumatismo). Está muito ligado ao alcoolismo.

O que é Delírio? É uma alteração do conteúdo do pensamento, ou seja, alteração do juízo ou julgamento. Quando há quebra da realidade. Ideias delirantes constituem o próprio Delírio. Características dos juízos Delirantes: Certeza absoluta, Convicção interior inabalável, Ininfluenciabilidade, irredutibilidade e incorrigibilidade.

As Idéias Deliróides são distorcidas da realidade e podem ocorrer por motivos ou quadros orgânicos. Possuem idéias errôneas, podem ocorrer em indivíduos normais, influenciável pela persuasão, abalável e corrigível, são estas as características.

Formas de Delírio:  

Percepção Delirante

É uma alteração do significado de uma percepção real, de modo a que a mesma se torne coerente com o tema delirante do indivíduo. Por exemplo: “Tomei o médico por assassino, porque tinha cabelos tão pretos, nariz tão adunco..."

Representações Delirantes

É a atribuição de significado absurdo à reminiscências. O juízo é modificado a partir de acontecimentos remotos. Ex.: "...numa noite impôs-se a mim de repente e de um modo muito natural e evidente que a Sra. L. é a causa provável destas coisas terríveis que têm me acontecido..."

Cognições delirantes

O paciente intui algo fora da realidade sem ser gerado por qualquer percepção. Pode estar relacionado a uma vivência delirante profundamente ligada ao sentimento, ex.: paciente que, ao ler a bíblia, acredita ser irmã de Maria, lendo trechos como uma vivência própria.

Leitura: O paciente acredita que pode ler o pensamento dos outros. Ocorre principalmente na esquizofrenia.

SENSOPERCEPÇÃO

É a função psíquica que permite ao indivíduo perceber e processar informações do ambiente, através dos 5 órgãos dos sentidos. Um dos fatores que mais influenciam a percepção é o investimento afetivo. Para que haja uma percepção o destino deve ser dotado de carga afetiva. Sem esse investimento afetivo a imagem perceptiva não chega ao campo da consciência. Nossa percepção não identifica o mundo exterior como ele é na realidade, e sim como as transformações, efetuadas pelos nossos órgãos dos sentidos nos permitem reconhecê-lo. Assim é que transformamos fótons em imagens, vibrações em sons e ruídos e reações químicas em cheiros e gostos específicos. Na verdade, o universo é incolor, inodoro, insípido e silencioso, excluindo-se a possibilidade que temos de percebê-lo de outra forma. Para a moderna neurociência, o real conceito de percepção começou a brotar, quando Weber e Fechner descobriram que o sistema sensorial extrai quatro atributos básicos de um estímulo: modalidade, intensidade, tempo e localização. O ser humano se espalha pela Terra em muitas localidades geográficas, em diversas culturas e sociedades. Acompanhando essa diversidade existem também variações nos mundos percebidos pelas pessoas, há diferenças na maneira pela qual os mesmos objetos são percebidos em diferentes sistemas culturais. Uma criança que vive em nossos centros urbanos, por exemplo, pode distinguir sem hesitação um grande número de diferentes marcas de carros ao presenciar o trânsito das ruas, enquanto uma criança que vive em regiões mais rurais e distantes desses grandes centros não veria senão maiores diferenças entre as marcas e modelos observando o movimento da mesma rua. Por outro lado, uma criança urbana ficaria maravilhada diante da facilidade com que seus colegas rurais reconhecem diferentes modelos de ninhos de aves e de sua capacidade para distinguir as menores variações nos tipos de árvores.

Sensopercepção

Hoje não mais se admite como acontecia no passado que o nosso universo perceptivo resulte do encontro entre um cérebro simples e as propriedades físicas de um estímulo. Na verdade, as percepções diferem, qualitativamente, das características físicas do estímulo, porque o cérebro extrai dele informações e as interpretam em função de experiências anteriores com as quais ela se associe. Nós experimentamos ondas eletromagnéticas, não como ondas, mas como cores e as identificamos pautados em experiências anteriores. Experimentamos vibrações, mas como sons, substâncias químicas dissolvidas em ar ou água como cheiros e gostos específicos. Cores, tons, cheiros e gostos são construções da mente a partir de experiências sensoriais. Eles não existem como tais, fora do nosso cérebro. Assim, já se pode responder a uma das questões tradicionais dos filósofos: Há som, quando uma árvore desaba numa floresta, se não tiver alguém para ouvir ? Não, a queda da árvore gera vibrações e o som só ocorre se elas forem percebidas por um ser vivo capaz de identificar tais vibrações como estímulos sonoros. A peculiaridade da resposta de cada órgão sensorial é devida à área neurológica onde terminam as vias aferentes provindas do receptor periférico. O sistema sensorial começa a operar quando um estímulo, via de regra, ambiental, é detectado por um neurônio sensitivo, o primeiro receptor sensorial. Este converte a expressão física do estímulo (luz, som, calor, pressão, paladar, cheiro) em potenciais de ação, que o transformam em sinais elétricos. Daí ele é conduzido a uma área de processamento primário, onde se elaboram as características iniciais da informação: cor, forma, distância, tonalidade, etc, de acordo com a natureza do estímulo original. Em seguida, a informação, já elaborada, é transmitida aos centros de processamento secundário do tálamo. Se a informação é originada por estímulos olfativos, ela vai ser processada no bulbo olfatório e depois segue para a parte média do lobo temporal. Nos centros talâmicos, à informação se incorpora à outras, de origem límbica ou cortical, relacionadas com experiências passadas similares. Finalmente, já bastante modificada, esta informação é enviada ao seu centro cortical específico. A esse nível, a natureza e a importância do que foi detectado são determinados por um processo de identificação consciente a que denominamos percepção.

