sexta-feira, 19 de julho de 2013

MINI DICIONÁRIO DE PSICOPATOLOGIA GERAL


Fonte: http://sebodomessias.com.br/sebo/detalheproduto.aspx?idItem=398628


* Coleta realizada por Jorge Roberto Fragoso Lins

Uma fonte rápida e prática para consultar alguns termos da Psicopatologia Geral.

CONSCIÊNCIA

É capacidade do indivíduo de dar-se conta da realidade externa e interna num determinado momento. É o processo psíquico integrador de todos os demais processos. Pois é a consciência que dá claridade à vivência e nitidez ao percebido. A consciência é avaliada pela lucidez, que significa a sua clareza; o alcance do campo, que mostra a sua amplitude e pelo grau de integração.

Extrema Vigilância

É o aumento do nível da atenção e que ocorre nos estados de excitação.

Vigilância Atenta

É o estado de vigilância o qual nos encontramos comumente. Existindo o controle voluntário, a atenção é seletiva e flexível.

Consciência Relaxada

Encontra-se nos estados de devaneio.  A atenção apresenta-se flutuante e involuntária.

Sonolência

É o estado entre a vigília e o sono. Os estímulos chegam atenuados à consciência, podendo acontecer estímulos visuais ou auditivos ao adormecer, que são as alucinações hipnagógicas. E as alucinações Hipnopômpica ao acordar.

Sono Superficial

É o estado no qual os estímulos não chegam à consciência, mas há a presença do pensamento onírico, ou seja, dos sonhos, mas o indivíduo pode ser despertado facilmente.

Sono Profundo
É a perda total da percepção dos estímulos externos, não havendo atividade onírica.

Abolição total da Consciência

No sono profundo, no grande ataque epilético ou em ausência semelhantes e no coma.

Alterações da Consciência

As Alterações da Consciência associam-se a Alterações de: Percepção, Atenção, Comportamento, Pensamento e Memória. As Alterações da Consciência acompanham-se de Alterações da Orientação inicialmente Alopsíquicas e posteriormente Autopsíquicas.

Alopsíquica

É quando a pessoa reconhece os dados fora do Eu; no ambiente: Temporal: dia, mês, ano em que está; em que parte do dia se localiza(manhã, tarde, noite)

Autopsíquica

É quando a pessoa reconhece os dados de identificação pessoal e sabe quem é.

Somatopsíquica

São alterações do esquema corporal. Ex: Membros Fantasma, Negação de uma Paralisia, A Incapacidade de Localizar o Próprio Nariz. 

Consciência do seu próprio Eu

Quando a mesma tiver ciente de sua identidade e do grupo social ao qual está inserida.

Alterações da Consciência do Eu Corporal
É quando a pessoa se sente incapaz de tomar consciência do seu próprio corpo.

Anosognosia

É a perda da consciência de um defeito físico ou enfermidade.

Hemiassomatognosia

Ocorre em pacientes que têm um lado do corpo paralisado.  É justamente a perda da tomada de consciência do lado que está paralisado.

Assomatognosia

É quando o paciente tem a convicção do desaparecimento do próprio corpo.

Membro Fantasma

É quando o paciente tem a sensação da existência de um membro amputado.

Falsa Transformação Corporal

Convicção do aumento ou diminuição de segmentos do corpo ou corpo inteiro.

Falseamento das Necessidades Corporais

Negação de fome, sede, cansaço, etc.

Alterações do Eu Psíquico

Referem-se a perda da identidade do Eu Psíquico. Esta identidade permite que haja um processo de formação do Eu, denominado de Personalização. Este processo leva o indivíduo a reconhecer suas próprias experiências como suas.

Perda da consciência da Unidade do Eu

O paciente assume mais de uma identidade, não perdendo necessariamente a sua. Ex: Transtornos psicóticos, Manias, etc. 

Perda da consciência da Identidade do Eu: O paciente continua apresentando uma ou mais identidade.

Perda da consciência da Autonomia do Eu

O paciente é controlado pelos outros, recebe ordens, podendo ser delirium real ou delírio projetado. Ex: Esquizofrenia paranóide.

Perda do limite do Eu Mundo

O paciente não faz distinções. Se confunde com o mundo externo, objetos, animais e pessoas.

Despersonalização

O paciente passa por um processo de estranheza consigo mesmo, com o Self. Não se reconhece a si mesmo.

Consciência do Eu Social

É a capacidade que a pessoa tem de se situar no mundo como parte desta realidade. É a capacidade de vivenciar o processo de socialização e adquirir consciência social. É a perda do egocentrismo da infância para aquisição da consciência do nós.

Desrealização

É um exemplo de uma alteração do Eu Social, a pessoa ao acordar não sabe onde está. 

ATENÇÃO

É o estado de concentração da atividade mental sobre um determinado objeto ou foco.

Tipo de Atenção:

Externa: Quando projetada para fora, seja ela sensorial ou motora.

Interna: Quando for projetada para dentro de si mesmo.

Qualidade: Com Tenacidade, quando existe um estímulo para um determinado foco. E na vigilância, quando o indivíduo dirige sua concentração a outro estímulo.

Alterações da Atenção

Hipoprosexia

É a diminuição global da atenção, ou o enfraquecimento acentuado da atenção em todos os seus aspectos. É observada em estados infecciosos, embriaguez alcoólica, psicoses tóxicas, esquizofrenia e depressão. Pode ocorrer por:

- falta de interesse (deprimidos e esquizofrênicos)
- déficit intelectual (oligofrenia e demência)
- alterações da consciência (delirium)

Os estados depressivos geralmente se acompanham de diminuição da capacidade de concentrar a atenção como um todo. No entanto, têm aumento da concentração ativa para temas depressivos (hipertenacidade).

Hiperprosexia

É o aumento da capacidade total da atenção, porém isto ocorre de forma involuntária. Ocorre em pacientes em estado de excitação.

Aprosexia

Abolição total da capacidade de atenção. Por exemplo, nos casos de pré-coma e coma. 

Distração

É o desvio da atenção de um indivíduo ou grupo a partir do objeto escolhido de atenção para a fonte de distração.  Ela é causada: falta de capacidade de prestar atenção, falta de interesse no objeto de atenção, maior interesse em algo que não seja o objeto de atenção, ou a grande intensidade, ou atratividade da fonte de distração. 

Desatenção Seletiva

É a exclusão de determinados aspectos da realidade para enfocar um outro que se queira colocar a atenção. Podendo ser consciente ou inconsciente.

