CONSCIÊNCIA
É capacidade do indivíduo de dar-se conta da realidade externa e interna
num determinado momento. É o processo psíquico integrador de todos os demais
processos. Pois é a consciência que dá claridade à vivência e nitidez ao
percebido. A consciência é avaliada pela lucidez, que significa a sua clareza;
o alcance do campo, que mostra a sua amplitude e pelo grau de integração.
Extrema Vigilância
É o aumento do nível da atenção e que ocorre nos estados de excitação.
Vigilância Atenta
É o estado de vigilância o qual nos encontramos comumente. Existindo o
controle voluntário, a atenção é seletiva e flexível.
Consciência Relaxada
Encontra-se nos estados de devaneio. A atenção apresenta-se
flutuante e involuntária.
Sonolência
É o estado entre a vigília e o sono. Os estímulos chegam atenuados à
consciência, podendo acontecer estímulos visuais ou auditivos ao adormecer, que
são as alucinações hipnagógicas. E as alucinações Hipnopômpica ao acordar.
Sono Superficial
É o estado no qual os estímulos não chegam à consciência, mas há a
presença do pensamento onírico, ou seja, dos sonhos, mas o indivíduo pode ser
despertado facilmente.
Sono Profundo
É a perda total da percepção dos estímulos externos, não havendo
atividade onírica.
Abolição total da
Consciência
No sono profundo, no grande ataque epilético ou em ausência semelhantes
e no coma.
Alterações da
Consciência
As Alterações da Consciência associam-se a Alterações de: Percepção,
Atenção, Comportamento, Pensamento e Memória. As Alterações da Consciência
acompanham-se de Alterações da Orientação inicialmente Alopsíquicas e
posteriormente Autopsíquicas.
Alopsíquica
É quando a pessoa reconhece os dados fora do Eu; no ambiente: Temporal:
dia, mês, ano em que está; em que parte do dia se localiza(manhã, tarde, noite)
Autopsíquica
É quando a pessoa reconhece os dados de identificação pessoal e sabe
quem é.
Somatopsíquica
São alterações do esquema corporal. Ex: Membros Fantasma, Negação de uma
Paralisia, A Incapacidade de Localizar o Próprio Nariz.
Consciência do seu
próprio Eu
Quando a mesma tiver ciente de sua identidade e do grupo social ao qual
está inserida.
Alterações da
Consciência do Eu Corporal
É quando a pessoa se sente incapaz de tomar consciência do seu próprio
corpo.
Anosognosia
É a perda da consciência de um defeito físico ou enfermidade.
Hemiassomatognosia
Ocorre em pacientes que têm um lado do corpo paralisado. É
justamente a perda da tomada de consciência do lado que está paralisado.
Assomatognosia
É quando o paciente tem a convicção do desaparecimento do próprio corpo.
Membro Fantasma
É quando o paciente tem a sensação da existência de um membro amputado.
Falsa Transformação
Corporal
Convicção do aumento ou diminuição de segmentos do corpo ou corpo
inteiro.
Falseamento das
Necessidades Corporais
Negação de fome, sede, cansaço, etc.
Alterações do Eu
Psíquico
Referem-se a perda da identidade do Eu Psíquico. Esta identidade permite
que haja um processo de formação do Eu, denominado de Personalização. Este
processo leva o indivíduo a reconhecer suas próprias experiências como suas.
Perda da consciência
da Unidade do Eu
O paciente assume mais de uma identidade, não perdendo necessariamente a
sua. Ex: Transtornos psicóticos, Manias, etc.
Perda da consciência da Identidade do Eu: O paciente continua
apresentando uma ou mais identidade.
Perda da consciência
da Autonomia do Eu
O paciente é controlado pelos outros, recebe ordens, podendo ser
delirium real ou delírio projetado. Ex: Esquizofrenia paranóide.
Perda do limite do Eu
Mundo
O paciente não faz distinções. Se confunde com o mundo externo, objetos,
animais e pessoas.
Despersonalização
O paciente passa por um processo de estranheza consigo mesmo, com o Self.
Não se reconhece a si mesmo.
Consciência do Eu
Social
É a capacidade que a pessoa tem de se situar no mundo como parte desta
realidade. É a capacidade de vivenciar o processo de socialização e adquirir
consciência social. É a perda do egocentrismo da infância para aquisição da
consciência do nós.
Desrealização
É um exemplo de uma alteração do Eu Social, a pessoa ao acordar não sabe
onde está.
ATENÇÃO
É o estado de concentração da atividade mental sobre um determinado
objeto ou foco.
Tipo de Atenção:
Externa: Quando projetada para fora, seja ela
sensorial ou motora.
Interna: Quando for projetada para dentro de si
mesmo.
Qualidade: Com Tenacidade, quando existe um
estímulo para um determinado foco. E na vigilância, quando o indivíduo dirige
sua concentração a outro estímulo.
Alterações da Atenção
Hipoprosexia
É a diminuição global da atenção, ou o enfraquecimento acentuado da
atenção em todos os seus aspectos. É observada em estados infecciosos,
embriaguez alcoólica, psicoses tóxicas, esquizofrenia e depressão. Pode ocorrer
por:
- falta de interesse
(deprimidos e esquizofrênicos)
- déficit intelectual
(oligofrenia e demência)
- alterações da
consciência (delirium)
Os estados depressivos geralmente se acompanham de diminuição da
capacidade de concentrar a atenção como um todo. No entanto, têm aumento da
concentração ativa para temas depressivos (hipertenacidade).
Hiperprosexia
É o aumento da capacidade total da atenção, porém isto ocorre de forma
involuntária. Ocorre em pacientes em estado de excitação.
Aprosexia
Abolição total da capacidade de atenção. Por exemplo, nos casos de
pré-coma e coma.
Distração
É o desvio da atenção de um indivíduo ou grupo a partir do objeto
escolhido de atenção para a fonte de distração. Ela é causada: falta
de capacidade de prestar atenção, falta de interesse no objeto de atenção,
maior interesse em algo que não seja o objeto de atenção, ou a grande
intensidade, ou atratividade da fonte de distração.
Desatenção Seletiva
É a exclusão de determinados aspectos da realidade para enfocar um outro
que se queira colocar a atenção. Podendo ser consciente ou inconsciente.
ORIENTAÇÃO
É a capacidade de situar-se em relação a si e ao mundo no tempo e no
espaço. É bastante complexo e exige a inter-relação entre vários dados
psíquicos. A orientação requer atividades mentais como tendências instintivas,
percepção, memória, atenção e inteligência. Alterações nestas atividades
mentais podem levar a graus variados de desorientação.
