quinta-feira, 18 de julho de 2013

A MEMÓRIA E SUAS REDES

Fonte: http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-funcionam/pesquisa-lanca-luz-sobre-como-a-memoria-funciona/

* Por Jorge Roberto Fragoso Lins

A memória está inclusa em todas as atividades do reino animal, sobretudo, no reino hominal com uma especialidade maior neste reino, o de possuir um sistema cerebral mais requintado e complexo que permite que o indivíduo utilize de uma lógica mais enriquecida em seu pensar. A memória está inserida desde as mais simples e involuntárias funções às mais complexas.  A memória está inserida no desenvolvimento de nossas habilidades, no reconhecimento das informações sensitivas e sensoriais provenientes da visão, audição, olfação, gosto, e tato. A memória também registra respostas de nosso mundo interno e do ambiente que nos rodeia – externo –, a nossa comunicação necessita da memória, auxiliando-nos no armazenamento das palavras e de seus significados e sentidos, e tantos outros aspectos. Mas para isso, a memória utiliza-se de algumas interfaces que agem como facilitadores da armazenagem mnêmica e que prestam um valioso papel de organização e de interligação de conteúdos. Essas interfaces ou ferramentas são denominadas de Esquema, Redes Semânticas e Redes Conexionistas. Todo e qualquer conhecimento é representado e organizado através dessas ferramentas.  

A primeira consiste em um conjunto organizado de conhecimentos a respeito de um objeto em particular ou evento abstraído de experiência anterior. O armazenamento nesse processo contará com uma idéia pré-estabelecida de um conjunto de informações que colaboram na formação de um contexto de absorção mnêmica. Esse tipo de processo poderá acarretar falhas em toda cadeia perceptiva, afetando a atenção seletiva, o armazenamento e conseguintemente a recordação do conteúdo, pois a percepção estaria comprometida pelo conjunto de informação que já se encontrava organizado a respeito do objeto ou evento absorvido de uma experiência anterior. Objetos ou eventos não existentes poderiam se fazer presentes por causa de um contexto pré-estabelecido na cabeça da pessoa. Ou seja, a memória poderia ser enganada por um cenário representativo que se formou de um determinado ambiente.

A segunda (Redes Semânticas) consiste em pontos que representam conceitos interligados. O processo aqui empregado é o associativo. Uma palavra ou coisa faria o papel de lembrar um conteúdo mnêmico armazenado. Entretanto para que isso ocorrer é necessário que essa associação possua pertinência, ou seja, uma aproximação do que está pretendendo invocar através dos intercâmbios associativos, como por exemplo, a cor vermelha poderia ser associada ao sangue que circula na veia, e feita essa associação, o sujeito facilmente lembraria de que havia prometido para si mesmo que assim que saísse de casa iria doar seu sangue no Hemope.    

A terceira (Redes Conexionistas) são os modelos conexionistas ou de Processamentos Distribuídos em Paralelo (PDP). Presumem que os processos cognitivos dependem de padrões de ativação em redes computacionais altamente interconectadas que se parecem com as redes neurais. Os conteúdos mnêmicos são distribuídos por todo um complexo de redes de armazenamentos, possuindo um determinado setor para absorver esse ou aquele conteúdo. Entretanto, como o próprio nome diz, existem as conexões setoriais que favorecerão o intercâmbio entre eles, auxiliando o estimulo de invocação de um conteúdo mnêmico que esteja em outro setor ou unidade da rede. Mas também, em razão disso, os conteúdos específicos de uma unidade só poderão ser ativados por estímulos específicos que correspondam aos padrões daquela unidade. 

*Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.


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