ORIENTAÇÃO

É a capacidade de situar-se em relação a si e ao mundo no tempo e no espaço. É bastante complexo e exige a inter-relação entre vários dados psíquicos. A orientação requer atividades mentais como tendências instintivas, percepção, memória, atenção e inteligência. Alterações nestas atividades mentais podem levar a graus variados de desorientação.

Orientação autopsíquica

Relativa ao próprio indivíduo, ou seja, à capacidade de fornecer dados de sua identificação, saber quem é, seu nome, idade, nacionalidade, profissão, estado civil, etc.

Orientação alopsíquica

Relacionada ao tempo e espaço, ou seja, à capacidade de estabelecer informações corretas acerca do lugar onde se encontra tempo em que vive, dia da semana, do mês, etc.

As desordens destes dois estados são chamadas de desorientação autopsíquica e alopsíquica, respectivamente. Essas alterações dependem estritamente do tipo de perturbações das funções psíquicas a que se acham subordinadas a orientação no tempo, no espaço e sobre si próprio. Em geral, a desorientação ocorre de modo gradual, inicialmente em relação ao tempo, depois ao espaço e a ultima a ser alterada é a autopsíquica. Os tipos de desorientação distinguem-se ainda em três outras formas:

Desorientação apática

Decorrente de alterações da vida instinto-afetiva. Paciente está lúcido e percebe com clareza e nitidez o que se passa no mundo exterior, porém há falta de interesse, inibição psíquica ou insuficiente energia psíquica para a elaboração das percepções e raciocínio. O enfermo percebe o ambiente porém não forma um juízo sobre a sua própria situação. Ocorre com frequência em esquizofrênicos crônicos e em quadros depressivos.

Desorientação amnésica

Relativa ao bloqueio dos processos mnêmicos. Incapacidade do doente em fixar acontecimentos (memória) e consequentemente, incapacidade de orientar-se no tempo, espaço em relações com outras pessoas. Pode ocorrer em pacientes com quadros demenciais.

Desorientação delirante

Produzida por perturbações do juízo de realidade, devido à presença de falsos conteúdos (ou conteúdos anormais) no campo da consciência. Pode ocorrer em pacientes que estão psicóticos: na esquizofrenia, na mania e depressão psicótica. Os esquizofrênicos com desorientação delirante geralmente apresentam, também, dupla orientação.

Dupla orientação

Permanência simultânea da orientação verdadeira ao lado de uma falsa, ou seja, o mundo real sincrônico ao mundo psicótico, como ocorre em esquizofrênicos. Por exemplo, um paciente orientado em tempo e lugar que acredita estar no inferno ou em uma prisão.

Desorientação com turvação da consciência

Aqui a pessoa encontra-se desorientada pois está com comprometimento do nível de consciência. Ocorre no delirium, seja no causado devido ao álcool (tremens) ou por doenças físicas e/ou medicamentos.

Desorientação oligofrênica: A pessoa está com alteração do nível de orientação pois este não possui inteligência para correlacionar ambientes, pessoas, dias, etc. Pode ocorrer no retardo mental.

MEMÓRIA

É a capacidade psíquica que possibilita a um indivíduo fixar, conservar, reproduzir e evocar, sob a forma de representações, as sensações outrora vivenciadas. Desta forma, o indivíduo revive estados de consciência passados por meio da interação temporal de representações. Estas representações são também denominadas de engramas, que é a unidade mnêmica elementar, é a imagem perceptiva fixada e conservada.

Memória Orgânica

É aquela que é comum a todos os seres vivos. Automática e a serviço da conservação da espécie.

Memória Psíquica

É aquela que é influenciada pelos sentimentos, emoções e fantasias. É voluntária e involuntária.  Ela possui as fases de apreensão e fixação, que corresponde à memória retrógrada, que acontece logo após ao ato perceptivo e, a conservação e evocação, que é a capacidade de evocar lembranças passadas, atualizando memória que foram representadas.   

Hipermnésia

É o fenômeno caracterizado pelo o aumento da capacidade de se recordar fatos do passado recente ou remoto, mas não existe aumento da memória, aflorando detalhes que normalmente não temos acesso, contribuindo assim para um tratamento assertivo da questão trazida pela pessoa, sua eliminação ou o entendimento daquela questão que traziam incômodos.

Ecmnésia

Esquecimento de acontecimentos ou fatos recentes, com conservação da memória de fatos antigos, observa-se com freqüência na senilidade.

Amnésia ou Abolição da Memória

É a perda de memória, parcial ou completa.  É, geralmente, temporária e pode ser devida a:

sintomas de diversas doenças neurodegenerativas (aquelas em que o sistema nervoso se deteriora progressiva e irreversivelmente),
resultado de danos a partes do cérebro vitais para o armazenamento da memória.

Existem causas orgânicas e psicológicas para a amnésia, como por exemplo:
infecções que atingem o tecido cerebral, como encefalites por herpes simples
traumas físicos, tais como ferimentos ou pancadas na cabeça
derrame cerebral, insuficiência vascular
alcoolismo e drogadição.
Esse tipo de perda de memória acontece de repente e apresenta uma desorientação maior para tempo, menor para local e pessoas. A pessoa pode ser capaz de se recordar de eventos do passado distante, mas não do que aconteceu ontem ou hoje.

Ilusão Mnêmica ou Alomnésia (qualitativa)

São reminiscências deformadas da realidade.

Paramnésia ou Alucinação de Memória(qualitativa)

São recordações de fatos que não aconteceram (refere-se mais ao pensamento)

PENSAMENTO

É uma função psíquica superior que nos dá um juízo de realidade, utilizando-se da consciência, memória, etc. O ato de pensar é um modo de consciência que integra e relaciona objetos e fatos. Não existe pensar sem objeto nem pensamento sem relação com objetos.

Tipos de Pensamento


Pensamento Mágico

É um pensamento primitivo encontrado nos selvagens, nas crianças e esquizofrênicos.  As integrações são estabelecidas com base nas relações de similitude aparente. Nesta forma de pensar não existe fronteiras nítidas entre o real e o irreal, entre o objetivo e o subjetivo, entre o eu e o mundo exterior. O pensamento possui o Curso, que é justamente a velocidade do Pensamento percebido pela fala. Possui a Forma, que é como o Pensamento está estruturado, como se desencadeia as idéias. E por último, o Conteúdo, que são os juízos feitos pelos fatos, idéias, etc. O pensamento ainda pode ser Acelerado, que é uma alteração do pensamento excitado. Nesse estado ocorrem fugas de idéias. O pensamento perde a sua meta e segue caminhos colaterais. Frases ficam incompletas, assuntos inacabados. O pensamento ainda pode ser Lentificado, que é o oposto ao anterior. Existindo lentidão ao evocar as representações. Dificuldade de elaboração intelectual. Pode chegar ao mutismo. Muito comum na depressão. Também com dificuldade de articular palavras.

