Fonte: http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-funcionam/pesquisa-lanca-luz-sobre-como-a-memoria-funciona/
* Por Jorge Roberto Fragoso Lins
A memória está inclusa em todas
as atividades do reino animal, sobretudo, no reino hominal com uma
especialidade maior neste reino, o de possuir um sistema cerebral mais
requintado e complexo que permite que o indivíduo utilize de uma lógica mais
enriquecida em seu pensar. A memória está inserida desde as mais simples e
involuntárias funções às mais complexas. A memória está inserida no desenvolvimento de
nossas habilidades, no reconhecimento das informações sensitivas e sensoriais provenientes
da visão, audição, olfação, gosto, e tato. A memória também registra respostas de
nosso mundo interno e do ambiente que nos rodeia – externo –, a nossa
comunicação necessita da memória, auxiliando-nos no armazenamento das palavras
e de seus significados e sentidos, e tantos outros aspectos. Mas para isso, a memória
utiliza-se de algumas interfaces que agem como facilitadores da armazenagem
mnêmica e que prestam um valioso papel de organização e de interligação de
conteúdos. Essas interfaces ou ferramentas são denominadas de Esquema, Redes Semânticas e Redes Conexionistas. Todo e qualquer
conhecimento é representado e organizado através dessas ferramentas.
A primeira consiste em um
conjunto organizado de conhecimentos a respeito de um objeto em particular ou
evento abstraído de experiência anterior. O armazenamento nesse processo
contará com uma idéia pré-estabelecida de um conjunto de informações que colaboram
na formação de um contexto de absorção mnêmica. Esse tipo de processo poderá
acarretar falhas em toda cadeia perceptiva, afetando a atenção seletiva, o
armazenamento e conseguintemente a recordação do conteúdo, pois a percepção
estaria comprometida pelo conjunto de informação que já se encontrava
organizado a respeito do objeto ou evento absorvido de uma experiência
anterior. Objetos ou eventos não existentes poderiam se fazer presentes por
causa de um contexto pré-estabelecido na cabeça da pessoa. Ou seja, a memória poderia
ser enganada por um cenário representativo que se formou de um determinado
ambiente.
A segunda (Redes Semânticas)
consiste em pontos que representam conceitos interligados. O processo aqui
empregado é o associativo. Uma palavra ou coisa faria o papel de lembrar um
conteúdo mnêmico armazenado. Entretanto para que isso ocorrer é necessário que
essa associação possua pertinência, ou seja, uma aproximação do que está
pretendendo invocar através dos intercâmbios associativos, como por exemplo, a
cor vermelha poderia ser associada ao sangue que circula na veia, e feita essa
associação, o sujeito facilmente lembraria de que havia prometido para si mesmo
que assim que saísse de casa iria doar seu sangue no Hemope.
A terceira (Redes
Conexionistas) são os modelos conexionistas ou de Processamentos Distribuídos
em Paralelo (PDP). Presumem que os processos cognitivos dependem de padrões de
ativação em redes computacionais altamente interconectadas que se parecem com
as redes neurais. Os conteúdos mnêmicos são distribuídos por todo um complexo
de redes de armazenamentos, possuindo um determinado setor para absorver esse
ou aquele conteúdo. Entretanto, como o próprio nome diz, existem as conexões
setoriais que favorecerão o intercâmbio entre eles, auxiliando o estimulo de
invocação de um conteúdo mnêmico que esteja em outro setor ou unidade da rede.
Mas também, em razão disso, os conteúdos específicos de uma unidade só poderão
ser ativados por estímulos específicos que correspondam aos padrões daquela
unidade.
*Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em
intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.
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