Orientação
autopsíquica
Relativa ao próprio indivíduo, ou seja, à capacidade de fornecer dados
de sua identificação, saber quem é, seu nome, idade, nacionalidade, profissão,
estado civil, etc.
Orientação
alopsíquica
Relacionada ao tempo e espaço, ou seja, à capacidade de estabelecer
informações corretas acerca do lugar onde se encontra tempo em que vive, dia da
semana, do mês, etc.
As desordens destes dois estados são chamadas de desorientação
autopsíquica e alopsíquica, respectivamente. Essas alterações dependem
estritamente do tipo de perturbações das funções psíquicas a que se acham
subordinadas a orientação no tempo, no espaço e sobre si próprio. Em geral, a
desorientação ocorre de modo gradual, inicialmente em relação ao tempo, depois
ao espaço e a ultima a ser alterada é a autopsíquica. Os tipos de desorientação
distinguem-se ainda em três outras formas:
Desorientação apática
Decorrente de alterações da vida instinto-afetiva. Paciente está lúcido
e percebe com clareza e nitidez o que se passa no mundo exterior, porém há
falta de interesse, inibição psíquica ou insuficiente energia psíquica para a
elaboração das percepções e raciocínio. O enfermo percebe o ambiente porém não
forma um juízo sobre a sua própria situação. Ocorre com frequência em
esquizofrênicos crônicos e em quadros depressivos.
Desorientação
amnésica
Relativa ao bloqueio dos processos mnêmicos. Incapacidade do doente em
fixar acontecimentos (memória) e consequentemente, incapacidade de orientar-se
no tempo, espaço em relações com outras pessoas. Pode ocorrer em pacientes com
quadros demenciais.
Desorientação
delirante
Produzida por perturbações do juízo de realidade, devido à presença de
falsos conteúdos (ou conteúdos anormais) no campo da consciência. Pode ocorrer
em pacientes que estão psicóticos: na esquizofrenia, na mania e depressão
psicótica. Os esquizofrênicos com desorientação delirante geralmente apresentam,
também, dupla orientação.
Dupla orientação
Permanência simultânea da orientação verdadeira ao lado de uma falsa, ou
seja, o mundo real sincrônico ao mundo psicótico, como ocorre em
esquizofrênicos. Por exemplo, um paciente orientado em tempo e lugar que
acredita estar no inferno ou em uma prisão.
Desorientação com
turvação da consciência
Aqui a pessoa encontra-se desorientada pois está com comprometimento do
nível de consciência. Ocorre no delirium, seja no causado devido ao álcool
(tremens) ou por doenças físicas e/ou medicamentos.
Desorientação oligofrênica: A pessoa está com alteração do nível de
orientação pois este não possui inteligência para correlacionar ambientes,
pessoas, dias, etc. Pode ocorrer no retardo mental.
MEMÓRIA
É a capacidade psíquica que possibilita a um indivíduo fixar, conservar,
reproduzir e evocar, sob a forma de representações, as sensações outrora
vivenciadas. Desta forma, o indivíduo revive estados de consciência
passados por meio da interação temporal de representações. Estas representações
são também denominadas de engramas, que é a unidade mnêmica elementar, é a
imagem perceptiva fixada e conservada.
Memória Orgânica
É aquela que é comum a todos os seres vivos. Automática e a serviço da
conservação da espécie.
Memória Psíquica
É aquela que é influenciada pelos sentimentos, emoções e fantasias. É
voluntária e involuntária. Ela possui as fases de apreensão e
fixação, que corresponde à memória retrógrada, que acontece logo após ao ato
perceptivo e, a conservação e evocação, que é a capacidade de evocar lembranças
passadas, atualizando memória que foram representadas.
Hipermnésia
É o fenômeno caracterizado pelo o aumento da capacidade de se recordar
fatos do passado recente ou remoto, mas não existe aumento da memória,
aflorando detalhes que normalmente não temos acesso, contribuindo assim para um
tratamento assertivo da questão trazida pela pessoa, sua eliminação ou o
entendimento daquela questão que traziam incômodos.
Ecmnésia
Esquecimento de acontecimentos ou fatos recentes, com conservação da
memória de fatos antigos, observa-se com freqüência na senilidade.
Amnésia ou Abolição
da Memória
É a perda de memória, parcial ou completa. É,
geralmente, temporária e pode ser devida a:
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sintomas
de diversas doenças neurodegenerativas (aquelas em que o sistema nervoso se
deteriora progressiva e irreversivelmente),
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resultado
de danos a partes do cérebro vitais para o armazenamento da memória.
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Existem causas
orgânicas e psicológicas para a amnésia, como por exemplo:
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infecções
que atingem o tecido cerebral, como encefalites por herpes simples
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traumas
físicos, tais como ferimentos ou pancadas na cabeça
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derrame
cerebral, insuficiência vascular
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alcoolismo
e drogadição.
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Esse tipo de perda de memória acontece de repente e apresenta uma
desorientação maior para tempo, menor para local e pessoas. A pessoa pode ser
capaz de se recordar de eventos do passado distante, mas não do que aconteceu
ontem ou hoje.
Ilusão Mnêmica ou
Alomnésia (qualitativa)
São reminiscências deformadas da realidade.
Paramnésia ou
Alucinação de Memória(qualitativa)
São recordações de fatos que não aconteceram (refere-se mais ao
pensamento)
PENSAMENTO
É uma função psíquica superior que nos dá um juízo de realidade,
utilizando-se da consciência, memória, etc. O ato de pensar é um modo de
consciência que integra e relaciona objetos e fatos. Não existe pensar sem
objeto nem pensamento sem relação com objetos.
Tipos de Pensamento
Pensamento Mágico
É um pensamento primitivo encontrado nos selvagens, nas crianças e
esquizofrênicos. As integrações são estabelecidas com base nas
relações de similitude aparente. Nesta forma de pensar não existe fronteiras
nítidas entre o real e o irreal, entre o objetivo e o subjetivo, entre o eu e o
mundo exterior. O pensamento possui o Curso, que é justamente a velocidade do
Pensamento percebido pela fala. Possui a Forma, que é como o Pensamento está estruturado,
como se desencadeia as idéias. E por último, o Conteúdo, que são os juízos
feitos pelos fatos, idéias, etc. O pensamento ainda pode ser Acelerado, que é
uma alteração do pensamento excitado. Nesse estado ocorrem fugas de idéias. O
pensamento perde a sua meta e segue caminhos colaterais. Frases ficam
incompletas, assuntos inacabados. O pensamento ainda pode ser Lentificado, que
é o oposto ao anterior. Existindo lentidão ao evocar as representações.
Dificuldade de elaboração intelectual. Pode chegar ao mutismo. Muito comum na
depressão. Também com dificuldade de articular palavras.