Pensamento Lógico

É o pensamento que orienta a conduta do homem civilizado, é regido pelo juízo e raciocínio. Este formado de pensar segue uma ordem racional regida por três princípios:

Princípio da identidade – Se A é A, B é B.
Princípio da causalidade – não existe causa sem efeito.
Princípio da parte ao todo – Se A é parte de B, B não é parte de A.

Bloqueio do Pensamento

É uma interrupção brusca do fluxo de idéias lançando o indivíduo num vazio ideatório e deixando-o completamente perplexo, parado, como se toda sua atividade mental ficasse paralizada. Após um certo tempo retorna a pensar, dando continuidade a idéia anterior  ou produzindo uma nova idéia.

Desagregação do Pensamento

O pensamento sofre uma ruptura e se continua com outro pensamento que nada tem a ver com o outro anteriormente, inclusive na temática. Quando é mais intenso torna o pensamento do indivíduo incompreensível.

Intercepção do Pensamento

É quando ele é bruscamente interrompido por outro, que penetra na consciência da forma imposta.

Pensamento Prolixo

Comum na epilepsia, o pensamento prolixo é caracterizado pelo detalhismo irrelevante e apego a coisas insignificantes.

Pensamento Perseverante

É a aderência passiva, automática e obstinada a determinados temas, ou frases, ou palavras, muitas das quais o paciente não consegue se desligar. Ocorre em quadros de deficiência mental e demências.

Pensamento Obsessivo

São idéias ou representações que tentam impor-se a consciência de maneira inopinada, interativa e persistente. Não há controle sobre ações e pensamento. O paciente tem consciência do problema mas não se livra dele, nem dá dúvida que lhe vem ao pensamento. 

O que é Delirium? É uma síndrome na qual ocorre alteração de consciência, alteração psicomotora, pensamento desagregado, alucinações e delírios. Comum nas psicoses agudas ligadas a questões orgânicas(infecções, intoxicações e traumatismo). Está muito ligado ao alcoolismo.

O que é Delírio? É uma alteração do conteúdo do pensamento, ou seja, alteração do juízo ou julgamento. Quando há quebra da realidade. Ideias delirantes constituem o próprio Delírio. Características dos juízos Delirantes: Certeza absoluta, Convicção interior inabalável, Ininfluenciabilidade, irredutibilidade e incorrigibilidade.

As Idéias Deliróides são distorcidas da realidade e podem ocorrer por motivos ou quadros orgânicos. Possuem idéias errôneas, podem ocorrer em indivíduos normais, influenciável pela persuasão, abalável e corrigível, são estas as características.

Formas de Delírio:  

Percepção Delirante

É uma alteração do significado de uma percepção real, de modo a que a mesma se torne coerente com o tema delirante do indivíduo. Por exemplo: “Tomei o médico por assassino, porque tinha cabelos tão pretos, nariz tão adunco..."

Representações Delirantes

É a atribuição de significado absurdo à reminiscências. O juízo é modificado a partir de acontecimentos remotos. Ex.: "...numa noite impôs-se a mim de repente e de um modo muito natural e evidente que a Sra. L. é a causa provável destas coisas terríveis que têm me acontecido..."

Cognições delirantes

O paciente intui algo fora da realidade sem ser gerado por qualquer percepção. Pode estar relacionado a uma vivência delirante profundamente ligada ao sentimento, ex.: paciente que, ao ler a bíblia, acredita ser irmã de Maria, lendo trechos como uma vivência própria.

Leitura: O paciente acredita que pode ler o pensamento dos outros. Ocorre principalmente na esquizofrenia.

SENSOPERCEPÇÃO

É a função psíquica que permite ao indivíduo perceber e processar informações do ambiente, através dos 5 órgãos dos sentidos. Um dos fatores que mais influenciam a percepção é o investimento afetivo. Para que haja uma percepção o destino deve ser dotado de carga afetiva. Sem esse investimento afetivo a imagem perceptiva não chega ao campo da consciência. Nossa percepção não identifica o mundo exterior como ele é na realidade, e sim como as transformações, efetuadas pelos nossos órgãos dos sentidos nos permitem reconhecê-lo. Assim é que transformamos fótons em imagens, vibrações em sons e ruídos e reações químicas em cheiros e gostos específicos. Na verdade, o universo é incolor, inodoro, insípido e silencioso, excluindo-se a possibilidade que temos de percebê-lo de outra forma. Para a moderna neurociência, o real conceito de percepção começou a brotar, quando Weber e Fechner descobriram que o sistema sensorial extrai quatro atributos básicos de um estímulo: modalidade, intensidade, tempo e localização. O ser humano se espalha pela Terra em muitas localidades geográficas, em diversas culturas e sociedades. Acompanhando essa diversidade existem também variações nos mundos percebidos pelas pessoas, há diferenças na maneira pela qual os mesmos objetos são percebidos em diferentes sistemas culturais. Uma criança que vive em nossos centros urbanos, por exemplo, pode distinguir sem hesitação um grande número de diferentes marcas de carros ao presenciar o trânsito das ruas, enquanto uma criança que vive em regiões mais rurais e distantes desses grandes centros não veria senão maiores diferenças entre as marcas e modelos observando o movimento da mesma rua. Por outro lado, uma criança urbana ficaria maravilhada diante da facilidade com que seus colegas rurais reconhecem diferentes modelos de ninhos de aves e de sua capacidade para distinguir as menores variações nos tipos de árvores.

