Fonte: http://cdlsertania.wordpress.com/2011/10/05/consumidor-compulsivo-como-controlar-gastos-por-impulso/
* Por
Jorge Roberto Fragoso Lins
O consumo patológico, uma
das modalidades inseridas nas categorias das adicções, é fruto de uma
fragilidade do sujeito contemporâneo em seu imperativo egóico de defesa e da
perversão econômica que o mesmo se submete, com o objetivo de tamponar suas
angústias, ansiedades, enfim, seu mal-estar. A compreensão equivocada de uma
gratificação emocional proporcionada pelo ato compulsivo leva o indivíduo a
buscar a homeostase de sua tensão psíquica de forma exagerada como o consumo
exacerbado, sem levar em conta o saldo bancário, o de se alimentar
compulsivamente, o jogo, a dependência da internet, a pratica exagerada de
atividades físicas ou a vigorexia, a obsessão pelo corpo esculturalmente
perfeito e tantas outras práticas. Conforme Fromm (1977), essas práticas
poderão ser compreendidas em uma única frase: “eu sou o que tenho e o que
consumo”.
A sensação de satisfação de
ter, mesmo que esta seja passageira, corrobora com o sentimento de consumir
mais ainda. O consumo compulsivo ou patológico leva o indivíduo ao
endividamento e muitas vezes a contrair empréstimos para sanar os gastos. No
entanto, como o consumo é compulsivo, pois o que está em jogo é o mal-estar que
se vive, logo se cai na tentação de novas compras e o endividamento aumenta,
criando, assim, uma bola de neve que cada vez mais só tende a crescer. O
individualismo que reina atualmente leva o sujeito a estar e viver
solitariamente, buscando preencher esse vazio no consumismo e nas mais variadas
dependências.
Conforme Marx, a relação de dominação e exploração existente entre patrão e
empregado é encoberta pelo fetichismo da mercadoria no momento em que ela se
apresenta – aparência – na relação de troca. Desde a época de Marx até os
tempos atuais, o que se observa é que esse fetichismo que adorna as mercadorias
toma uma importância bem maior do que a própria necessidade de se ter o objeto.
O conceito de consumo dado pela economia, restringi-se ao ato de comprar
alguma mercadoria ou bem, visando a satisfação de determinada necessidade ou
demanda. Consumir, contudo, não se resume só a essa concepção, pois atualmente
o que mais se consume é a imagem que poderá ser de algum objeto, um objeto
quase sempre de fetiche, e a imagem do outro, como forma de encontrar o
significado da própria existência. Portanto, quando
uma idéia ou alguma coisa é lançada através da imagem e da publicidade e que
consegue produzir um forte apelo midiático a atingir o imaginário do sujeito,
provocando um efeito que por analogia iremos compará-lo ao da letra quando cola
no corpo – termo psicanalítico –, a imagem oferecida pelo objeto é incorporada
pelo sujeito com o seguinte apelo: “você pode ter” ou então “o que você está
esperando para ter?” Essa imagem pode ser, por exemplo, a de um carro perfeito
para a família com um espaço amplo na mala ou de um carro esportivo admirado
por homens e mulheres, uma jóia, uma viagem ou mesmo um corpo esculturalmente
perfeito.
O esvaziamento
do desejo produz apenas o efeito de significação e mostra o quanto o sujeito
está desamparado de significantes que o nomeie como sujeito desejante,
restando-lhe, apenas, o gozo imaginário que o outro oferece. Na significação, a
imagem ocupa o lugar do ser (que é, de fato, um lugar vazio); do ponto de vista
da constituição subjetiva. Se o ser produz uma ilusão de identidade quando o
sujeito encontra a sua imagem, o ser se ancora na fortaleza narcísica da imagem
do corpo.
* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo e
pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise, graduando do 8º período
de psicologia.
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