Pensamento Lógico
É o pensamento que orienta a conduta do homem civilizado, é regido pelo
juízo e raciocínio. Este formado de pensar segue uma ordem racional regida por
três princípios:
Princípio da identidade – Se A é A, B é B.
Princípio da causalidade – não existe causa sem efeito.
Princípio da parte ao todo – Se A é parte de B, B não é parte de A.
Bloqueio do
Pensamento
É uma interrupção brusca do fluxo de idéias lançando o indivíduo num
vazio ideatório e deixando-o completamente perplexo, parado, como se toda sua
atividade mental ficasse paralizada. Após um certo tempo retorna a pensar,
dando continuidade a idéia anterior ou produzindo uma nova idéia.
Desagregação do
Pensamento
O pensamento sofre uma ruptura e se continua com outro pensamento que
nada tem a ver com o outro anteriormente, inclusive na temática. Quando é mais
intenso torna o pensamento do indivíduo incompreensível.
Intercepção do
Pensamento
É quando ele é bruscamente interrompido por outro, que penetra na
consciência da forma imposta.
Pensamento Prolixo
Comum na epilepsia, o pensamento prolixo é caracterizado pelo detalhismo
irrelevante e apego a coisas insignificantes.
Pensamento
Perseverante
É a aderência passiva, automática e obstinada a determinados temas, ou
frases, ou palavras, muitas das quais o paciente não consegue se desligar.
Ocorre em quadros de deficiência mental e demências.
Pensamento Obsessivo
São idéias ou representações que tentam impor-se a consciência de
maneira inopinada, interativa e persistente. Não há controle sobre ações e
pensamento. O paciente tem consciência do problema mas não se livra dele, nem
dá dúvida que lhe vem ao pensamento.
O que é Delirium? É uma síndrome na qual ocorre alteração de
consciência, alteração psicomotora, pensamento desagregado, alucinações e
delírios. Comum nas psicoses agudas ligadas a questões orgânicas(infecções,
intoxicações e traumatismo). Está muito ligado ao alcoolismo.
O que é Delírio? É uma alteração do conteúdo do pensamento, ou seja,
alteração do juízo ou julgamento. Quando há quebra da realidade. Ideias
delirantes constituem o próprio Delírio. Características dos juízos Delirantes:
Certeza absoluta, Convicção interior inabalável, Ininfluenciabilidade,
irredutibilidade e incorrigibilidade.
As Idéias Deliróides são distorcidas da realidade e podem ocorrer por
motivos ou quadros orgânicos. Possuem idéias errôneas, podem ocorrer em
indivíduos normais, influenciável pela persuasão, abalável e corrigível, são
estas as características.
Formas de Delírio:
Percepção Delirante
É uma alteração do significado de uma percepção real, de modo a que a
mesma se torne coerente com o tema delirante do indivíduo. Por exemplo: “Tomei
o médico por assassino, porque tinha cabelos tão pretos, nariz tão
adunco..."
Representações
Delirantes
É a atribuição de significado absurdo à reminiscências. O juízo é
modificado a partir de acontecimentos remotos. Ex.: "...numa noite
impôs-se a mim de repente e de um modo muito natural e evidente que a Sra. L. é
a causa provável destas coisas terríveis que têm me acontecido..."
Cognições delirantes
O paciente intui algo fora da realidade sem ser gerado por qualquer
percepção. Pode estar relacionado a uma vivência delirante profundamente ligada
ao sentimento, ex.: paciente que, ao ler a bíblia, acredita ser irmã de Maria,
lendo trechos como uma vivência própria.
Leitura: O paciente acredita que pode ler o pensamento dos outros.
Ocorre principalmente na esquizofrenia.
SENSOPERCEPÇÃO
É a função psíquica que permite ao indivíduo perceber e processar
informações do ambiente, através dos 5 órgãos dos sentidos. Um dos fatores que
mais influenciam a percepção é o investimento afetivo. Para que haja uma
percepção o destino deve ser dotado de carga afetiva. Sem esse investimento
afetivo a imagem perceptiva não chega ao campo da consciência. Nossa percepção
não identifica o mundo exterior como ele é na realidade, e sim como as
transformações, efetuadas pelos nossos órgãos dos sentidos nos permitem
reconhecê-lo. Assim é que transformamos fótons em imagens, vibrações em sons e
ruídos e reações químicas em cheiros e gostos específicos. Na verdade, o
universo é incolor, inodoro, insípido e silencioso, excluindo-se a
possibilidade que temos de percebê-lo de outra forma. Para a moderna
neurociência, o real conceito de percepção começou a brotar, quando Weber e
Fechner descobriram que o sistema sensorial extrai quatro atributos básicos de
um estímulo: modalidade, intensidade, tempo e localização. O ser humano se
espalha pela Terra em muitas localidades geográficas, em diversas culturas e
sociedades. Acompanhando essa diversidade existem também variações nos mundos
percebidos pelas pessoas, há diferenças na maneira pela qual os mesmos objetos
são percebidos em diferentes sistemas culturais. Uma criança que vive em nossos
centros urbanos, por exemplo, pode distinguir sem hesitação um grande número de
diferentes marcas de carros ao presenciar o trânsito das ruas, enquanto uma
criança que vive em regiões mais rurais e distantes desses grandes centros não
veria senão maiores diferenças entre as marcas e modelos observando o movimento
da mesma rua. Por outro lado, uma criança urbana ficaria maravilhada diante da
facilidade com que seus colegas rurais reconhecem diferentes modelos de ninhos
de aves e de sua capacidade para distinguir as menores variações nos tipos de
árvores.
Sensopercepção
Hoje não mais se admite como acontecia no passado que o nosso universo
perceptivo resulte do encontro entre um cérebro simples e as propriedades
físicas de um estímulo. Na verdade, as percepções diferem, qualitativamente,
das características físicas do estímulo, porque o cérebro extrai dele
informações e as interpretam em função de experiências anteriores com as quais
ela se associe. Nós experimentamos ondas eletromagnéticas, não como ondas, mas
como cores e as identificamos pautados em experiências anteriores. Experimentamos
vibrações, mas como sons, substâncias químicas dissolvidas em ar ou água como
cheiros e gostos específicos. Cores, tons, cheiros e gostos são construções da
mente a partir de experiências sensoriais. Eles não existem como tais, fora do
nosso cérebro. Assim, já se pode responder a uma das questões tradicionais dos
filósofos: Há som, quando uma árvore desaba numa floresta, se não tiver alguém
para ouvir ? Não, a queda da árvore gera vibrações e o som só ocorre se elas
forem percebidas por um ser vivo capaz de identificar tais vibrações como
estímulos sonoros. A peculiaridade da resposta de cada órgão sensorial é devida
à área neurológica onde terminam as vias aferentes provindas do receptor
periférico. O sistema sensorial começa a operar quando um estímulo, via de
regra, ambiental, é detectado por um neurônio sensitivo, o primeiro receptor
sensorial. Este converte a expressão física do estímulo (luz, som, calor,
pressão, paladar, cheiro) em potenciais de ação, que o transformam em sinais
elétricos. Daí ele é conduzido a uma área de processamento primário, onde se
elaboram as características iniciais da informação: cor, forma, distância,
tonalidade, etc, de acordo com a natureza do estímulo original. Em seguida, a
informação, já elaborada, é transmitida aos centros de processamento secundário
do tálamo. Se a informação é originada por estímulos olfativos, ela vai ser
processada no bulbo olfatório e depois segue para a parte média do lobo
temporal. Nos centros talâmicos, à informação se incorpora à outras, de origem
límbica ou cortical, relacionadas com experiências passadas similares. Finalmente,
já bastante modificada, esta informação é enviada ao seu centro cortical
específico. A esse nível, a natureza e a importância do que foi detectado são
determinados por um processo de identificação consciente a que denominamos
percepção.