Sensopercepção

Hoje não mais se admite como acontecia no passado que o nosso universo perceptivo resulte do encontro entre um cérebro simples e as propriedades físicas de um estímulo. Na verdade, as percepções diferem, qualitativamente, das características físicas do estímulo, porque o cérebro extrai dele informações e as interpretam em função de experiências anteriores com as quais ela se associe. Nós experimentamos ondas eletromagnéticas, não como ondas, mas como cores e as identificamos pautados em experiências anteriores. Experimentamos vibrações, mas como sons, substâncias químicas dissolvidas em ar ou água como cheiros e gostos específicos. Cores, tons, cheiros e gostos são construções da mente a partir de experiências sensoriais. Eles não existem como tais, fora do nosso cérebro. Assim, já se pode responder a uma das questões tradicionais dos filósofos: Há som, quando uma árvore desaba numa floresta, se não tiver alguém para ouvir ? Não, a queda da árvore gera vibrações e o som só ocorre se elas forem percebidas por um ser vivo capaz de identificar tais vibrações como estímulos sonoros. A peculiaridade da resposta de cada órgão sensorial é devida à área neurológica onde terminam as vias aferentes provindas do receptor periférico. O sistema sensorial começa a operar quando um estímulo, via de regra, ambiental, é detectado por um neurônio sensitivo, o primeiro receptor sensorial. Este converte a expressão física do estímulo (luz, som, calor, pressão, paladar, cheiro) em potenciais de ação, que o transformam em sinais elétricos. Daí ele é conduzido a uma área de processamento primário, onde se elaboram as características iniciais da informação: cor, forma, distância, tonalidade, etc, de acordo com a natureza do estímulo original. Em seguida, a informação, já elaborada, é transmitida aos centros de processamento secundário do tálamo. Se a informação é originada por estímulos olfativos, ela vai ser processada no bulbo olfatório e depois segue para a parte média do lobo temporal. Nos centros talâmicos, à informação se incorpora à outras, de origem límbica ou cortical, relacionadas com experiências passadas similares. Finalmente, já bastante modificada, esta informação é enviada ao seu centro cortical específico. A esse nível, a natureza e a importância do que foi detectado são determinados por um processo de identificação consciente a que denominamos percepção.

A percepção normal tem as seguintes características:

Nitidez – a imagem apresenta-se de forma clara e delimitada.
Corporiedade – a imagem é viva e corpórea.

Estabilidade – a imagem é fixa.
Extrojeção – o objeto é percebido fora dos limites do eu, ou seja, do lado de fora, externo.
Ininfluenciabilidade voluntária – a imagem não é modificada pela nossa vontade consciente.

Alterações Quantitativas

Consiste no aumento ou diminuição da intensidade, claridade e número dos estímulos perceptivos. A diminuição estão nos estados depressivos, psicoses infecciosas agudas. Abolição, no sono, coma profundo, na incapacidade funcional por lesões nos órgãos sensoriais ou do Sistema Nervoso Central. Aumento, nos quadros maníacos, algumas formas de epilepsia, hipertireoidismo, intoxicações agudas (LSD, COCAÌNA)

Hipoestesia Sensorial

É a diminuição da sensibilidade cutânea. Na maioria dos estados de depressão pode ser observada diminuição da sensibilidade aos estímulos sensoriais, embora a propriocepção possa estar aumentada. Nesses casos há diminuição dos reflexos tendinosos, elevação da sensibilidade fisiológica e lentidão dos processos psíquicos.

Hipopercepção

É a diminuição de todas as qualidades sensoriais. Encontra-se: catatonia, estados depressivos e confusionais.

Anestesia

Abolição total da sensibilidade.

Hiperestesia

Aumento da sensibilidade de um número limitado de sensações.

Alterações Qualitativas
É a troca ou mudança de uma sensação comum pela outra. O indivíduo refere ver sons ou ouvir cores e imagens.  Podendo ser desagradável, como a troca odor fétido para perfumes agradáveis, ou, paladar fétido para alimentos saudáveis.

Ilusão

É uma deformação perceptiva da realidade. Pode ocorrer em função de alterações de consciência, disprosexia, catatimia, etc. - Segundo Bleuler, as ilusões são percepções reais falsificadas e estudadas sob o título engano dos sentidos. Trata-se, na realidade, da interpretação distorcida de um objeto real, uma falsificação da percepção de um objeto que, de fato, existe. É uma percepção enganosa de um objeto real.

Alucinações

Aparecimento de uma imagem na consciência sem um objeto real (imagem alucinatória), com as características de uma imagem perceptiva real e por isso aceita pelo juízo de realidade. 

Alucinações Visuais

São percepções visuais, como vimos, de objetos que não existem, tão claras e intensas que dificilmente são removíveis pela argumentação lógica. Mesmo o paciente referindo ter visto apenas vultos, tais vultos são muito fielmente percebidos, portanto são reais para a pessoa que os percebe. Tal qual nas Alucinações Auditivas, aqui também elas podem ser consideradas Elementares, quando o objeto alucinado não tem uma forma específica: clarões, chamas, raios, vultos, sombras, etc. Serão Complexas quando as formas se definem em figuras nítidas: pessoas, monstros, demônios, animais, santos, anjos, bruxas.

Há determinadas ocasiões onde o transtorno Visual alucinatório adquire a consistência de uma cena, uma situação como, por exemplo, ver uma carruagem passando pela paciente e dela descer um príncipe. Neste caso falamos em ALUCINAÇÕES ONIRÓIDES, como se transcorresse num sonhar acordado. No Delirium Tremens do alcoolista, por exemplo, as Alucinações Visuais tem uma temática predominantemente de bichos e animais peçonhentos (cobras, aranhas, percevejos, jacarés, lagartos) e, neste caso, damos o sugestivo nome de ZOOPSIAS, promovedoras de grande ansiedade e apreensão. Nas situações onde o paciente se vê fora de seu próprio corpo falamos em ALUCINAÇÕES AUTOSCÓPICAS e, quando ele consegue ver cenas e objetos fora de seu campo sensorial, como enxergar do lado de fora da parede, teremos as ALUCINAÇÕES EXTRA-CAMPINAS. O conteúdo das alucinações é extremamente variável, porém, guarda sempre uma íntima relação com a bagagem cultural do paciente que alucina. Não é possível alucinar com alguma coisa que não faça parte do mundo psíquico do paciente. Um físico nuclear pode alucinar com um certo brilho atômico a revestir seus inimigos, enquanto um cidadão menos diferenciado, com um espírito do morto a rondar sua casa, ambos porém, independentemente do nível sócio-cultural têm a mesma probabilidade de alucinar. A sofisticação e exuberância do material alucinado dependerá da bagagem cultural de quem alucina mas não interfere na valorização semiológica do fenômeno.

Alucinações Auditivas

Como as mais freqüentes, podem aparecer sob forma de Alucinações Auditivas Elementares, quando a percepção diz respeito a sons inespecíficos, tais como chiados, zumbidos, ruídos de sinos, roncos, assobios, etc. Em se tratando de patologia mais séria, aparecem como Alucinações Auditivas Complexas, onde se percebem vozes bem definidas. Essas vozes podem ter as mais variadas características: diálogos entre mais de um interlocutor, comentários sobre atos do paciente, críticas sobre a pessoa que alucina, podem ainda, por outro lado, proferir injúrias e difamações, comunicar informações fantásticas, sonorizar o pensamento do próprio paciente ou de terceiros. Tais vozes ouvidas podem ser provenientes, na idéia do doente, do além, do sobrenatural, dos demônios ou de Deus.