A percepção normal tem as seguintes características:

Nitidez – a imagem apresenta-se de forma clara e delimitada.
Corporiedade – a imagem é viva e corpórea.

Estabilidade – a imagem é fixa.
Extrojeção – o objeto é percebido fora dos limites do eu, ou seja, do lado de fora, externo.
Ininfluenciabilidade voluntária – a imagem não é modificada pela nossa vontade consciente.

Alterações Quantitativas

Consiste no aumento ou diminuição da intensidade, claridade e número dos estímulos perceptivos. A diminuição estão nos estados depressivos, psicoses infecciosas agudas. Abolição, no sono, coma profundo, na incapacidade funcional por lesões nos órgãos sensoriais ou do Sistema Nervoso Central. Aumento, nos quadros maníacos, algumas formas de epilepsia, hipertireoidismo, intoxicações agudas (LSD, COCAÌNA)

Hipoestesia Sensorial

É a diminuição da sensibilidade cutânea. Na maioria dos estados de depressão pode ser observada diminuição da sensibilidade aos estímulos sensoriais, embora a propriocepção possa estar aumentada. Nesses casos há diminuição dos reflexos tendinosos, elevação da sensibilidade fisiológica e lentidão dos processos psíquicos.

Hipopercepção

É a diminuição de todas as qualidades sensoriais. Encontra-se: catatonia, estados depressivos e confusionais.

Anestesia

Abolição total da sensibilidade.

Hiperestesia

Aumento da sensibilidade de um número limitado de sensações.

Alterações Qualitativas
É a troca ou mudança de uma sensação comum pela outra. O indivíduo refere ver sons ou ouvir cores e imagens.  Podendo ser desagradável, como a troca odor fétido para perfumes agradáveis, ou, paladar fétido para alimentos saudáveis.

Ilusão

É uma deformação perceptiva da realidade. Pode ocorrer em função de alterações de consciência, disprosexia, catatimia, etc. - Segundo Bleuler, as ilusões são percepções reais falsificadas e estudadas sob o título engano dos sentidos. Trata-se, na realidade, da interpretação distorcida de um objeto real, uma falsificação da percepção de um objeto que, de fato, existe. É uma percepção enganosa de um objeto real.

Alucinações

Aparecimento de uma imagem na consciência sem um objeto real (imagem alucinatória), com as características de uma imagem perceptiva real e por isso aceita pelo juízo de realidade. 

Alucinações Visuais

São percepções visuais, como vimos, de objetos que não existem, tão claras e intensas que dificilmente são removíveis pela argumentação lógica. Mesmo o paciente referindo ter visto apenas vultos, tais vultos são muito fielmente percebidos, portanto são reais para a pessoa que os percebe. Tal qual nas Alucinações Auditivas, aqui também elas podem ser consideradas Elementares, quando o objeto alucinado não tem uma forma específica: clarões, chamas, raios, vultos, sombras, etc. Serão Complexas quando as formas se definem em figuras nítidas: pessoas, monstros, demônios, animais, santos, anjos, bruxas.