A percepção normal
tem as seguintes características:
Nitidez – a imagem
apresenta-se de forma clara e delimitada.
Corporiedade – a
imagem é viva e corpórea.
Estabilidade – a
imagem é fixa.
Extrojeção – o objeto
é percebido fora dos limites do eu, ou seja, do lado de fora, externo.
Ininfluenciabilidade
voluntária – a imagem não é modificada pela nossa vontade consciente.
Alterações
Quantitativas
Consiste no aumento ou diminuição da intensidade, claridade e número dos
estímulos perceptivos. A diminuição estão nos estados depressivos, psicoses
infecciosas agudas. Abolição, no sono, coma profundo, na incapacidade funcional
por lesões nos órgãos sensoriais ou do Sistema Nervoso Central. Aumento, nos
quadros maníacos, algumas formas de epilepsia, hipertireoidismo, intoxicações
agudas (LSD, COCAÌNA)
Hipoestesia Sensorial
É a diminuição da sensibilidade cutânea. Na maioria dos estados de
depressão pode ser observada diminuição da sensibilidade aos estímulos
sensoriais, embora a propriocepção possa estar aumentada. Nesses casos há
diminuição dos reflexos tendinosos, elevação da sensibilidade fisiológica e lentidão
dos processos psíquicos.
Hipopercepção
É a diminuição de todas as qualidades sensoriais. Encontra-se:
catatonia, estados depressivos e confusionais.
Anestesia
Abolição total da sensibilidade.
Hiperestesia
Aumento da sensibilidade de um número limitado de sensações.
Alterações
Qualitativas
É a troca ou mudança de uma sensação comum pela outra. O indivíduo
refere ver sons ou ouvir cores e imagens. Podendo ser desagradável,
como a troca odor fétido para perfumes agradáveis, ou, paladar fétido para
alimentos saudáveis.
Ilusão
É uma deformação perceptiva da realidade. Pode ocorrer em função de
alterações de consciência, disprosexia, catatimia, etc. - Segundo Bleuler, as
ilusões são percepções reais falsificadas e estudadas sob o título engano dos
sentidos. Trata-se, na realidade, da interpretação distorcida de um objeto
real, uma falsificação da percepção de um objeto que, de fato, existe. É uma
percepção enganosa de um objeto real.
Alucinações
Aparecimento de uma imagem na consciência sem um objeto real (imagem
alucinatória), com as características de uma imagem perceptiva real e por isso
aceita pelo juízo de realidade.
Alucinações Visuais
São percepções visuais, como vimos, de objetos que não existem, tão
claras e intensas que dificilmente são removíveis pela argumentação lógica.
Mesmo o paciente referindo ter visto apenas vultos, tais vultos são muito
fielmente percebidos, portanto são reais para a pessoa que os percebe. Tal qual
nas Alucinações Auditivas, aqui também elas podem ser consideradas Elementares,
quando o objeto alucinado não tem uma forma específica: clarões, chamas, raios,
vultos, sombras, etc. Serão Complexas quando as formas se definem em figuras
nítidas: pessoas, monstros, demônios, animais, santos, anjos, bruxas.
Há determinadas ocasiões onde o transtorno Visual alucinatório adquire a
consistência de uma cena, uma situação como, por exemplo, ver uma carruagem
passando pela paciente e dela descer um príncipe. Neste caso falamos em
ALUCINAÇÕES ONIRÓIDES, como se transcorresse num sonhar acordado. No Delirium
Tremens do alcoolista, por exemplo, as Alucinações Visuais tem uma temática
predominantemente de bichos e animais peçonhentos (cobras, aranhas, percevejos,
jacarés, lagartos) e, neste caso, damos o sugestivo nome de ZOOPSIAS,
promovedoras de grande ansiedade e apreensão. Nas situações onde o paciente se
vê fora de seu próprio corpo falamos em ALUCINAÇÕES AUTOSCÓPICAS e, quando ele
consegue ver cenas e objetos fora de seu campo sensorial, como enxergar do lado
de fora da parede, teremos as ALUCINAÇÕES EXTRA-CAMPINAS. O conteúdo das
alucinações é extremamente variável, porém, guarda sempre uma íntima relação
com a bagagem cultural do paciente que alucina. Não é possível alucinar com
alguma coisa que não faça parte do mundo psíquico do paciente. Um físico
nuclear pode alucinar com um certo brilho atômico a revestir seus inimigos,
enquanto um cidadão menos diferenciado, com um espírito do morto a rondar sua
casa, ambos porém, independentemente do nível sócio-cultural têm a mesma
probabilidade de alucinar. A sofisticação e exuberância do material alucinado
dependerá da bagagem cultural de quem alucina mas não interfere na valorização
semiológica do fenômeno.
Alucinações Auditivas
Como as mais freqüentes, podem aparecer sob forma de Alucinações
Auditivas Elementares, quando a percepção diz respeito a sons inespecíficos,
tais como chiados, zumbidos, ruídos de sinos, roncos, assobios, etc. Em se
tratando de patologia mais séria, aparecem como Alucinações Auditivas
Complexas, onde se percebem vozes bem definidas. Essas vozes podem ter as mais
variadas características: diálogos entre mais de um interlocutor, comentários
sobre atos do paciente, críticas sobre a pessoa que alucina, podem ainda, por
outro lado, proferir injúrias e difamações, comunicar informações fantásticas,
sonorizar o pensamento do próprio paciente ou de terceiros. Tais vozes ouvidas
podem ser provenientes, na idéia do doente, do além, do sobrenatural, dos
demônios ou de Deus.