Alucinações Táteis

A percepção de estímulos táteis sem que exista o objeto correspondente é observada principalmente nas psicoses tóxicas e nas psicoses delirantes crônicas, como veremos adiante. Nestes casos, principalmente no Delirium Tremens ou na dependência de cocaína, o paciente sente-se picado por pequenos animais, insetos esquisitos, vermes que caminham sobre a pele, pancadas, alfinetadas, queimaduras, estranhos carrapatos que penetraram em algum orifício fisiológico, etc. Não são raros os casos de alucinação tátil que se caracteriza pela sensação de ter-se as pernas puxadas à noite ou estrangulamento, sufocação ou opressão antes de conciliar o sono. Quando esta percepção falseada diz respeito aos órgãos internos ou ao esquema corporal falamos em ALUCINAÇÕES CENESTÉSICAS. Nestes casos os doentes sentem como se tivessem seu fígado revirado, esvaziado seu pulmão, seus intestinos arrancados, o cérebro apodrecido, o coração rasgado, e assim por diante. As Alucinações Cenestésicas devem ser diferenciadas das ALUCINAÇÕES CINESTÉSICAS, que não dizem respeito à sensação tátil, mas sim aos movimentos (cine-movimento). Nas cinestesias os pacientes percebem as paredes movendo-se ou eles próprios movendo-se no espaço. Um paciente delirante crônico sentia que seu cérebro estava infestado de germes, os quais, esporadicamente, escorriam-lhe pelo nariz. Neste caso uma Alucinação Tátil Cenestésica. Outro queixava-se de inúmeros percevejos que furavam-lhe a pele o tempo todo. Era um portador de Delirium Tremens, e, inclusive, mostrava os insetos que conseguia apanhar para o médico (o qual, evidentemente, não os via). Trata-se de Alucinações Táteis puras. Outro, já idoso, que sabia ter seus pulmões corroídos por vermes provenientes de carne suína, tossia seguidamente e vivia submetendo-se a freqüentes exames de raios X. Neste último caso, uma Alucinação Cenestésica pura.

Alucinações Gustativas e Olfativas

Normalmente, as Alucinações Olfativas e Gustativas estão associadas e são raras. Estados delirantes cujo tema diz respeito à putrefação, o gosto e os odores podem ser muito desagradáveis e são percebidos, como é típico de todas alucinações, sem que exista o objeto correspondente ao gosto e ao cheiro. Algumas auras epilépticas determinam o aparecimento de Alucinações Gustativas e/ou Olfativas. Em geral os gostos alucinados aparentam ser de sangue, terra, catarro ou qualquer outra coisa desagradável; os odores podem ser desde perfumes exóticos até de fezes.

Alucinações hipnagógicas

Ocorre ao adormecer.

Alucinações hipnopômpicas
Ocorre ao acordar. Não significam doença, pois podem ocorrer em indivíduos sem doenças psiquiátricas.

Pseudo-alucinações

Não possui projeção no espaço e nem corporeidade. Surge como vozes internas ou imagens internas e podem ocorrer nas mesmas situações das alucinações.

Alucinoses

Possuem projeção no espaço externo e ocorre certa estranheza do paciente quando ao fenômeno perceptivo ocorrido, podem surgir no rebaixamento do nível de consciência e em lesões pedunculares e occipitais, assim como no alcoolismo (por exemplo: alucinose alcoólica).

AFETIVIDADE E HUMOR

O que é Afetividade e Humor? A afetividade compreende o estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as emoções e as paixões e reflete sempre a capacidade de experimentar o mundo subjetivamente. A afetividade é quem determina a atitude geral da pessoa diante de qualquer experiência vivencial, promove os impulsos motivadores e inibidores, percebe os fatos de maneira agradável ou sofrível, confere uma disposição indiferente ou entusiasmada e determina sentimentos que oscilam entre dois pólos e transitam por infinitos tons entre esses dois pólos, a depressão e a euforia. Desta forma, a afetividade é quem confere o modo de relação do indivíduo à vida e será através da tonalidade desse estado de ânimo que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou indiretamente a afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a conduta do indivíduo. Trata-se de uma qualidade vivencial do indivíduo em relação ao objeto, do tipo de estado em que ele está na vivência atual desse objeto. O objeto pode ser uma coisa, pessoa, acontecimento externo, perspectivas futuras ou algo relativo ao estado de seu corpo - o que chamamos de vivências externas. (o “corpo” aqui, está fora do psíquico, por isso vivência externa). Existem também as vivências internas, representadas pelos conteúdos ou acontecimentos mentais. Entretanto, seja qual for a natureza da vivência, externa ou interna, ela só participa da consciência se acoplada a um afeto. Às vezes temos a impressão que a consciência só reconhece vivências quando grudadas nos afetos, e aquelas sem estes, não têm significado existencial. 

Assim sendo, os afetos são inerentes às vivências, e não existe vivência sem afeto. Isso faz a diferença entre a vida e a biografia de uma pessoa; a vida é uma sucessão de vivências e a biografia, uma seqüência de fatos. Ao viver uma vivência, a pessoa experimenta um estado afetivo intrinsecamente ligado a essa vivência, que é a valoração emocional daquela vivência. Esse é, então, o afeto integrado à vivência. O afeto é, portanto, uma qualidade vivencial e é, conseqüentemente, o significado emocional daquilo que a pessoa está vivendo naquele momento. 

O estado psíquico global com que a pessoa se apresenta e vive reflete a sua afetividade. Tal como as lentes dos óculos, os filtros da afetividade fazem com que o sol seja percebido com maior ou menor brilho, que a vida tenha perspectivas otimistas ou pessimistas, que o passado seja revivido como um fardo pesado ou, simplesmente, lembrado com suavidade. A afetividade interfere qualitativamente na realidade percebida por cada um de nós, mais precisamente, na representação que cada pessoa tem do mundo, de seu mundo. O estado afetivo tende a impregnar as vivências de significado sentimental.  Podemos pensar na afetividade como o tônus energético capaz de impulsionar o indivíduo para a vida, como uma energia psíquica dirigida ao relacionamento do ser com sua vida, como o humor necessário para valoração das vivências. A afetividade colore com matizes variáveis todo relacionamento do sujeito com o objeto, faz com que os fatos sejam percebidos desta ou daquela maneira, e que estimulem este ou aquele sentimento. Afetos são os  atributos da pessoa que qualificam os objetos do mundo interno e externo. Em relação à unidade-sujeito, em relação ao EU, os afetos nos permitem dizer: eu estou triste, eu estou alegre, estou interessado, amando, com raiva. É sempre um estado em que euestou. Deste modo, afetos são estados do EU.    