Há determinadas ocasiões onde o transtorno Visual alucinatório adquire a consistência de uma cena, uma situação como, por exemplo, ver uma carruagem passando pela paciente e dela descer um príncipe. Neste caso falamos em ALUCINAÇÕES ONIRÓIDES, como se transcorresse num sonhar acordado. No Delirium Tremens do alcoolista, por exemplo, as Alucinações Visuais tem uma temática predominantemente de bichos e animais peçonhentos (cobras, aranhas, percevejos, jacarés, lagartos) e, neste caso, damos o sugestivo nome de ZOOPSIAS, promovedoras de grande ansiedade e apreensão. Nas situações onde o paciente se vê fora de seu próprio corpo falamos em ALUCINAÇÕES AUTOSCÓPICAS e, quando ele consegue ver cenas e objetos fora de seu campo sensorial, como enxergar do lado de fora da parede, teremos as ALUCINAÇÕES EXTRA-CAMPINAS. O conteúdo das alucinações é extremamente variável, porém, guarda sempre uma íntima relação com a bagagem cultural do paciente que alucina. Não é possível alucinar com alguma coisa que não faça parte do mundo psíquico do paciente. Um físico nuclear pode alucinar com um certo brilho atômico a revestir seus inimigos, enquanto um cidadão menos diferenciado, com um espírito do morto a rondar sua casa, ambos porém, independentemente do nível sócio-cultural têm a mesma probabilidade de alucinar. A sofisticação e exuberância do material alucinado dependerá da bagagem cultural de quem alucina mas não interfere na valorização semiológica do fenômeno.

Alucinações Auditivas

Como as mais freqüentes, podem aparecer sob forma de Alucinações Auditivas Elementares, quando a percepção diz respeito a sons inespecíficos, tais como chiados, zumbidos, ruídos de sinos, roncos, assobios, etc. Em se tratando de patologia mais séria, aparecem como Alucinações Auditivas Complexas, onde se percebem vozes bem definidas. Essas vozes podem ter as mais variadas características: diálogos entre mais de um interlocutor, comentários sobre atos do paciente, críticas sobre a pessoa que alucina, podem ainda, por outro lado, proferir injúrias e difamações, comunicar informações fantásticas, sonorizar o pensamento do próprio paciente ou de terceiros. Tais vozes ouvidas podem ser provenientes, na idéia do doente, do além, do sobrenatural, dos demônios ou de Deus.

Alucinações Táteis

A percepção de estímulos táteis sem que exista o objeto correspondente é observada principalmente nas psicoses tóxicas e nas psicoses delirantes crônicas, como veremos adiante. Nestes casos, principalmente no Delirium Tremens ou na dependência de cocaína, o paciente sente-se picado por pequenos animais, insetos esquisitos, vermes que caminham sobre a pele, pancadas, alfinetadas, queimaduras, estranhos carrapatos que penetraram em algum orifício fisiológico, etc. Não são raros os casos de alucinação tátil que se caracteriza pela sensação de ter-se as pernas puxadas à noite ou estrangulamento, sufocação ou opressão antes de conciliar o sono. Quando esta percepção falseada diz respeito aos órgãos internos ou ao esquema corporal falamos em ALUCINAÇÕES CENESTÉSICAS. Nestes casos os doentes sentem como se tivessem seu fígado revirado, esvaziado seu pulmão, seus intestinos arrancados, o cérebro apodrecido, o coração rasgado, e assim por diante. As Alucinações Cenestésicas devem ser diferenciadas das ALUCINAÇÕES CINESTÉSICAS, que não dizem respeito à sensação tátil, mas sim aos movimentos (cine-movimento). Nas cinestesias os pacientes percebem as paredes movendo-se ou eles próprios movendo-se no espaço. Um paciente delirante crônico sentia que seu cérebro estava infestado de germes, os quais, esporadicamente, escorriam-lhe pelo nariz. Neste caso uma Alucinação Tátil Cenestésica. Outro queixava-se de inúmeros percevejos que furavam-lhe a pele o tempo todo. Era um portador de Delirium Tremens, e, inclusive, mostrava os insetos que conseguia apanhar para o médico (o qual, evidentemente, não os via). Trata-se de Alucinações Táteis puras. Outro, já idoso, que sabia ter seus pulmões corroídos por vermes provenientes de carne suína, tossia seguidamente e vivia submetendo-se a freqüentes exames de raios X. Neste último caso, uma Alucinação Cenestésica pura.

Alucinações Gustativas e Olfativas

Normalmente, as Alucinações Olfativas e Gustativas estão associadas e são raras. Estados delirantes cujo tema diz respeito à putrefação, o gosto e os odores podem ser muito desagradáveis e são percebidos, como é típico de todas alucinações, sem que exista o objeto correspondente ao gosto e ao cheiro. Algumas auras epilépticas determinam o aparecimento de Alucinações Gustativas e/ou Olfativas. Em geral os gostos alucinados aparentam ser de sangue, terra, catarro ou qualquer outra coisa desagradável; os odores podem ser desde perfumes exóticos até de fezes.

Alucinações hipnagógicas

Ocorre ao adormecer.

Alucinações hipnopômpicas
Ocorre ao acordar. Não significam doença, pois podem ocorrer em indivíduos sem doenças psiquiátricas.