Alucinações Táteis
A percepção de estímulos táteis sem que exista o objeto correspondente é
observada principalmente nas psicoses tóxicas e nas psicoses delirantes
crônicas, como veremos adiante. Nestes casos, principalmente no Delirium
Tremens ou na dependência de cocaína, o paciente sente-se picado por pequenos
animais, insetos esquisitos, vermes que caminham sobre a pele, pancadas,
alfinetadas, queimaduras, estranhos carrapatos que penetraram em algum orifício
fisiológico, etc. Não são raros os casos de alucinação tátil que se caracteriza
pela sensação de ter-se as pernas puxadas à noite ou estrangulamento, sufocação
ou opressão antes de conciliar o sono. Quando esta percepção falseada diz
respeito aos órgãos internos ou ao esquema corporal falamos em ALUCINAÇÕES
CENESTÉSICAS. Nestes casos os doentes sentem como se tivessem seu fígado
revirado, esvaziado seu pulmão, seus intestinos arrancados, o cérebro apodrecido,
o coração rasgado, e assim por diante. As Alucinações Cenestésicas devem ser
diferenciadas das ALUCINAÇÕES CINESTÉSICAS, que não dizem respeito à sensação
tátil, mas sim aos movimentos (cine-movimento). Nas cinestesias os pacientes
percebem as paredes movendo-se ou eles próprios movendo-se no espaço. Um
paciente delirante crônico sentia que seu cérebro estava infestado de germes,
os quais, esporadicamente, escorriam-lhe pelo nariz. Neste caso uma Alucinação
Tátil Cenestésica. Outro queixava-se de inúmeros percevejos que furavam-lhe a
pele o tempo todo. Era um portador de Delirium Tremens, e, inclusive, mostrava
os insetos que conseguia apanhar para o médico (o qual, evidentemente, não os
via). Trata-se de Alucinações Táteis puras. Outro, já idoso, que sabia ter seus
pulmões corroídos por vermes provenientes de carne suína, tossia seguidamente e
vivia submetendo-se a freqüentes exames de raios X. Neste último caso, uma
Alucinação Cenestésica pura.
Alucinações
Gustativas e Olfativas
Normalmente, as Alucinações Olfativas e Gustativas estão associadas e
são raras. Estados delirantes cujo tema diz respeito à putrefação, o gosto e os
odores podem ser muito desagradáveis e são percebidos, como é típico de todas
alucinações, sem que exista o objeto correspondente ao gosto e ao cheiro. Algumas
auras epilépticas determinam o aparecimento de Alucinações Gustativas e/ou
Olfativas. Em geral os gostos alucinados aparentam ser de sangue, terra,
catarro ou qualquer outra coisa desagradável; os odores podem ser desde
perfumes exóticos até de fezes.
Alucinações
hipnagógicas
Ocorre ao adormecer.
Alucinações hipnopômpicas
Ocorre ao acordar. Não significam doença, pois podem ocorrer em
indivíduos sem doenças psiquiátricas.
Pseudo-alucinações
Não possui projeção no espaço e nem corporeidade. Surge como vozes
internas ou imagens internas e podem ocorrer nas mesmas situações das
alucinações.
Alucinoses
Possuem projeção no espaço externo e ocorre certa estranheza do paciente
quando ao fenômeno perceptivo ocorrido, podem surgir no rebaixamento do nível
de consciência e em lesões pedunculares e occipitais, assim como no alcoolismo
(por exemplo: alucinose alcoólica).
AFETIVIDADE E HUMOR
O que é
Afetividade e Humor? A afetividade compreende o estado de ânimo ou humor, os
sentimentos, as emoções e as paixões e reflete sempre a capacidade de
experimentar o mundo subjetivamente. A afetividade é quem determina a atitude
geral da pessoa diante de qualquer experiência vivencial, promove os impulsos
motivadores e inibidores, percebe os fatos de maneira agradável ou sofrível,
confere uma disposição indiferente ou entusiasmada e determina sentimentos
que oscilam entre dois pólos e transitam por infinitos tons entre esses dois
pólos, a depressão e a euforia. Desta forma, a afetividade é quem confere o
modo de relação do indivíduo à vida e será através da tonalidade desse estado
de ânimo que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou
indiretamente a afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e
sobre toda a conduta do indivíduo. Trata-se de uma qualidade vivencial do
indivíduo em relação ao objeto, do tipo de estado em que ele está na vivência
atual desse objeto. O objeto pode ser uma coisa, pessoa, acontecimento
externo, perspectivas futuras ou algo relativo ao estado de seu corpo - o que
chamamos de vivências externas. (o “corpo” aqui, está fora do
psíquico, por isso vivência externa). Existem também as vivências
internas, representadas pelos conteúdos ou acontecimentos mentais.
Entretanto, seja qual for a natureza da vivência, externa ou interna, ela só
participa da consciência se acoplada a um afeto. Às vezes temos a impressão
que a consciência só reconhece vivências quando grudadas nos afetos, e aquelas
sem estes, não têm significado existencial.
Assim
sendo, os afetos são inerentes às vivências, e não existe vivência sem afeto.
Isso faz a diferença entre a vida e a biografia de uma pessoa; a vida é uma
sucessão de vivências e a biografia, uma seqüência de fatos. Ao viver uma
vivência, a pessoa experimenta um estado afetivo intrinsecamente ligado a
essa vivência, que é a valoração emocional daquela vivência. Esse é, então, o
afeto integrado à vivência. O afeto é, portanto, uma qualidade vivencial e é,
conseqüentemente, o significado emocional daquilo que a pessoa está vivendo
naquele momento.
O
estado psíquico global com que a pessoa se apresenta e vive reflete a sua
afetividade. Tal como as lentes dos óculos, os filtros da afetividade fazem
com que o sol seja percebido com maior ou menor brilho, que a vida tenha
perspectivas otimistas ou pessimistas, que o passado seja revivido como um
fardo pesado ou, simplesmente, lembrado com suavidade. A afetividade
interfere qualitativamente na realidade percebida por cada um de nós, mais
precisamente, na representação que cada pessoa tem do mundo, de seu mundo. O
estado afetivo tende a impregnar as vivências de significado
sentimental. Podemos pensar na afetividade como o
tônus energético capaz de impulsionar o indivíduo para a vida, como uma
energia psíquica dirigida ao relacionamento do ser com sua vida, como o humor
necessário para valoração das vivências. A afetividade colore com matizes
variáveis todo relacionamento do sujeito com o objeto, faz com
que os fatos sejam percebidos desta ou daquela maneira, e que estimulem este
ou aquele sentimento. Afetos são os atributos da pessoa que
qualificam os objetos do mundo interno e externo. Em relação à
unidade-sujeito, em relação ao EU, os afetos nos permitem dizer: eu
estou triste, eu estou alegre, estou interessado, amando, com raiva. É
sempre um estado em que euestou. Deste modo, afetos são estados
do EU.