O Humor é uma tonalidade afetiva que acompanha os processos psíquicos, dando colorido à cognição, às percepções, aos conceitos, etc. O estado psíquico global como a pessoa se apresenta e vive reflete a sua afetividade. Tal estado interfere na realidade percebida por cada um, mais precisamente, na representação que cada pessoa tem do mundo, e de si mesma.

O objeto pode ser uma coisa, pessoa, acontecimento externo, perspectivas futuras ou algo relativo ao estado de seu corpo - o que chamamos de vivências externas. (o “corpo” aqui, está fora do psíquico, por isso vivência externa). Existem também as vivências internas, representadas pelos conteúdos ou acontecimentos mentais. Entretanto, seja qual for a natureza da vivência, externa ou interna, ela só participa da consciência se acoplada a um afeto. Às vezes temos a impressão que a consciência só reconhece vivências quando grudadas nos afetos, e aquelas sem estes, não têm significado existencial. 

Estados Afetivos Fundamentais:

As emoções são súbitas rupturas do equilíbrio afetivo que repercutem na integridade da consciência. Assumem intensidade variada, mas sempre de curta duração. É uma experiência subjetiva ligada ao temperamento, a personalidade e a motivação.  E os sentimentos são estados afetivos duráveis, mas de pouca intensidade. Geralmente está revestido de tonalidades intelectuais e morais. Já a paixão é um estado afetivo absorvente e tiranizante, que polariza a vida psíquica do indivíduo na direção de um objeto único, que passa a monopolizar seus sentimentos e suas ações.

Ansiedade

É um estado de expectativa e inquietação interna que é suscitado por medo, frustração ou sofrimento.

Angustia

É um estado de ansiedade acompanhado por sintomas somáticos neurovegetativos. 

Hipertimia

É o aumento da intensidade e duração do afeto resultando numa elevação do humor. Ocorre em indivíduos hiperemotivos, mas também em estados patológicos como no hipertoroidismo, intoxicações, psicopatas, estados maníacos.

Hipotimia
É a diminuição da intensidade dos afetos e excitabilidade dos afetos. Ocorre na melancolia e estados depressivos. 

Estupor Emocional

É a inibição momentânea e transitória da excitabilidade aos estímulos. Estado caracterizado pela ausência ou profunda diminuição de movimentos espontâneos, mutismo. O paciente somente responde a estímulos vigorosos, após os quais retorna ao estupor.

Distimia

É a ruptura súbita do equilíbrio afetivo que ora cursa para a tristeza ora para a alegria. É um desvio patológico do humor. 

Labilidade Afetiva

Instabilidade e constante mudança das reações afetivas. Normalmente em adolescentes, principalmente do sexo feminino, mas também em histéricos, personalidade instável, etc.

Incontinência Emocional

É a perda da capacidade de controle emocional. Manifesta-se sob a forma de pranto convulso ou riso incontido.

Alterações do Afeto

Paratimia

Na paritimia as emoções do doente não se adequam, nem qualitativa (na sua tonalidade, matização), nem quantitativamente (intensidade), de uma forma natural, ao conteúdo da sua vivência atual, o que designa por incongruência do humor. A paratimia observa-se claramente nos esquizofrênicos. A paratimia não é um sintoma que se encontre só na área da patologia, uma boa disposição forçada («humor de força») para vencer o medo, luto, sentimento de abandono é um exemplo para esta psicodinâmica. Um exemplo de paratimia é o caso de um doente que ao mesmo tempo que se ri, informa que, durante a noite anterior, foi de novo torturado da forma mais horrível, ou um outro que refere, num tom corriqueiro e sem importância, que os seus intestinos estão carbonizados.

Neotimias

Vivência de sentimentos novos, extravagantes e inusitados. É um sintoma típico da esquizofrenia.

Ambitimia

Coexitência de estados afetivos diversos e inconciliáveis. É um sintoma da esquizofrenia.

VONTADE

É uma forma de desejo que se manifesta com uma perspectiva imediata ou próxima de realização. É característico da vontade humana que o ato volitivo se manifeste pelas expressões “eu quero” ou “eu não quero”. Os atos podem ser: volitivos, impulsivos e instintivos. As etapas do Processo Volitivo podem ser constituídas pela Intenção ou Propósito, fase em que aparece tendência à ação, geralmente vivenciada sob forma de interesse. A Deliberação, em que se analisa o que é favorável ou desfavorável e se é levado a uma opção. A Decisão, instante no qual se demarca o início da decisão. E a Execução, fase final no qual surgem movimentos físicos.

Hipobulia

É o enfraquecimento patológico do impulso. Diminuição da capacidade de ter vontade. Dificuldade em transformar as decisões em ações.

Abulia

Abolição total da vontade. Completa impossibilidade do paciente agir de modo próprio.

Hiperbulia
O aumento da energia volitiva. Só tem um caráter patológico quando contraria o bem-estar social. 

Atos impulsivos são os atos autônomos, súbitos, que são destituídos de controle. As alterações do Impulso podem ser Contra Objetos ou Contra Pessoas.

Contra Objetos:

Frangofialia

É quando o indivíduo estraçalha objetos inanimados.

Piromania

É quando o indivíduo possui impulso de atear fogo. 

Contra Pessoas

São os Impulsos Homicidas e Suicidas.

Impulsos Sistematizados

São atos que se repetem sempre da mesma maneira. São eles:

Toxicofilia, que é o impulso de se viciar; Cleptomania, o de roubar sem necessidade, caracterizado por uma ansiedade muito grande; Dromomania, impulso de andar a pé; Dipisomania, o de ingerir líquidos estranhos.  

Atos Instintivos

São atos motivados por instintos inerentes aos indivíduos que visam uma finalidade específica. Toda alteração do instinto é considerada uma perversão.

Alterações dos Instintos

Alimentares.

Anorexia

É uma alteração que se caracteriza pela inapetência exagerada de início precoce e evolução crônica ou por fases.

Bulimia

Aumento insaciável e desordenado da fome. Alotriofagia, que é a necessidade impulsiva de comer e beber coisas ou substâncias estranhas e inadequadas.

Sexuais.

Necrofilia

Violação sexual de cadáveres. Específica do sexo masculino.

Pedofilia e Gerontofilia

Diz respeito a escolha do objeto sexual.

Zoofilia

A escolha do objeto recai para certos animais domésticos.

Fetichismo

Só é patológico quando o prazer se restringe a objetos ou partes do corpo feminino.

Voyerismo

Tendência impulsiva de expor seus órgãos sexuais.