Pseudo-alucinações

Não possui projeção no espaço e nem corporeidade. Surge como vozes internas ou imagens internas e podem ocorrer nas mesmas situações das alucinações.

Alucinoses

Possuem projeção no espaço externo e ocorre certa estranheza do paciente quando ao fenômeno perceptivo ocorrido, podem surgir no rebaixamento do nível de consciência e em lesões pedunculares e occipitais, assim como no alcoolismo (por exemplo: alucinose alcoólica).

AFETIVIDADE E HUMOR

O que é Afetividade e Humor? A afetividade compreende o estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as emoções e as paixões e reflete sempre a capacidade de experimentar o mundo subjetivamente. A afetividade é quem determina a atitude geral da pessoa diante de qualquer experiência vivencial, promove os impulsos motivadores e inibidores, percebe os fatos de maneira agradável ou sofrível, confere uma disposição indiferente ou entusiasmada e determina sentimentos que oscilam entre dois pólos e transitam por infinitos tons entre esses dois pólos, a depressão e a euforia. Desta forma, a afetividade é quem confere o modo de relação do indivíduo à vida e será através da tonalidade desse estado de ânimo que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou indiretamente a afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a conduta do indivíduo. Trata-se de uma qualidade vivencial do indivíduo em relação ao objeto, do tipo de estado em que ele está na vivência atual desse objeto. O objeto pode ser uma coisa, pessoa, acontecimento externo, perspectivas futuras ou algo relativo ao estado de seu corpo - o que chamamos de vivências externas. (o “corpo” aqui, está fora do psíquico, por isso vivência externa). Existem também as vivências internas, representadas pelos conteúdos ou acontecimentos mentais. Entretanto, seja qual for a natureza da vivência, externa ou interna, ela só participa da consciência se acoplada a um afeto. Às vezes temos a impressão que a consciência só reconhece vivências quando grudadas nos afetos, e aquelas sem estes, não têm significado existencial. 

Assim sendo, os afetos são inerentes às vivências, e não existe vivência sem afeto. Isso faz a diferença entre a vida e a biografia de uma pessoa; a vida é uma sucessão de vivências e a biografia, uma seqüência de fatos. Ao viver uma vivência, a pessoa experimenta um estado afetivo intrinsecamente ligado a essa vivência, que é a valoração emocional daquela vivência. Esse é, então, o afeto integrado à vivência. O afeto é, portanto, uma qualidade vivencial e é, conseqüentemente, o significado emocional daquilo que a pessoa está vivendo naquele momento. 

O estado psíquico global com que a pessoa se apresenta e vive reflete a sua afetividade. Tal como as lentes dos óculos, os filtros da afetividade fazem com que o sol seja percebido com maior ou menor brilho, que a vida tenha perspectivas otimistas ou pessimistas, que o passado seja revivido como um fardo pesado ou, simplesmente, lembrado com suavidade. A afetividade interfere qualitativamente na realidade percebida por cada um de nós, mais precisamente, na representação que cada pessoa tem do mundo, de seu mundo. O estado afetivo tende a impregnar as vivências de significado sentimental.  Podemos pensar na afetividade como o tônus energético capaz de impulsionar o indivíduo para a vida, como uma energia psíquica dirigida ao relacionamento do ser com sua vida, como o humor necessário para valoração das vivências. A afetividade colore com matizes variáveis todo relacionamento do sujeito com o objeto, faz com que os fatos sejam percebidos desta ou daquela maneira, e que estimulem este ou aquele sentimento. Afetos são os  atributos da pessoa que qualificam os objetos do mundo interno e externo. Em relação à unidade-sujeito, em relação ao EU, os afetos nos permitem dizer: eu estou triste, eu estou alegre, estou interessado, amando, com raiva. É sempre um estado em que euestou. Deste modo, afetos são estados do EU.    

O Humor é uma tonalidade afetiva que acompanha os processos psíquicos, dando colorido à cognição, às percepções, aos conceitos, etc. O estado psíquico global como a pessoa se apresenta e vive reflete a sua afetividade. Tal estado interfere na realidade percebida por cada um, mais precisamente, na representação que cada pessoa tem do mundo, e de si mesma.

O objeto pode ser uma coisa, pessoa, acontecimento externo, perspectivas futuras ou algo relativo ao estado de seu corpo - o que chamamos de vivências externas. (o “corpo” aqui, está fora do psíquico, por isso vivência externa). Existem também as vivências internas, representadas pelos conteúdos ou acontecimentos mentais. Entretanto, seja qual for a natureza da vivência, externa ou interna, ela só participa da consciência se acoplada a um afeto. Às vezes temos a impressão que a consciência só reconhece vivências quando grudadas nos afetos, e aquelas sem estes, não têm significado existencial. 

