Fonte: http://morichesdaily.com/2012/02/kim-jong-assassinated/
* Por Jorge Roberto Fragoso Lins
Nos mais variados períodos
da história o mundo é surpreendido pelo comportamento ensandecido desse ou daquele
ditador que em seu delírio megalomaníaco, consegue ter em seu discurso um dom
que é para poucos, ou seja, o de levar a sua verdade como única e absoluta, o
poder do convencimento e apaixonamento de toda uma população em relação as suas
idéias delirantes. Durante séculos, homens com o dom da palavra vêm dominando
nações, provocando expectativas delirantes ou aterrorizando os poucos que não foram
contaminados com sua loucura, ou seja, que não se renderam a uma psicose
compartilhada. Um desses homens foi Adolf Hitler, que com seu discurso
autoritário, porém extremamente carismático, levou toda uma nação ao fanatismo
nazista.
Conforme um perfil
psicológico realizado pelo psiquiatra Henry Murray, no ano de 1943, da
Universidade de Harvard, a pedido do Escritório de Serviços Estratégicos (OSS),
Instituição que antecedeu a CIA, para ajudar os aliados a entender o caráter de
Hitler, Adolf Hitler era um homem extremamente rancoroso que não tolerava
críticas e que tinha tendência a menosprezar as pessoas e a buscar vingança,
entre outros fatores de sua conturbada personalidade.
Atualmente, o ditador de plantão é o Kim Jong-um da
Coréia do Norte, que vem colocando o mundo em estado de alerta por suas ameaças
de lançar mísseis contra a vizinha Coréia do Sul, Japão e na base norte-americana em Guam. Já se sabe que o
míssel Musudan norte-coreano poderá ser lançado levando uma pequena ogiva
nuclear que tem a capacidade de alcançar o Japão e a base norte-americana. O
terror psicológico do ditador já mobilizou a defesa dos países ameaçados e de
outros que estão ao alcance de seus mísseis.
Toda essa ameaça pode se tratar apenas de um mero blefe, fruto de um delírio passageiro ou não, podendo ser a primeira guerra mais anunciada e
caprichosamente preparada no mundo. Mesmo assim, seria um comportamento
tresloucado que prenunciaria uma forte tendência suicída, a se comparar com o
poderil bélico que juntas as nações envolvidas possuem. Portanto, a história se
repetiria mais uma vez. De um lado, um ditador em surto; do outro, uma
população que compartilha de sua loucura, indivíduos sem singularidade, sem
vontade própria e que só pensa através de seu líder.
Quem já assistiu pela televisão o desfile militar daquele país poderá
compreender facilmente o que estamos dizendo. A pergunta que podemos lançar mão
é: como se chegou a esse ponto, como toda essa população ficou estagnada em seu
pensar, em sua singularidade? O primeiro fator e centralizador de outros é o
longo tempo de opressão sofrido por essas pessoas. Se todas as expectativas,
sonhos e desejos foram retirados desses indivíduos só restou como medida de
gratificação o desejo do Outro, o desejo do ditador, ou melhor dizendo, a
loucura de seu líder. O Estado invadiu tanto as almas desses sujeitos que se
tornou a própria alma deles. Lutar e morrer não é tão diferente de se viver como
se vive, pois esses sujeitos já estão mortos há muito tempo.
* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo e
pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise, graduando do 8º período
de psicologia.
Artigo publicado no Jornal Diario de Pernambuco na edição
de 19/04/2013
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