Sadomazoquismo

Tendência patológica a crueldade amorosa.

PSICOMOTRICIDADE

É a expressão física da vida psíquica.  Refere-se a execução da necessidade que o indivíduo tem de se organizar e se mover no espaço com o objetivo de satisfazer suas necessidades. A psicomotricidade reflete um estado da vontade, que corresponde a execução de movimentos. Os movimentos podem ser voluntários ou involuntários. Divide-se em neuromotricidade e psicomotricidade.

Alterações da Psicomotricidade (distúrbios motores psicóticos).

Maneirismos

São caracterizados por gestos artificiais, ou linguagem e escrita rebuscada, com uso de preciosismo verbal, floreados estilísticos e caligráficos, etc. Ocorrem em esquizofrênicos, oligofrênicos e histéricos.

Ecopraxia

É uma imitação de um comportamento, sem propósito (gestos, atitudes etc...). Pode haver ecolalia (sons), ecomimia (mímica) e ecografia (escrita).

Estereotipias

São repetições automáticas de movimentos, frases ou palavras sem nenhuma finalidade. Em palavras, ocorre quando o paciente apresenta um pensamento perseverante; de posição, postar-se como uma estátua; de lugar, repete o lugar onde fica e de movimento, com os membros.

Negativismo

É a oposição ativa ou passiva às solicitações externas. Na passiva a pessoa simplesmente deixa de fazer o que se pede sendo característico o mutismo e a sitiofobia (medo de se comprometer, de ser internado, de ser envenenado). Na ativa, a pessoa faz tudo ao contrário do que se pediu, e as vezes quando desistimos eles o fazem sendo isso a "reação de última momento". O negativismo verbal pode se apresentar na forma das pararespostas (ou seja, o paciente entende a pergunta do entrevistador, porém não responde algo compatível com a pergunta, e sim algo "ao lado", ou próximo). O negativismo faz parte da série catatônica e representa ação imotivada e não deliberada.

Obediência Automática

É o oposto ao negativismo, onde o paciente tem extrema sugestionabilidade e faz tudo o que é mandado. Ocorre na esquizofrenia e quadros demenciais.

Catalepsia, Pseudo-Flexibilidade Cérea

Ocorre devido a hipertonia do tônus postural. Ocorre na histeria, esquizofrenia e parkinsonismo. A flexibilidade cérea é a conservação de uma posição, ocorrendo no parkinsonismo, enquanto que nos esquizofrênicos e histéricos há pseudo-flexibilidade cérea, devido a influência de fatores psicogênicos. Muitas vezes o paciente assume posições desagradáveis por mais tempo do que poderia normalmente aguentar.

Agitação Psicomotora

Inquietação, excitação expressada pela necessidade incontida de movimento.

Neuromotricidade

É a integração entre as funções motrizes e mentais sobre o efeito do desenvolvimento do sistema nervoso, destacando as relações existentes entre motricidade, mente e afetividade do indivíduo.

Distúrbios da Motricidade

São aqueles provocados por distúrbios psicológicos.

Distúrbios Motores Neurológicos

São aqueles causados por lesões nos sistemas: piramidal, provocando paralisia simples; extrapiramidal dos Gânglios Basais e do Mesencéfalo, alterando o tônus, mímica e coordenação; medular e cerebelar, coordenação e sensibilidade. 

O que é apraxia? É uma desordem neurológica que se caracteriza por provocar uma perda da habilidade para executar movimentos e gestos precisos, apesar do paciente ter a vontade e a habilidade física para os executar. Resulta de disfunções nos hemisférios cerebrais, sobretudo do lobo parietal.

O que é Estupor? É a perda de toda atividade espontânea, atingindo simultaneamente a mímica, a fala, a marcha, etc.

O que é Acinesia?  Perda total ou parcial dos movimentos do corpo.

LINGUAGEM

É qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de idéias ou sentimentos através de signos convencionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies ou tipos: visualauditivatátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos.

Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestossinaissonssímbolos ou palavras, usados para representar conceitos de comunicação, idéias, significados e pensamentos. Embora os animais também se comuniquem, a linguagem verbal pertence apenas ao Homem.

Signos

São entidades em que sons ou sequências de sons ou as suas correspondências gráficas estão ligados com significados ou conteúdos. Os signos são assim instrumentos de comunicação e representação, na medida em que, com eles, configuramos linguisticamente a realidade e distinguimos os objetos entre si.

Afasia

É a perda da capacidade de compreender ou falar palavras devido a uma lesão cerebral.

Afasia de Broca (Motora ou Expressão)

Caracteriza-se por grande dificuldade em falar, porém a compreensão da linguagem encontra-se preservada. Essa síndrome é também dita como afasia não fluente, de expressão ou motora: os pacientes conseguem executar normalmente a leitura silenciosa, mas a escrita está comprometida. Esses pacientes possuem, ainda, fraqueza na hemiface e membro superior direito (devido à proximidade das regiões afetadas pelo distúrbio circulatório). Os pacientes têm consciência do seu déficit e se deprimem com facilidade (frustração). Entretanto, o prognóstico é bom quanto à recuperação de parte da linguagem falada, embora sejam necessários meses para a realização de uma fala simples, abreviada, ainda que não fluente.

Afasia de Wernicke (Compreensão)

Caracteriza-se por dificuldade na compreensão da linguagem, a fala é fluente e faz pouco sentido. Essa síndrome é também denominada afasia fluente, de recepção ou sensorial. Diferente dos pacientes com afasia de Broca, os pacientes com essa síndrome começam a falar espontaneamente, embora de modo vago, fugindo do objetivo da conversa. Pode existir parafasias, isto é, uma palavra substituindo outra, como chamar uma colher de garfo (parafasia literal), ou um som substituindo outro, como ao chamar uma colher de mulher (parafasia verbal); geralmente, não apresentam fraqueza associada, os pacientes não se dão conta de seu déficit e a recuperação é mais difícil.

Afasia Global

É a perda de todas as capacidades de linguagem: compreensão, fala, leitura e escrita, sendo causado geralmente por um infarto completo no território da artéria cerebral média esquerda; os pacientes, sendo assim, também apresentam geralmente hemiplegia direita (total perda de força no lado direito do corpo), além de demência associada; o prognóstico é mais reservado. Possível presença de Mutismo.

Afasia Parcial

É a perda parcial da capacidade de articular palavras.

Afasia Sensorial

Trata-se de uma afasia de recepção, onde o indivíduo perde total ou parcialmente a capacidade de falar ou de escrever porque não consegue controlar os mecanismos cerebrais responsáveis pela linguagem.

