quinta-feira, 27 de junho de 2013

DEPENDÊNCIA PELO SEXO VIRTUAL


Fonte: http://blog.cancaonova.com/diariodeumconsagrado/

Por Jorge Roberto Fragoso Lins *

            A clínica nos aponta que, quando a sexualidade de um indivíduo encontra-se regida pela harmonia física e mental, a mesma é considerada como sinônimo de vida saudável. A isso, vários são os aspectos implicativos que aparecem como importantes protagonistas de uma sexualidade saudável, tais como os fatores físicos e genéticos que possibilitem uma vida sexual saudável, uma boa saída do Édipo, uma identificação sexual sem maiores conflitos ou transtornos e por último, a cultura, que estabelece um universo de outros fatores. Segundo Monedero por Dalgalarrondo, a sexualidade não é uma simples tensão orgânica anônima. Muito pelo contrário, toda a vivência humana está carregada de intencionalidade, de desejos que buscam a satisfação. A forma específica pela qual cada um realiza a sua sexualidade é também característica de sua existência no mundo. O dependente do sexo não consegue sentir prazer com o sexo de modo natural como numa relação íntima de troca de prazer. Seu modo de se relacionar é obsessivo e com motivações diferentes as quais podemos citar: a superação de um mal-estar buscando a diminuição de uma tensão provocada por algum estresse etc.

Esta dependência faz parte do espectro das dependências sem drogas, isto é, comportamentos patológicos que envolvem objetos ou atividades aparentemente inócuas, como comida, o jogo de azar, o trabalho etc. Apresenta ainda fantasias excitantes recorrentes e intensas e um forte impulso a se relacionar sexualmente que o impele a se relacionar sem a devida precaução, tornando o indivíduo vulnerável a doenças sexualmente transmissíveis. Os comportamentos que um dependente põe em ato podem ser: masturbações de modo obsessivo, relações sexuais com pessoas anônimas ou com prostitutas, exibicionismo, voyeurismo, práticas sadomasoquistas, fantasias sexuais obsessivas, aquisição de material pornográfico, uso de serviços eróticos pelo telefone, pela internet ou por outro meio. O sexo se torna uma exigência indispensável, pela qual todo resto pode ser sacrificado, também a saúde, a família, os amigos e o trabalho.       
  
A dependência pelo sexo virtual é um dos transtornos mais difundidos entre aqueles que têm alguma dependência da internet; estimas, de fato, que de cinco internet addicts, um pratique atividades sexuais na Rede.

            A dependência sexual ou vício sexual pode originar-se de experiências traumáticas na infância, assim como ocorre com o voyeurismo que, segundo Freud (1856-1939), seria consequência de uma experiência traumática pela qual a criança presenciou seus pais copulando, pode ainda ocorrer o abuso físico e sexual, o abandono, uma criação repleta de tabus e preconceitos e os traumas emocionais. A dependência do sexo virtual gera sérias consequências para o dependente e para aqueles que o cercam, a isso os mais próximos como os familiares e particularmente, o cônjuge ou a cônjuge. Geralmente a relação de casal é a área mais comprometida, por causa de discussões, distanciamento afetivo, tensões e sentimento de abandono pelo cônjuge não-dependente até chegar, às vezes, ao divórcio. A companheira de um dependente de cybersex se acha numa situação emotiva muito ruinosa. Sente-se ferida, traída, sem confiança, suspeitosa, temerosa e profundamente deprimida.

O dependente pode chegar a um determinado grau de comprometimento que o mesmo passa a não ter cuidados em ser flagrado acessando o cybersexo ou mesmo se masturbando, sendo muitas vezes flagrados pelos próprios filhos em pleno ato, ou então, acontecendo o esquecimento de algum tipo de material pornográfico próximo ao computador.

* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo e pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise, graduando do 8º período de psicologia.

Artigo publicado no Jornal Diario de Pernambuco na edição de 07/03/2013  




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