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O Humor é uma tonalidade afetiva que acompanha os processos psíquicos,
dando colorido à cognição, às percepções, aos conceitos, etc. O estado psíquico
global como a pessoa se apresenta e vive reflete a sua afetividade. Tal estado
interfere na realidade percebida por cada um, mais precisamente, na
representação que cada pessoa tem do mundo, e de si mesma.
O objeto pode ser uma coisa, pessoa, acontecimento externo, perspectivas
futuras ou algo relativo ao estado de seu corpo - o que chamamos de vivências
externas. (o “corpo” aqui, está fora do psíquico, por isso vivência externa).
Existem também as vivências internas, representadas pelos conteúdos ou acontecimentos
mentais. Entretanto, seja qual for a natureza da vivência, externa ou interna,
ela só participa da consciência se acoplada a um afeto. Às vezes temos a
impressão que a consciência só reconhece vivências quando grudadas nos afetos,
e aquelas sem estes, não têm significado existencial.
Estados Afetivos Fundamentais:
As emoções são súbitas rupturas do equilíbrio afetivo que repercutem na
integridade da consciência. Assumem intensidade variada, mas sempre de curta
duração. É uma experiência subjetiva ligada ao temperamento, a personalidade e
a motivação. E
os sentimentos são estados afetivos duráveis, mas de pouca intensidade.
Geralmente está revestido de tonalidades intelectuais e morais. Já a paixão é um
estado afetivo absorvente e tiranizante, que polariza a vida psíquica do
indivíduo na direção de um objeto único, que passa a monopolizar seus
sentimentos e suas ações.
Ansiedade
É um estado de expectativa e
inquietação interna que é suscitado por medo, frustração ou sofrimento.
Angustia
É um estado de ansiedade
acompanhado por sintomas somáticos neurovegetativos.
Hipertimia
É o aumento da intensidade e
duração do afeto resultando numa elevação do humor. Ocorre em indivíduos
hiperemotivos, mas também em estados patológicos como no hipertoroidismo,
intoxicações, psicopatas, estados maníacos.
Hipotimia
É a diminuição da intensidade
dos afetos e excitabilidade dos afetos. Ocorre na melancolia e estados
depressivos.
Estupor
Emocional
É a inibição momentânea e
transitória da excitabilidade aos estímulos. Estado caracterizado
pela ausência ou profunda diminuição de movimentos espontâneos, mutismo. O
paciente somente responde a estímulos vigorosos, após os quais retorna ao
estupor.
Distimia
É a ruptura súbita do equilíbrio afetivo que ora cursa para a tristeza
ora para a alegria. É um desvio patológico do humor.
Labilidade
Afetiva
Instabilidade e constante
mudança das reações afetivas. Normalmente em adolescentes, principalmente do
sexo feminino, mas também em histéricos, personalidade instável, etc.
Incontinência
Emocional
É a perda da capacidade de
controle emocional. Manifesta-se sob a forma de pranto convulso ou riso
incontido.
Alterações
do Afeto
Paratimia
Na paritimia as emoções do doente não se adequam, nem qualitativa (na
sua tonalidade, matização), nem quantitativamente (intensidade), de uma forma
natural, ao conteúdo da sua vivência atual, o que designa por incongruência do
humor. A paratimia observa-se claramente nos esquizofrênicos. A paratimia não é
um sintoma que se encontre só na área da patologia, uma boa disposição forçada
(«humor de força») para vencer o medo, luto, sentimento de abandono é um
exemplo para esta psicodinâmica. Um exemplo de paratimia é o caso de um doente
que ao mesmo tempo que se ri, informa que, durante a noite anterior, foi de
novo torturado da forma mais horrível, ou um outro que refere, num tom
corriqueiro e sem importância, que os seus intestinos estão carbonizados.
Neotimias
Vivência de sentimentos novos, extravagantes e inusitados. É um sintoma
típico da esquizofrenia.
Ambitimia
Coexitência de estados afetivos diversos e inconciliáveis. É um sintoma
da esquizofrenia.
VONTADE
É uma forma de desejo que se manifesta com uma perspectiva imediata ou
próxima de realização. É característico da vontade humana que o ato volitivo se
manifeste pelas expressões “eu quero” ou “eu não quero”. Os atos podem ser:
volitivos, impulsivos e instintivos. As etapas do Processo Volitivo podem ser
constituídas pela Intenção ou Propósito, fase em que aparece tendência à ação,
geralmente vivenciada sob forma de interesse. A Deliberação, em que se analisa
o que é favorável ou desfavorável e se é levado a uma opção. A Decisão,
instante no qual se demarca o início da decisão. E a Execução, fase final no
qual surgem movimentos físicos.
Hipobulia
É o enfraquecimento patológico do impulso. Diminuição da capacidade de
ter vontade. Dificuldade em transformar as decisões em ações.
Abulia
Abolição total da vontade. Completa impossibilidade do paciente agir de
modo próprio.
Hiperbulia
O aumento da energia volitiva. Só tem um caráter patológico quando
contraria o bem-estar social.
Atos impulsivos são os atos autônomos, súbitos, que são destituídos de
controle. As alterações do Impulso podem ser Contra Objetos ou Contra
Pessoas.
Contra Objetos:
Frangofialia
É quando o indivíduo estraçalha objetos inanimados.
Piromania
É quando o indivíduo possui impulso de atear fogo.
Contra Pessoas
São os Impulsos Homicidas e Suicidas.
Impulsos
Sistematizados
São atos que se repetem sempre da mesma maneira. São eles:
Toxicofilia, que é o
impulso de se viciar; Cleptomania, o de roubar sem necessidade, caracterizado
por uma ansiedade muito grande; Dromomania, impulso de andar a pé; Dipisomania,
o de ingerir líquidos estranhos.
Atos Instintivos
São atos motivados por instintos inerentes aos indivíduos que visam uma
finalidade específica. Toda alteração do instinto é considerada uma perversão.
Alterações dos
Instintos
Alimentares.
Anorexia
É uma alteração que se caracteriza pela inapetência exagerada de início
precoce e evolução crônica ou por fases.
Bulimia
Aumento insaciável e desordenado da fome. Alotriofagia, que é a
necessidade impulsiva de comer e beber coisas ou substâncias estranhas e
inadequadas.
Sexuais.
Necrofilia
Violação sexual de cadáveres. Específica do sexo masculino.
Pedofilia e
Gerontofilia
Diz respeito a escolha do objeto sexual.
Zoofilia
A escolha do objeto recai para certos animais domésticos.
Fetichismo
Só é patológico quando o prazer se restringe a objetos ou partes do
corpo feminino.