Estados Afetivos Fundamentais:

As emoções são súbitas rupturas do equilíbrio afetivo que repercutem na integridade da consciência. Assumem intensidade variada, mas sempre de curta duração. É uma experiência subjetiva ligada ao temperamento, a personalidade e a motivação.  E os sentimentos são estados afetivos duráveis, mas de pouca intensidade. Geralmente está revestido de tonalidades intelectuais e morais. Já a paixão é um estado afetivo absorvente e tiranizante, que polariza a vida psíquica do indivíduo na direção de um objeto único, que passa a monopolizar seus sentimentos e suas ações.

Ansiedade

É um estado de expectativa e inquietação interna que é suscitado por medo, frustração ou sofrimento.

Angustia

É um estado de ansiedade acompanhado por sintomas somáticos neurovegetativos. 

Hipertimia

É o aumento da intensidade e duração do afeto resultando numa elevação do humor. Ocorre em indivíduos hiperemotivos, mas também em estados patológicos como no hipertoroidismo, intoxicações, psicopatas, estados maníacos.

Hipotimia
É a diminuição da intensidade dos afetos e excitabilidade dos afetos. Ocorre na melancolia e estados depressivos. 

Estupor Emocional

É a inibição momentânea e transitória da excitabilidade aos estímulos. Estado caracterizado pela ausência ou profunda diminuição de movimentos espontâneos, mutismo. O paciente somente responde a estímulos vigorosos, após os quais retorna ao estupor.

Distimia

É a ruptura súbita do equilíbrio afetivo que ora cursa para a tristeza ora para a alegria. É um desvio patológico do humor. 

Labilidade Afetiva

Instabilidade e constante mudança das reações afetivas. Normalmente em adolescentes, principalmente do sexo feminino, mas também em histéricos, personalidade instável, etc.

Incontinência Emocional

É a perda da capacidade de controle emocional. Manifesta-se sob a forma de pranto convulso ou riso incontido.

Alterações do Afeto

Paratimia

Na paritimia as emoções do doente não se adequam, nem qualitativa (na sua tonalidade, matização), nem quantitativamente (intensidade), de uma forma natural, ao conteúdo da sua vivência atual, o que designa por incongruência do humor. A paratimia observa-se claramente nos esquizofrênicos. A paratimia não é um sintoma que se encontre só na área da patologia, uma boa disposição forçada («humor de força») para vencer o medo, luto, sentimento de abandono é um exemplo para esta psicodinâmica. Um exemplo de paratimia é o caso de um doente que ao mesmo tempo que se ri, informa que, durante a noite anterior, foi de novo torturado da forma mais horrível, ou um outro que refere, num tom corriqueiro e sem importância, que os seus intestinos estão carbonizados.

Neotimias

Vivência de sentimentos novos, extravagantes e inusitados. É um sintoma típico da esquizofrenia.

Ambitimia

Coexitência de estados afetivos diversos e inconciliáveis. É um sintoma da esquizofrenia.

VONTADE

É uma forma de desejo que se manifesta com uma perspectiva imediata ou próxima de realização. É característico da vontade humana que o ato volitivo se manifeste pelas expressões “eu quero” ou “eu não quero”. Os atos podem ser: volitivos, impulsivos e instintivos. As etapas do Processo Volitivo podem ser constituídas pela Intenção ou Propósito, fase em que aparece tendência à ação, geralmente vivenciada sob forma de interesse. A Deliberação, em que se analisa o que é favorável ou desfavorável e se é levado a uma opção. A Decisão, instante no qual se demarca o início da decisão. E a Execução, fase final no qual surgem movimentos físicos.

Hipobulia

É o enfraquecimento patológico do impulso. Diminuição da capacidade de ter vontade. Dificuldade em transformar as decisões em ações.

Abulia

Abolição total da vontade. Completa impossibilidade do paciente agir de modo próprio.

Hiperbulia
O aumento da energia volitiva. Só tem um caráter patológico quando contraria o bem-estar social. 

Atos impulsivos são os atos autônomos, súbitos, que são destituídos de controle. As alterações do Impulso podem ser Contra Objetos ou Contra Pessoas.

Contra Objetos:

Frangofialia

É quando o indivíduo estraçalha objetos inanimados.

Piromania

É quando o indivíduo possui impulso de atear fogo. 

Contra Pessoas

São os Impulsos Homicidas e Suicidas.

Impulsos Sistematizados

São atos que se repetem sempre da mesma maneira. São eles:

Toxicofilia, que é o impulso de se viciar; Cleptomania, o de roubar sem necessidade, caracterizado por uma ansiedade muito grande; Dromomania, impulso de andar a pé; Dipisomania, o de ingerir líquidos estranhos.  