Distúrbios Articulatórios da Fala

São distúrbios causados pela desordem de movimentos musculares, não sendo necessariamente relacionados a distúrbios psíquicos.

Disartria

Consiste na dificuldade de articular as palavras, devido a paresia, paralisia ou ataxia dos músculos que intervêm na articulação. O transtorno é maior para pronunciar os fonemas labiais (/p/, /b/ e /m/) e linguais (/t/, /d/, /n/, e /l/), os quais são omitidos ou distorcidos durante a pronúncia das palavras.

Anartria

A incapacidade de articulação das palavras.  Quando a disartria é muito grave ela impede o aparecimento da fala, tendo então o nome de Anartria.

Dislalia

É um distúrbio da fala que se caracteriza pela dificuldade de articulação de palavras. A criança com dislalia pronuncia algumas palavras de forma incorreta, omitindo, trocando, distorcendo ou acrescentando fonemas ou sílabas às mesmas. Um exemplo é o caso da personagem Cebolinha, que confunde/troca o som R por L.

Disfonia

Uma modificação do timbre da voz.

Neologismo 

São palavras criadas ou palavras já existentes empregadas com significado desfigurado. Pode ser um sintoma comum na esquizofrenia.

Ecolalia 

Ato de repetir palavras ou frases, sem observar o sentido, geralmente repetindo até a entonação ouvida. Repetição doentia de uma ou mais palavras da frase.

Acinesia  

Perda total ou parcial dos movimentos do corpo.

Logorréia

Fluxo incessante de palavras desordenadas. Comuns nos estados maníacos e hipomaníacos. 

Agnosia tátil

É a perda da capacidade de reconhecer um determinado objeto. Descreve como esse objeto é, mas não consegue dizer que objeto é aquele.

Agnosia Auditiva

É quando o paciente ouve sons e ruídos, porém não consegue identificá-los, não os compreende. 

Ecomímia

Repetição dos gestos.

Mutismo

Ausência total da fala. Podendo ocorrer por conta de alucinações, por ordenação de uma voz que ameaça a pessoa de morte, caso ela fale.

Coprolalia

Linguagem expressa com palavras obscenas, palavrões de forma compulsiva. Há impulso mórbido na verbalização das obscenidades.

Esquizofasia  

Um discurso inteiramente incoerente. - É uma expressão criada por Kraepelin para designar uma profunda alteração da expressão verbal, observada em alguns esquizofrênicos paranóides, em resultado da qual a linguagem se torna confusa e incoerente, sem que existam alterações graves do pensamento. Em sua forma bem acentuada, a linguagem se apresenta como uma salada de palavras, em que o enfermo emprega neologismos e palavras conhecidas com sentido desfigurado, tornando o discurso inteiramente incompreensível.

Verbigeração

É a repetição incessante durante dias, semanas e até meses, de palavras e frases pronunciadas em tom de voz monótono, declamatório ou patético. Ë observada nos estados demenciais, em psicoses confusionais e na esquizofrenia, especialmente na forma catatônica. - Mutismo é a ausência de linguagem oral. O mutismo tem origem e mecanismos os mais variados. Nas doenças mentais, é observado nos estados de estupor da confusão mental, da melancolia e da catatonia; nos estados demenciais avançados, na paralisia geral e na demência senil. Na esquizofrenia, o mutismo adquire uma importante significação. Pode decorrer, nesse caso, de interceptação do pensamento, de perda de contato com a realidade, de alucinações imperativas ou de idéias delirantes de culpabilidade. Com muita freqüência, os catatônicos não falam nem respondem ao interrogatório, dando-nos a impressão de que se encerram voluntariamente no mais completo mutismo.

Mussitação 

É a expressão da linguagem em voz muito baixa, murmura; o enfermo movimenta os lábios de maneira automática, produzindo murmúrio ou som confuso. É um sintoma próprio da esquizofrenia.

Pararresposta 

É quando o paciente responde a uma indagação com algo que não tem nada a ver com aquilo.

PRAGMATISMO

É a capacidade de ser prático, ou seja, executar ações condizentes com sua vontade. Algumas alterações da Psicomotricidade afetam o pragmatismo, são elas: A Ecopraxia, o Negativismo, a Obediência Automática, a Agitação e a Inibição Psicomotora. As alterações da vontade também afetam o pragmatismo, são elas: a Hipobulia e a Abulia.

Hipo ou Apragmatismo

É a diminuição ou abolição da capacidade de ser prático.

Conduta Inadequada 

É a apresentação de conduta não condizente ao contexto. Como por exemplo, quando ocorre o Negativismo.

Higiene Precária

É a incapacidade de cuidar da higiene pessoal, podendo haver incontinência urinária e fecal.

INTELIGÊNCIA

É a capacidade de pensamento de cada um em cada momento de sua existência. A capacidade de pensamento pode ser avaliada pela destreza que cada indivíduo tem de adaptar-se a novas situações de modo consciente e deliberada.  Um indivíduo é tido como inteligente, quando:

Quanto melhor, mais rápido e mais facilmente, compreenda;
Quanto maior e mais variado for o número de associações que estabeleça entre dados da compreensão;
Quanto melhor saiba ajuizar com segurança e raciocinar com lógica;
Quanto mais prontamente elabore novos conteúdos de pensamento,
Quanto melhor se adapte as exigências vitais.  

CLASSIFICAÇÃO

Inteligência Prática ou Orgânica

É a inteligência das primeiras etapas do desenvolvimento infantil. É voltada para as necessidades vitias primárias, ou seja, instintivas.

Inteligência Disponsional

A medida em que a idade avança e que o desenvolvimento mental progride vai se formando um caminho entre vontade e objeto. A obtenção do fim exige a aquisição de atos ideativos.

Inteligência Pura ou Teórica Lógica

Corresponde a nível superior do desenvolvimento. O fim ultrapassa os limites vitais imediatos. 

Imbecilidade Desarmônica

São indivíduos providos de boa capacidade mental, excelente memória mecânica e boa capacidade linguística, mas suas cadeias associativas são pobres e se mostram incapazes de solucionar situações vitais.

Estupidez Emocional

É um estado transitório de déficit intelectivo. São ocasionadas por fatores de ordem caracterológico ou desarmonia com o meio(timidez, conflitos)
O que é Pseudo-Oligofrenia? Situação que leva a um estado transitório e reversível da inteligência por razões somáticas ou psíquicas.




2 comentários:

  1. excelente!revisei conceitos que já havia esquecido ou tinha dúvidas

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  2. Tudo bem claro e explicadinho. Gostei de ler cada conceito desses e parabéns pela iniciativa.

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