Voyerismo
Tendência impulsiva de expor seus órgãos sexuais.
Sadomazoquismo
Tendência patológica a crueldade amorosa.
PSICOMOTRICIDADE
É a expressão física da vida psíquica. Refere-se a execução
da necessidade que o indivíduo tem de se organizar e se mover no espaço com o
objetivo de satisfazer suas necessidades. A psicomotricidade reflete um estado
da vontade, que corresponde a execução de movimentos. Os movimentos podem ser
voluntários ou involuntários. Divide-se em neuromotricidade e psicomotricidade.
Alterações da
Psicomotricidade (distúrbios motores psicóticos).
Maneirismos
São caracterizados por gestos artificiais, ou linguagem e escrita
rebuscada, com uso de preciosismo verbal, floreados estilísticos e
caligráficos, etc. Ocorrem em esquizofrênicos, oligofrênicos e histéricos.
Ecopraxia
É uma imitação de um comportamento, sem propósito (gestos, atitudes
etc...). Pode haver ecolalia (sons), ecomimia (mímica) e ecografia (escrita).
Estereotipias
São repetições automáticas de movimentos, frases ou palavras sem nenhuma
finalidade. Em palavras, ocorre quando o paciente apresenta um pensamento
perseverante; de posição, postar-se como uma estátua; de lugar, repete o lugar
onde fica e de movimento, com os membros.
Negativismo
É a oposição ativa ou passiva às solicitações externas. Na passiva a
pessoa simplesmente deixa de fazer o que se pede sendo característico o mutismo
e a sitiofobia (medo de se comprometer, de ser internado, de ser envenenado).
Na ativa, a pessoa faz tudo ao contrário do que se pediu, e as vezes quando
desistimos eles o fazem sendo isso a "reação de última momento". O
negativismo verbal pode se apresentar na forma das pararespostas (ou seja, o
paciente entende a pergunta do entrevistador, porém não responde algo
compatível com a pergunta, e sim algo "ao lado", ou próximo). O
negativismo faz parte da série catatônica e representa ação imotivada e não
deliberada.
Obediência Automática
É o oposto ao negativismo, onde o paciente tem extrema
sugestionabilidade e faz tudo o que é mandado. Ocorre na esquizofrenia e
quadros demenciais.
Catalepsia,
Pseudo-Flexibilidade Cérea
Ocorre devido a hipertonia do tônus postural. Ocorre na histeria,
esquizofrenia e parkinsonismo. A flexibilidade cérea é a conservação de uma
posição, ocorrendo no parkinsonismo, enquanto que nos esquizofrênicos e
histéricos há pseudo-flexibilidade cérea, devido a influência de fatores
psicogênicos. Muitas vezes o paciente assume posições desagradáveis por mais
tempo do que poderia normalmente aguentar.
Agitação Psicomotora
Inquietação, excitação expressada pela necessidade incontida de
movimento.
Neuromotricidade
É a integração entre as funções motrizes e mentais sobre o efeito do
desenvolvimento do sistema nervoso, destacando as relações existentes
entre motricidade, mente e afetividade do indivíduo.
Distúrbios da
Motricidade
São aqueles provocados por distúrbios psicológicos.
Distúrbios Motores
Neurológicos
São aqueles causados por lesões nos sistemas: piramidal, provocando
paralisia simples; extrapiramidal dos Gânglios Basais e do Mesencéfalo,
alterando o tônus, mímica e coordenação; medular e cerebelar, coordenação e
sensibilidade.
O que é apraxia? É uma desordem neurológica que se caracteriza por provocar
uma perda da habilidade para executar movimentos e gestos precisos, apesar do
paciente ter a vontade e a habilidade física para os executar. Resulta de
disfunções nos hemisférios cerebrais, sobretudo do lobo parietal.
O que é Estupor? É a perda de toda atividade espontânea, atingindo
simultaneamente a mímica, a fala, a marcha, etc.
O que é Acinesia? Perda total ou parcial dos
movimentos do corpo.
LINGUAGEM
É qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de
idéias ou sentimentos através de signos convencionados, sonoros, gráficos,
gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos
sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies ou tipos: visual, auditiva, tátil, etc., ou, ainda,
outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos.
Os
elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras,
usados para representar conceitos de comunicação, idéias, significados e
pensamentos. Embora os animais também se comuniquem, a linguagem verbal
pertence apenas ao Homem.
Signos
São entidades em que sons ou sequências de sons ou as suas correspondências
gráficas estão ligados com significados ou conteúdos. Os signos são assim
instrumentos de comunicação e representação, na medida em que, com eles,
configuramos linguisticamente a realidade e distinguimos os objetos entre si.
Afasia
É a perda da capacidade de compreender ou falar palavras devido a uma
lesão cerebral.
Afasia de Broca (Motora
ou Expressão)
Caracteriza-se por grande dificuldade em falar, porém a compreensão da
linguagem encontra-se preservada. Essa síndrome é também dita como afasia não
fluente, de expressão ou motora: os pacientes conseguem executar normalmente a
leitura silenciosa, mas a escrita está comprometida. Esses pacientes possuem,
ainda, fraqueza na hemiface e membro superior direito (devido à proximidade das
regiões afetadas pelo distúrbio circulatório). Os pacientes têm consciência do
seu déficit e se deprimem com facilidade (frustração). Entretanto, o
prognóstico é bom quanto à recuperação de parte da linguagem falada, embora
sejam necessários meses para a realização de uma fala simples, abreviada, ainda
que não fluente.
Afasia de Wernicke (Compreensão)
Caracteriza-se por dificuldade na compreensão da linguagem, a fala é
fluente e faz pouco sentido. Essa síndrome é também denominada afasia fluente,
de recepção ou sensorial. Diferente dos pacientes com afasia de Broca, os
pacientes com essa síndrome começam a falar espontaneamente, embora de modo
vago, fugindo do objetivo da conversa. Pode existir parafasias, isto é, uma
palavra substituindo outra, como chamar uma colher de garfo (parafasia
literal), ou um som substituindo outro, como ao chamar uma colher de mulher
(parafasia verbal); geralmente, não apresentam fraqueza associada, os pacientes
não se dão conta de seu déficit e a recuperação é mais difícil.
Afasia Global
É a perda de todas as capacidades de linguagem: compreensão, fala,
leitura e escrita, sendo causado geralmente por um infarto completo no
território da artéria cerebral média esquerda; os pacientes, sendo assim, também
apresentam geralmente hemiplegia direita (total perda de força no lado direito
do corpo), além de demência associada; o prognóstico é mais reservado. Possível
presença de Mutismo.
Afasia Parcial
É a perda parcial da capacidade de articular palavras.