Atos Instintivos

São atos motivados por instintos inerentes aos indivíduos que visam uma finalidade específica. Toda alteração do instinto é considerada uma perversão.

Alterações dos Instintos

Alimentares.

Anorexia

É uma alteração que se caracteriza pela inapetência exagerada de início precoce e evolução crônica ou por fases.

Bulimia

Aumento insaciável e desordenado da fome. Alotriofagia, que é a necessidade impulsiva de comer e beber coisas ou substâncias estranhas e inadequadas.

Sexuais.

Necrofilia

Violação sexual de cadáveres. Específica do sexo masculino.

Pedofilia e Gerontofilia

Diz respeito a escolha do objeto sexual.

Zoofilia

A escolha do objeto recai para certos animais domésticos.

Fetichismo

Só é patológico quando o prazer se restringe a objetos ou partes do corpo feminino.

Voyerismo

Tendência impulsiva de expor seus órgãos sexuais.

Sadomazoquismo

Tendência patológica a crueldade amorosa.

PSICOMOTRICIDADE

É a expressão física da vida psíquica.  Refere-se a execução da necessidade que o indivíduo tem de se organizar e se mover no espaço com o objetivo de satisfazer suas necessidades. A psicomotricidade reflete um estado da vontade, que corresponde a execução de movimentos. Os movimentos podem ser voluntários ou involuntários. Divide-se em neuromotricidade e psicomotricidade.

Alterações da Psicomotricidade (distúrbios motores psicóticos).

Maneirismos

São caracterizados por gestos artificiais, ou linguagem e escrita rebuscada, com uso de preciosismo verbal, floreados estilísticos e caligráficos, etc. Ocorrem em esquizofrênicos, oligofrênicos e histéricos.

Ecopraxia

É uma imitação de um comportamento, sem propósito (gestos, atitudes etc...). Pode haver ecolalia (sons), ecomimia (mímica) e ecografia (escrita).

Estereotipias

São repetições automáticas de movimentos, frases ou palavras sem nenhuma finalidade. Em palavras, ocorre quando o paciente apresenta um pensamento perseverante; de posição, postar-se como uma estátua; de lugar, repete o lugar onde fica e de movimento, com os membros.

Negativismo

É a oposição ativa ou passiva às solicitações externas. Na passiva a pessoa simplesmente deixa de fazer o que se pede sendo característico o mutismo e a sitiofobia (medo de se comprometer, de ser internado, de ser envenenado). Na ativa, a pessoa faz tudo ao contrário do que se pediu, e as vezes quando desistimos eles o fazem sendo isso a "reação de última momento". O negativismo verbal pode se apresentar na forma das pararespostas (ou seja, o paciente entende a pergunta do entrevistador, porém não responde algo compatível com a pergunta, e sim algo "ao lado", ou próximo). O negativismo faz parte da série catatônica e representa ação imotivada e não deliberada.

Obediência Automática

É o oposto ao negativismo, onde o paciente tem extrema sugestionabilidade e faz tudo o que é mandado. Ocorre na esquizofrenia e quadros demenciais.

Catalepsia, Pseudo-Flexibilidade Cérea

Ocorre devido a hipertonia do tônus postural. Ocorre na histeria, esquizofrenia e parkinsonismo. A flexibilidade cérea é a conservação de uma posição, ocorrendo no parkinsonismo, enquanto que nos esquizofrênicos e histéricos há pseudo-flexibilidade cérea, devido a influência de fatores psicogênicos. Muitas vezes o paciente assume posições desagradáveis por mais tempo do que poderia normalmente aguentar.

Agitação Psicomotora

Inquietação, excitação expressada pela necessidade incontida de movimento.

Neuromotricidade

É a integração entre as funções motrizes e mentais sobre o efeito do desenvolvimento do sistema nervoso, destacando as relações existentes entre motricidade, mente e afetividade do indivíduo.

Distúrbios da Motricidade

São aqueles provocados por distúrbios psicológicos.

Distúrbios Motores Neurológicos

São aqueles causados por lesões nos sistemas: piramidal, provocando paralisia simples; extrapiramidal dos Gânglios Basais e do Mesencéfalo, alterando o tônus, mímica e coordenação; medular e cerebelar, coordenação e sensibilidade. 

O que é apraxia? É uma desordem neurológica que se caracteriza por provocar uma perda da habilidade para executar movimentos e gestos precisos, apesar do paciente ter a vontade e a habilidade física para os executar. Resulta de disfunções nos hemisférios cerebrais, sobretudo do lobo parietal.

O que é Estupor? É a perda de toda atividade espontânea, atingindo simultaneamente a mímica, a fala, a marcha, etc.

