Fonte: http://blog.cancaonova.com/diariodeumconsagrado/
Por
Jorge Roberto Fragoso Lins *
A
clínica nos aponta que, quando a sexualidade de um indivíduo encontra-se regida
pela harmonia física e mental, a mesma é considerada como sinônimo de vida
saudável. A isso, vários são os aspectos implicativos que aparecem como
importantes protagonistas de uma sexualidade saudável, tais como os fatores
físicos e genéticos que possibilitem uma vida sexual saudável, uma boa saída do
Édipo, uma identificação sexual sem maiores conflitos ou transtornos e por
último, a cultura, que estabelece um universo de outros fatores. Segundo
Monedero por Dalgalarrondo, a sexualidade não é uma simples tensão orgânica
anônima. Muito pelo contrário, toda a vivência humana está carregada de
intencionalidade, de desejos que buscam a satisfação. A forma específica pela
qual cada um realiza a sua sexualidade é também característica de sua
existência no mundo. O dependente do sexo não consegue sentir prazer com o sexo
de modo natural como numa relação íntima de troca de prazer. Seu modo de se
relacionar é obsessivo e com motivações diferentes as quais podemos citar: a
superação de um mal-estar buscando a diminuição de uma tensão provocada por
algum estresse etc.
Esta dependência faz parte
do espectro das dependências sem drogas, isto é, comportamentos patológicos que
envolvem objetos ou atividades aparentemente inócuas, como comida, o jogo de
azar, o trabalho etc. Apresenta ainda fantasias excitantes recorrentes e
intensas e um forte impulso a se relacionar sexualmente que o impele a se
relacionar sem a devida precaução, tornando o indivíduo vulnerável a doenças
sexualmente transmissíveis. Os comportamentos que um dependente põe em ato
podem ser: masturbações de modo obsessivo, relações sexuais com pessoas
anônimas ou com prostitutas, exibicionismo, voyeurismo, práticas
sadomasoquistas, fantasias sexuais obsessivas, aquisição de material
pornográfico, uso de serviços eróticos pelo telefone, pela internet ou por outro
meio. O sexo se torna uma exigência indispensável, pela qual todo resto pode
ser sacrificado, também a saúde, a família, os amigos e o trabalho.
A dependência pelo sexo
virtual é um dos transtornos mais difundidos entre aqueles que têm alguma
dependência da internet; estimas, de fato, que de cinco internet addicts, um pratique atividades sexuais na Rede.
A
dependência sexual ou vício sexual pode originar-se de experiências traumáticas
na infância, assim como ocorre com o voyeurismo que, segundo Freud (1856-1939),
seria consequência de uma experiência traumática pela qual a criança presenciou
seus pais copulando, pode ainda ocorrer o abuso físico e sexual, o abandono,
uma criação repleta de tabus e preconceitos e os traumas emocionais. A
dependência do sexo virtual gera sérias consequências para o dependente e para
aqueles que o cercam, a isso os mais próximos como os familiares e
particularmente, o cônjuge ou a cônjuge. Geralmente a relação de casal é a área
mais comprometida, por causa de discussões, distanciamento afetivo, tensões e
sentimento de abandono pelo cônjuge não-dependente até chegar, às vezes, ao
divórcio. A companheira de um dependente de cybersex se acha numa situação emotiva
muito ruinosa. Sente-se ferida, traída, sem confiança, suspeitosa, temerosa e
profundamente deprimida.
O dependente pode chegar a um determinado grau de
comprometimento que o mesmo passa a não ter cuidados em ser flagrado acessando
o cybersexo ou mesmo se masturbando, sendo muitas vezes flagrados pelos
próprios filhos em pleno ato, ou então, acontecendo o esquecimento de algum
tipo de material pornográfico próximo ao computador.
* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo e pós-graduado
em intervenções clínicas em psicanálise, graduando do 8º período de psicologia.
Artigo publicado no Jornal Diario de Pernambuco na edição
de 07/03/2013
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