Afasia Sensorial
Trata-se de uma afasia de recepção, onde o indivíduo perde total ou
parcialmente a capacidade de falar ou de escrever porque não consegue controlar
os mecanismos cerebrais responsáveis pela linguagem.
Distúrbios
Articulatórios da Fala
São distúrbios causados pela desordem de movimentos musculares, não
sendo necessariamente relacionados a distúrbios psíquicos.
Disartria
Consiste na dificuldade de articular as palavras, devido a paresia,
paralisia ou ataxia dos músculos que intervêm na articulação. O transtorno é
maior para pronunciar os fonemas labiais (/p/, /b/ e /m/) e linguais (/t/, /d/,
/n/, e /l/), os quais são omitidos ou distorcidos durante a pronúncia das
palavras.
Anartria
A incapacidade de articulação das palavras. Quando a
disartria é muito grave ela impede o aparecimento da fala, tendo então o nome
de Anartria.
Dislalia
É um distúrbio da fala que se caracteriza pela dificuldade de
articulação de palavras. A criança com dislalia pronuncia algumas palavras de
forma incorreta, omitindo, trocando, distorcendo ou acrescentando fonemas ou
sílabas às mesmas. Um exemplo é o caso da personagem Cebolinha, que
confunde/troca o som R por L.
Disfonia
Uma modificação do timbre da voz.
Neologismo
São palavras criadas ou palavras já existentes empregadas com
significado desfigurado. Pode ser um sintoma comum na esquizofrenia.
Ecolalia
Ato de repetir palavras ou frases, sem observar o sentido, geralmente
repetindo até a entonação ouvida. Repetição doentia de uma ou mais
palavras da frase.
Acinesia
Perda total ou parcial dos movimentos do corpo.
Logorréia
Fluxo incessante de palavras desordenadas. Comuns nos estados maníacos e
hipomaníacos.
Agnosia tátil
É a perda da capacidade de reconhecer um determinado objeto. Descreve
como esse objeto é, mas não consegue dizer que objeto é aquele.
Agnosia Auditiva
É quando o paciente ouve sons e ruídos, porém não consegue
identificá-los, não os compreende.
Ecomímia
Repetição dos gestos.
Mutismo
Ausência total da fala. Podendo ocorrer por conta de alucinações, por
ordenação de uma voz que ameaça a pessoa de morte, caso ela fale.
Coprolalia
Linguagem expressa com palavras obscenas, palavrões de forma compulsiva.
Há impulso mórbido na verbalização das obscenidades.
Esquizofasia
Um discurso inteiramente incoerente. - É uma expressão criada por
Kraepelin para designar uma profunda alteração da expressão verbal, observada
em alguns esquizofrênicos paranóides, em resultado da qual a linguagem se torna
confusa e incoerente, sem que existam alterações graves do pensamento. Em sua
forma bem acentuada, a linguagem se apresenta como uma salada de palavras, em
que o enfermo emprega neologismos e palavras conhecidas com sentido
desfigurado, tornando o discurso inteiramente incompreensível.
Verbigeração
É a repetição incessante durante dias, semanas e até meses, de palavras
e frases pronunciadas em tom de voz monótono, declamatório ou patético. Ë
observada nos estados demenciais, em psicoses confusionais e na esquizofrenia,
especialmente na forma catatônica. - Mutismo é a ausência de linguagem oral. O
mutismo tem origem e mecanismos os mais variados. Nas doenças mentais, é
observado nos estados de estupor da confusão mental, da melancolia e da catatonia;
nos estados demenciais avançados, na paralisia geral e na demência senil. Na
esquizofrenia, o mutismo adquire uma importante significação. Pode decorrer,
nesse caso, de interceptação do pensamento, de perda de contato com a
realidade, de alucinações imperativas ou de idéias delirantes de culpabilidade.
Com muita freqüência, os catatônicos não falam nem respondem ao interrogatório,
dando-nos a impressão de que se encerram voluntariamente no mais completo
mutismo.
Mussitação
É a expressão da linguagem em voz muito baixa, murmura; o enfermo
movimenta os lábios de maneira automática, produzindo murmúrio ou som confuso.
É um sintoma próprio da esquizofrenia.
Pararresposta
É quando o paciente responde a uma indagação com algo que não tem nada a
ver com aquilo.
PRAGMATISMO
É a capacidade de ser prático, ou seja, executar ações condizentes com
sua vontade. Algumas alterações da Psicomotricidade afetam o pragmatismo,
são elas: A Ecopraxia, o Negativismo, a Obediência Automática, a Agitação e a
Inibição Psicomotora. As alterações da vontade também afetam o pragmatismo, são
elas: a Hipobulia e a Abulia.
Hipo ou Apragmatismo
É a diminuição ou abolição da capacidade de ser prático.
Conduta Inadequada
É a apresentação de conduta não condizente ao contexto. Como por
exemplo, quando ocorre o Negativismo.
Higiene Precária
É a incapacidade de cuidar da higiene pessoal, podendo haver
incontinência urinária e fecal.
INTELIGÊNCIA
É a capacidade de pensamento de cada um em cada momento de sua
existência. A capacidade de pensamento pode ser avaliada pela destreza que cada
indivíduo tem de adaptar-se a novas situações de modo consciente e deliberada. Um
indivíduo é tido como inteligente, quando:
Quanto melhor, mais rápido e mais facilmente, compreenda;
Quanto maior e mais variado for o número de associações que estabeleça
entre dados da compreensão;
Quanto melhor saiba ajuizar com segurança e raciocinar com lógica;
Quanto mais prontamente elabore novos conteúdos de pensamento,
Quanto melhor se adapte as exigências vitais.
CLASSIFICAÇÃO
Inteligência Prática ou Orgânica
É a inteligência das primeiras etapas do desenvolvimento infantil. É
voltada para as necessidades vitias primárias, ou seja, instintivas.
Inteligência Disponsional
A medida em que a idade avança e que o desenvolvimento mental progride
vai se formando um caminho entre vontade e objeto. A obtenção do fim exige a
aquisição de atos ideativos.
Inteligência Pura ou Teórica Lógica
Corresponde a nível superior do desenvolvimento. O fim ultrapassa os
limites vitais imediatos.
Imbecilidade Desarmônica
São indivíduos providos de boa capacidade mental, excelente memória
mecânica e boa capacidade linguística, mas suas cadeias associativas são pobres
e se mostram incapazes de solucionar situações vitais.
Estupidez Emocional
É um estado transitório de déficit intelectivo. São ocasionadas por
fatores de ordem caracterológico ou desarmonia com o meio(timidez, conflitos)
O que é Pseudo-Oligofrenia? Situação que leva a um estado transitório e
reversível da inteligência por razões somáticas ou psíquicas.