O que é Acinesia?  Perda total ou parcial dos movimentos do corpo.

LINGUAGEM

É qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de idéias ou sentimentos através de signos convencionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies ou tipos: visualauditivatátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos.

Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestossinaissonssímbolos ou palavras, usados para representar conceitos de comunicação, idéias, significados e pensamentos. Embora os animais também se comuniquem, a linguagem verbal pertence apenas ao Homem.

Signos

São entidades em que sons ou sequências de sons ou as suas correspondências gráficas estão ligados com significados ou conteúdos. Os signos são assim instrumentos de comunicação e representação, na medida em que, com eles, configuramos linguisticamente a realidade e distinguimos os objetos entre si.

Afasia

É a perda da capacidade de compreender ou falar palavras devido a uma lesão cerebral.

Afasia de Broca (Motora ou Expressão)

Caracteriza-se por grande dificuldade em falar, porém a compreensão da linguagem encontra-se preservada. Essa síndrome é também dita como afasia não fluente, de expressão ou motora: os pacientes conseguem executar normalmente a leitura silenciosa, mas a escrita está comprometida. Esses pacientes possuem, ainda, fraqueza na hemiface e membro superior direito (devido à proximidade das regiões afetadas pelo distúrbio circulatório). Os pacientes têm consciência do seu déficit e se deprimem com facilidade (frustração). Entretanto, o prognóstico é bom quanto à recuperação de parte da linguagem falada, embora sejam necessários meses para a realização de uma fala simples, abreviada, ainda que não fluente.

Afasia de Wernicke (Compreensão)

Caracteriza-se por dificuldade na compreensão da linguagem, a fala é fluente e faz pouco sentido. Essa síndrome é também denominada afasia fluente, de recepção ou sensorial. Diferente dos pacientes com afasia de Broca, os pacientes com essa síndrome começam a falar espontaneamente, embora de modo vago, fugindo do objetivo da conversa. Pode existir parafasias, isto é, uma palavra substituindo outra, como chamar uma colher de garfo (parafasia literal), ou um som substituindo outro, como ao chamar uma colher de mulher (parafasia verbal); geralmente, não apresentam fraqueza associada, os pacientes não se dão conta de seu déficit e a recuperação é mais difícil.

Afasia Global

É a perda de todas as capacidades de linguagem: compreensão, fala, leitura e escrita, sendo causado geralmente por um infarto completo no território da artéria cerebral média esquerda; os pacientes, sendo assim, também apresentam geralmente hemiplegia direita (total perda de força no lado direito do corpo), além de demência associada; o prognóstico é mais reservado. Possível presença de Mutismo.

Afasia Parcial

É a perda parcial da capacidade de articular palavras.

Afasia Sensorial

Trata-se de uma afasia de recepção, onde o indivíduo perde total ou parcialmente a capacidade de falar ou de escrever porque não consegue controlar os mecanismos cerebrais responsáveis pela linguagem.

Distúrbios Articulatórios da Fala

São distúrbios causados pela desordem de movimentos musculares, não sendo necessariamente relacionados a distúrbios psíquicos.

Disartria

Consiste na dificuldade de articular as palavras, devido a paresia, paralisia ou ataxia dos músculos que intervêm na articulação. O transtorno é maior para pronunciar os fonemas labiais (/p/, /b/ e /m/) e linguais (/t/, /d/, /n/, e /l/), os quais são omitidos ou distorcidos durante a pronúncia das palavras.

Anartria

A incapacidade de articulação das palavras.  Quando a disartria é muito grave ela impede o aparecimento da fala, tendo então o nome de Anartria.

Dislalia

É um distúrbio da fala que se caracteriza pela dificuldade de articulação de palavras. A criança com dislalia pronuncia algumas palavras de forma incorreta, omitindo, trocando, distorcendo ou acrescentando fonemas ou sílabas às mesmas. Um exemplo é o caso da personagem Cebolinha, que confunde/troca o som R por L.

Disfonia

Uma modificação do timbre da voz.

Neologismo 

São palavras criadas ou palavras já existentes empregadas com significado desfigurado. Pode ser um sintoma comum na esquizofrenia.

Ecolalia 

Ato de repetir palavras ou frases, sem observar o sentido, geralmente repetindo até a entonação ouvida. Repetição doentia de uma ou mais palavras da frase.

Acinesia  

Perda total ou parcial dos movimentos do corpo.

Logorréia

Fluxo incessante de palavras desordenadas. Comuns nos estados maníacos e hipomaníacos. 

Agnosia tátil

É a perda da capacidade de reconhecer um determinado objeto. Descreve como esse objeto é, mas não consegue dizer que objeto é aquele.

Agnosia Auditiva

É quando o paciente ouve sons e ruídos, porém não consegue identificá-los, não os compreende. 

Ecomímia

Repetição dos gestos.

Mutismo

Ausência total da fala. Podendo ocorrer por conta de alucinações, por ordenação de uma voz que ameaça a pessoa de morte, caso ela fale.

Coprolalia

Linguagem expressa com palavras obscenas, palavrões de forma compulsiva. Há impulso mórbido na verbalização das obscenidades.

Esquizofasia  

Um discurso inteiramente incoerente. - É uma expressão criada por Kraepelin para designar uma profunda alteração da expressão verbal, observada em alguns esquizofrênicos paranóides, em resultado da qual a linguagem se torna confusa e incoerente, sem que existam alterações graves do pensamento. Em sua forma bem acentuada, a linguagem se apresenta como uma salada de palavras, em que o enfermo emprega neologismos e palavras conhecidas com sentido desfigurado, tornando o discurso inteiramente incompreensível.

Verbigeração

É a repetição incessante durante dias, semanas e até meses, de palavras e frases pronunciadas em tom de voz monótono, declamatório ou patético. Ë observada nos estados demenciais, em psicoses confusionais e na esquizofrenia, especialmente na forma catatônica. - Mutismo é a ausência de linguagem oral. O mutismo tem origem e mecanismos os mais variados. Nas doenças mentais, é observado nos estados de estupor da confusão mental, da melancolia e da catatonia; nos estados demenciais avançados, na paralisia geral e na demência senil. Na esquizofrenia, o mutismo adquire uma importante significação. Pode decorrer, nesse caso, de interceptação do pensamento, de perda de contato com a realidade, de alucinações imperativas ou de idéias delirantes de culpabilidade. Com muita freqüência, os catatônicos não falam nem respondem ao interrogatório, dando-nos a impressão de que se encerram voluntariamente no mais completo mutismo.

Mussitação 

É a expressão da linguagem em voz muito baixa, murmura; o enfermo movimenta os lábios de maneira automática, produzindo murmúrio ou som confuso. É um sintoma próprio da esquizofrenia.

Pararresposta 

É quando o paciente responde a uma indagação com algo que não tem nada a ver com aquilo.

PRAGMATISMO

É a capacidade de ser prático, ou seja, executar ações condizentes com sua vontade. Algumas alterações da Psicomotricidade afetam o pragmatismo, são elas: A Ecopraxia, o Negativismo, a Obediência Automática, a Agitação e a Inibição Psicomotora. As alterações da vontade também afetam o pragmatismo, são elas: a Hipobulia e a Abulia.

Hipo ou Apragmatismo

É a diminuição ou abolição da capacidade de ser prático.

Conduta Inadequada 

É a apresentação de conduta não condizente ao contexto. Como por exemplo, quando ocorre o Negativismo.

Higiene Precária

É a incapacidade de cuidar da higiene pessoal, podendo haver incontinência urinária e fecal.

INTELIGÊNCIA

É a capacidade de pensamento de cada um em cada momento de sua existência. A capacidade de pensamento pode ser avaliada pela destreza que cada indivíduo tem de adaptar-se a novas situações de modo consciente e deliberada.  Um indivíduo é tido como inteligente, quando:

Quanto melhor, mais rápido e mais facilmente, compreenda;
Quanto maior e mais variado for o número de associações que estabeleça entre dados da compreensão;
Quanto melhor saiba ajuizar com segurança e raciocinar com lógica;
Quanto mais prontamente elabore novos conteúdos de pensamento,
Quanto melhor se adapte as exigências vitais.  

CLASSIFICAÇÃO

Inteligência Prática ou Orgânica

É a inteligência das primeiras etapas do desenvolvimento infantil. É voltada para as necessidades vitias primárias, ou seja, instintivas.

Inteligência Disponsional

A medida em que a idade avança e que o desenvolvimento mental progride vai se formando um caminho entre vontade e objeto. A obtenção do fim exige a aquisição de atos ideativos.

Inteligência Pura ou Teórica Lógica

Corresponde a nível superior do desenvolvimento. O fim ultrapassa os limites vitais imediatos. 

Imbecilidade Desarmônica

São indivíduos providos de boa capacidade mental, excelente memória mecânica e boa capacidade linguística, mas suas cadeias associativas são pobres e se mostram incapazes de solucionar situações vitais.

Estupidez Emocional

É um estado transitório de déficit intelectivo. São ocasionadas por fatores de ordem caracterológico ou desarmonia com o meio(timidez, conflitos)
O que é Pseudo-Oligofrenia? Situação que leva a um estado transitório e reversível da inteligência por razões somáticas ou psíquicas.